DIMENSÕES DA SUSTENTABILIDADE: O CASO DE UMA FUNDAÇÃO CRIADA PARA REPARO DA MAIOR TRAGÉDIA AMBIENTAL DO BRASIL

Resumo

Os desafios contemporâneos ressaltam a importância de as organizações desenvolverem competências estratégicas para lidarem com as constantes mudanças organizacionais, sobretudo em setores marcados por acirrada competitividade. Neste contexto, a sustentabilidade emerge como um vetor delineado por um conceito imperativo às organizações, na atualidade, visando equilibrar interesses econômicos, ambientais e sociais. Esta pesquisa foi desenvolvida com o objetivo de compreender como as dimensões da sustentabilidade se alinham à gestão de projetos, segundo a percepção dos gestores, em uma fundação criada para reparo de uma tragédia ambiental no Brasil. O evento que culminou na criação da fundação investigada foi o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), ocorrido em 2015. Para tal, optou-se pelo desenvolvimento de uma pesquisa qualitativa, com fins descritivos, por meio do método de Estudo de Caso. Com relação aos procedimentos metodológicos, optou-se por realizar levantamento bibliográfico e documental, e pela realização de entrevistas, com os gestores da fundação. A partir dos achados da pesquisa, foi possível perceber que na fundação criada para reparo de uma tragédia ambiental os gestores consideram as dimensões da sustentabilidade de maneira bastante singular, em relação à gestão de projetos, tendo em vista a natureza das atividades empreendidas pela fundação de reparo à tragédia ambiental. A dimensão social foi ressaltada, em especial, devido às exigências do poder judiciário sobre a participação dos atingidos no processo de tomada de decisões, garantindo as representatividades locais desde a fase de planejamento das ações. Além disso, a diversidade de mecanismos de controle foi outro destaque dos entrevistados, mediante a necessidade de oportunizar aos stakeholders o acesso à informação, com transparência e ética, relacionada à gestão dos projetos e ao uso racional dos recursos. Assim, o aspecto econômico foi considerado não apenas em termos de indenizações aos afetados, mas também em termos de melhorias socioeconômicas mais amplas, como o fortalecimento da economia local e ações para a geração de empregos e renda e a promoção da sustentabilidade após o encerramento dos trabalhos de recuperação.