TRIPOLARIDADE TRICOLOR: A FRANÇA DE EMMANUEL MACRON ENTRE EXTREMOS

Resumo

Em 24 de Abril de 2022, Emmanuel Macron se reelegeu para a Presidência da República Francesa. Sua vitória sobre Marine Le Pen, entretanto, se provou menor do que a obtida em 2017. A reeleição de Macron e a vitória do partido “France En Marche” indicam uma mudança significativa nos padrões de relacionamento entre o eleitorado e o sistema partidário. O desgaste de partidos tradicionais e a fragmentação do sistema político se acentuaram, levando ao fim da bipolaridade que marcou a 5ª República na França – com o declínio simultâneo de gaullistas e socialistas. Uma nova configuração tripolar contrapõe novos liberais, antigos fascistas e a esquerda radicalizada. A desilusão do eleitorado com as políticas públicas de Macron e o desgaste da persona presidencial no plano externo durante a pandemia coincidiram com o crescimento da extrema-direita e sua normalização com Le Pen. A situação se refletiu no aumento dos índices de abstenção na eleição. A segunda vitória de Macron não traz uma repetição do cenário de 2017. Os traços da crise em curso nas democracias liberais – que têm crescentes dificuldades para produzir liberdade e prosperidade, igualdade e dignidade num mundo em transformação – seguem agravados, mais nítidos.