ACOMPANHAMENTO DAS SEQUELAS PÓS-COVID-19 NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: UMA REVISÃO DE ESCOPO

Contenido principal del artículo

Karla Karolline Barreto Cardins
Vinícius Rodrigues de Oliveira
Ísis de Siqueira Silva
Túlio César Vieira de Araújo
Cláudia Helena Soares de Morais Freitas

Resumen

As sequelas pós-COVID-19 abrangem sinais, sintomas e/ou condições que persistem ou surgem após quatro semanas da infecção pelo vírus SARS-CoV-2 e a Atenção Primária à Saúde (APS) possui um papel fundamental na condução de uma abordagem cuidadosa às sequelas físicas e psicossociais que persistem em indivíduos que sobreviveram à doença, contribuindo para o controle e mitigação dos danos decorrentes da pandemia. Esta pesquisa tem como objetivo identificar e mapear o processo assistencial de monitoramento e acompanhamento multiprofissional das sequelas pós-COVID-19 no âmbito da APS mundial. Trata-se de uma revisão de escopo, seguindo as recomendações metodológicas do Joanna Briggs Institute (JBI), com foco em entender como ocorre o cuidado às pessoas com sequelas pós-COVID-19 na APS. A pesquisa nas bases de dados ocorreu durante os meses de julho e agosto de 2023 sendo incluídos na análise artigos de pesquisa, teses, dissertações e documentos oficiais. Foram selecionados 08 estudos para análise. As publicações ocorreram nos anos de 2021 (25%), 2022 (37,5%) e 2023 (37,5%), com uma predominância de estudos dos Estados Unidos (25%), embora outros países como Canadá, Chile, Alemanha, Brasil, Espanha e Reino Unido também tenham sido representados. Quanto ao nível de evidência, a maioria dos estudos (50%) foi classificada como nível 3 (estudo qualitativo único). Dentre as complicações mais graves relatadas nos estudos, encontra-se a Síndrome de Dificuldade Respiratória Aguda, hipóxia, arritmias cardíacas, miocardite, embolia pulmonar, problemas neurológicos, hepáticos e renais. Além disso, sintomas mais comuns como fadiga, dispneia, desconforto torácico e problemas psicológicos como ansiedade e depressão evidenciam os efeitos sistêmicos prolongados do vírus. Identificou-se que, na APS, a gestão das sequelas pós-COVID-19 requer uma expansão das equipes de saúde e o reforço no suporte psicológico. É essencial uma identificação e classificação contínuas dos sintomas para um encaminhamento eficaz, visando um cuidado integrado e persistente. Desafios como atrasos no atendimento, problemas de comunicação e subnotificação de sintomas apontam para a necessidade de uma abordagem mais holística e multidisciplinar. Esta deve incluir capacitação profissional aprimorada e fortalecimento dos serviços de APS para mitigar os efeitos tardio da COVID-19. Por fim, esta revisão sublinha a complexidade das sequelas pós-COVID-19 e o papel vital da APS na sua gestão, exigindo uma abordagem multidisciplinar e centrada no paciente. A eficácia da APS depende da disponibilidade de recursos, uma equipe bem capacitada, e uma coordenação eficaz com outros níveis de cuidado. Enfatiza-se a necessidade de adaptações contextuais nos serviços de APS e a colaboração entre sistemas de saúde para melhorar a acessibilidade e os resultados da reabilitação pós-COVID, destacando os desafios e as demandas crescentes enfrentadas pelos profissionais de saúde.

Detalles del artículo

Cómo citar
CARDINS, K. K. B.; OLIVEIRA , V. R. de .; SILVA , Ísis de S.; ARAÚJO, T. C. V. de; FREITAS , C. H. S. de M. . ACOMPANHAMENTO DAS SEQUELAS PÓS-COVID-19 NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: UMA REVISÃO DE ESCOPO. Boletín de Coyuntura (BOCA), Boa Vista, v. 18, n. 52, p. 212–230, 2024. DOI: 10.5281/zenodo.11078749. Disponível em: https://revista.ioles.com.br/boca/index.php/revista/article/view/4005. Acesso em: 27 jul. 2024.
Sección
Artículos

Citas

ABRASCO - Associação Brasileira de Saúde Coletiva. APS no enfrentamento da Covid-19: no território ou no consultório? Rio de Janeiro: ABRASCO, 2021.

ALMEIDA, P. F. et al. “Trajetórias Assistenciais de Usuários Com COVID-19: das Medidas Preventivas à Reabilitação”. Cadernos de Saúde Pública, vol. 39, n. 2, 2023.

