CONTROLE, SUBJUGAÇÃO E PRODUÇÃO MORTÍFERA: UMA ANÁLISE SOBRE O PROJETO DE EMANCIPAÇÃO RACIONAL, DA MODERNIDADE À PANDEMIA DA COVID-19
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Resumo
Este ensaio tem como objetivo refletir alguns pontos considerados relevantes para a compreensão da “racionalidade” humana. Da racionalidade se produziu tecnologias da modernidade que se infiltra no seio social como algo que, até então, sinalizou “progresso”. Mas, as conquistas tecnológicas na marcha acelerada ao progresso da ciência também produziram graves consequências que se voltaram contra o próprio homem, uma vez que passa a ser subjugado, controlado e dominado pelas próprias criações. O texto traz como estudo um tipo de dominação contemporânea sobre o homem: produção mortífera acerca da estratégia aplicada na política de saúde durante a fase pandêmica da Covid-19, de decidir a vida e a morte de alguns. A conclusão a que se chega é que a população é dominada pela sofisticação tecnológica, e no momento de gerenciar medidas racionais contra a Covid-19 foram adotadas de maneira desigual, desfavorecendo grupos socioeconomicamente vulneráveis, sem levar em conta as necessidades específicas desta população. Houve falta de atendimento a esta população mais vulnerável aos serviços básicos, bem como a falta de produção e divulgação de dados com relação a este descaso, o que só contribuiu ainda mais para acentuar as desigualdades raciais no país, certamente é a estratégia de se cumprir a aplicação da morte para estes corpos. O ensaio se desenvolveu com o olhar apoiado às teorias da filosofia e das ciências sociais para tentar compreender e refletir sobre o projeto de racionalidade humana, como também se utilizou do levantamento de textos publicados em revistas científicas e noticiários, predominantemente de natureza qualitativa, para se fundamentar sobre o cenário pandêmico da Covid-19.
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