BACHMEIER, B. E. et al. “How do german general practitioners manage Long-/Post-COVID? A Qualitative Study in Primary Care”. Viruses, vol. 15, n. 4, 2023.

BAZ, S. A. et al. “I don’t know what to do or where to go”. experiences of accessing healthcare support from the perspectives of people living with long covid and healthcare professionals: A qualitative study in Bradford, UK”. Health Expectations, vol. 26, n. 1, 2023.

BRASIL. Nota técnica n. 57/2023 – DGIP/SE/MS. Brasília: Ministério Saúde, 2023. Disponível em: . Acesso em: 12/04/2024.

CARDINS, K. K. B. et al. “Care of People with Post-COVID-19 sequelae in the scope of primary health care: scoping review protocol”. International Journal of Environmental Research and Public Health, vol. 19, n. 21, 2022.

CASTANHEIRA, E. R. L. et al. “Primary health care organization in municipalities of São Paulo, Brazil: a model of care aligned with the Brazilian Unified National Health System’s guidelines”. Cadernos de Saúde Pública, vol. 40, n. 2, 2024.

DAUMAS, R. P. et al. “O papel da atenção primária na rede de atenção à saúde no Brasil: limites e possibilidades no enfrentamento da COVID-19”. Cadernos de Saúde Pública, vol. 36, n. 6, 2020.

DAVIS, H. E. et al. “Long COVID: major findings, mechanisms and recommendations”. Nature Reviews Microbiology, vol. 21, 2023.

DONABEDIAN, A. “The quality of care. How can it be assessed?” Jama: The Journal of the American Medical Association, vol. 260, n. 12, 1988.

ENGSTROM, E. et al. Recomendações para a organização da Atenção Primária à Saúde no SUS no enfrentamento da Covid-19. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2020.

ESTEVÃO, A. “COVID -19”. Acta Radiológica Portuguesa, vol. 32, n. 1, 2020.

FACCHINI, L. A. et al. “Qualidade da Atenção Primária à Saúde no Brasil: avanços, desafios e perspectivas”. Saúde em Debate, vol. 42, 2018.

FELISBINO, J. et al. “Potências-limites na reabilitação de pessoas com sequela pós-covid-19 no quotidiano da atenção primária à saúde”. Revista Interfaces: Saúde, Humanas e Tecnologia, vol. 11, n. 2, 2023.

GIOVANELLA, L. et al. “Desafios da atenção básica no enfrentamento da pandemia de covid-19 no SUS”. In: PORTELA, M. C. et al. (eds.). Covid-19: desafios para a organização e repercussões nos sistemas e serviços de saúde. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2022.

GODIN, K. et al. “Applying systematic review search methods to the grey literature: a case study examining guidelines for school-based breakfast programs in Canada”. Systematic Reviews, vol. 4, 2015.

HUANG, L. et al. “1-Year Outcomes in Hospital Survivors with COVID-19: A Longitudinal Cohort Study”. The Lancet, vol. 398, n. 10302, 2021.

JBI - Joanna Briggs Institute. “Joanna Levels of Evidence”. JBI [2013]. Disponível em: . Acesso em: 10/04/2024.

KHALIL-KHAN, A.; KHAN, M. A. B. “The impact of COVID-19 on primary care: a scoping review”. Cureus, vol. 15, n. 1, 2023.

LIST, J. M.; LONG, T. G. “Community-Based Primary Care Management of “Long COVID”: A Center of Excellence Model at NYC Health+ Hospitals”. The American Journal of Medicine, vol. 134, n. 10, 2021.

MANHAS, K. P. et al. “Development of a Novel Care Rehabilitation Pathway for Post-COVID Conditions (Long COVID) in a Provincial Health System in Alberta, Canada”. Physical Therapy, vol. 102, n. 9, 2022.

MEDINA, M. G. et al. “Primary healthcare in times of COVID-19: what to do?” Cadernos de Saúde Pública, vol. 36, n. 8, 2020.

MONTENEGRO, P. et al. “Prevalence of Post COVID-19 Condition in Primary Care: A Cross Sectional Study”. International Journal of Environmental Research and Public Health, vol. 19, n. 3, 2022.

NASCIMENTO, M. L. et al. “Análise da gestão da qualidade para a melhoria do acesso à Atenção Primária à Saúde”. Revista de Casos e Consultoria, vol. 14, n. 1, 2023.

NOGUEIRA, J. V. D.; SILVA, C. M. “Conhecendo a origem do SARS-CoV-2 (COVID-19)”. Revista Saúde e Meio Ambiente, vol. 11, n. 2, 2020.

OMS - Organización Mundial de la Saúde. “Más información sobre la pandemia de COVID-19: Coronavirus”. ONU [2020]. Disponível em: . Acesso em: 12/04/2024.

OPAS - Organização Pan-Americana da Saúde. Pós-COVID na Atenção Primária à Saúde e Ambulatorial Especializada: Reunindo evidências para o Sistema Único de Saúde e à Plataforma Clínica Global da OMS. Brasília: OPAS, 2024.

OSTOLIN, T. L. V. P. et al. “Mapa de evidências sobre sequelas e reabilitação da COVID-19 pós-aguda: uma versão atualizada em julho de 2022”. Revista Panamericana de Salud Pública, vol. 47, n. 3, 2023.

OUZZANI, M. et al. “Rayyan-a Web and Mobile App for Systematic Reviews”. Systematic Reviews, vol. 5, 2016.

PAHO - Pan American Health Organization. Framework for the Response of Integrated Health Service Delivery Networks to COVID-19. Washington: PAHO, 2020b. Disponível em: . Acesso em: 10/04/2024.

PAHO - Pan American Health Organization. Rehabilitation considerations during the COVID-19 outbreak. Washington: PAHO, 2020a. Disponível em: . Acesso em: 10/04/2024.

PETERMANN, X. B.; BUSATO, I. M. S. “Atributos da Atenção Básica no atendimento de usuários pós COVID-19: perspectiva dos profissionais de saúde”. Revista de Saúde Pública do Paraná, vol. 5, n. 3, 2022.

PETERS, M. D. J. et al. “Chapter 11: Scoping Reviews (2020 version)”. In: AROMATARIS, E.; MUNN, Z. (eds.). JBI Manual for evidence synthesis. Adelaide: JBI, 2020.

POLLOCK, D. et al. “Recommendations for the extraction, analysis, and presentation of results in scoping reviews”. JBI Evidence Synthesis, vol. 21, n. 3, 2023.

REZAPOUR, R. et al. “The impact of the Covid-19 pandemic on primary health care utilization: an experience from Iran”. BMC Health Services Research, vol. 22, n. 1, 2022.

SALAWU, A. et al. “A Proposal for Multidisciplinary Tele-Rehabilitation in the Assessment and Rehabilitation of COVID-19 Survivors”. International Journal of Environmental Research and Public Health, vol. 17, n. 13, 2020.

SINGHAL, T. “A review of coronavirus disease-2019 (COVID-19)”. Indian Pediatric Society, vol. 87, n. 4, 2020.

SOARES, C. S. A.; FONSECA, C. L. R. “Atenção primária à saúde em tempos de pandemia”. Journal of Management and Primary Health Care, vol. 12, 2020.

SOARES, T. C.; CUNHA, L. B. “Eficiência técnica da Atenção Primária à Saúde (APS) nos municípios de Minas Gerais (2015-2019)”. Revista Economia e Ensaios, vol. 38, n. 2, 2023.

STARFIELD, B. Atenção primária: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e tecnologia. Brasília: Unesco, 2002.

TERLIZZI, K.; KUTSCHER, E.; YONCHEVA, Y. “Monitoring New Symptoms after COVID-19 Infection among Primary Care Patients in New York City”. The Journal of the American Board of Family Medicine, vol. 34, n. 5, 2021.

TORRES-CASTRO, R. et al. “How a Developing Country Faces COVID-19 Rehabilitation: The Chilean Experience”. Frontiers in Public Health, vol. 10, 2022.

TRICCO, A.C. et al. “PRISMA Extension for Scoping Reviews (PRISMA-ScR): Checklist and Explanation”. Annals of internal medicine, vol. 169, n. 7, 2018.

TRT - Rádio e Televisão da Turquia. “Coronavírus última situação (COVID-19): Dados mais recentes sobre coronavírus, estatísticas, casos e taxas de mortalidade no mundo”. TRT [2024]. Disponível em: . Acesso em: 10/04/2024.

WHO - World Health Organization. WHO COVID-19 Dashboard. Geneva: WHO, 2024.

XAVIER, P. B. et al. “Impactos da covid-19 no trabalho colaborativo na atenção primária à saúde”. Boletim de Conjuntura (BOCA), vol. 15, n. 44, 2023.

Artículos más leídos del mismo autor/a