SISTEMAS PARTICIPATIVOS DE CERTIFICAÇÃO: INOVAÇÃO SOCIAL, ECOINOVAÇÃO OU DESTERRITORIALIZAÇÃO?

##plugins.themes.bootstrap3.article.main##

Telma Regina Stroparo
Nicolas Floriani

Resumo

Com o objetivo de discutir os Sistemas Participativos de Certificação (SPC) como fator de inovação social e ecoinovação, entendendo as limitações burocráticas e propondo processos alternativos de certificação, cujas tessituras operam em relações que dizem respeito às territorialidades, saberes e práticas em jogo na configuração de discursos, o ensaio apresenta uma análise da estrutura de governança territorial, no contexto das certificações agroecológicas, notadamente no que tange à participação efetiva dos agricultores no processo de controle social. Dentro do bojo de discussões, temas como agroecologia, redes, organização social, governança territorial e certificações agroecológicas articulam-se promovendo a salvaguarda do patrimônio biocultural e, ao mesmo tempo, como um instrumento de inovação social e ecoinovação. A contemporaneidade do assunto advém do controle social como processo político e coletivo, que respeita as territorialidades e, concomitantemente, num círculo virtuoso, propicia a garantia necessária para corroborar a legalidade, rastreabilidade e transparência dos produtos ofertados e certificados como sendo, de fato, originários em base agroecológica.

##plugins.themes.bootstrap3.article.details##

Como Citar
STROPARO, T. R.; FLORIANI, N. SISTEMAS PARTICIPATIVOS DE CERTIFICAÇÃO: INOVAÇÃO SOCIAL, ECOINOVAÇÃO OU DESTERRITORIALIZAÇÃO?. Boletim de Conjuntura (BOCA), Boa Vista, v. 13, n. 38, p. 325–341, 2023. DOI: 10.5281/zenodo.7859564. Disponível em: https://revista.ioles.com.br/boca/index.php/revista/article/view/856. Acesso em: 2 maio. 2024.
Seção
Ensaios

Referências

ALTIERI, M. A. “Agroecologia, agricultura camponesa e soberania alimentar”. Revista Nera, vol. n. 16, 2012.

ALTIERI, M. A. “Agroecology: A new research and development paradigm for world agriculture”. Agriculture, Ecosystems and Environment, vol. 27, n. 1, 1989.

ALTIERI, M. A. “Agroecology: the science of natural resource management for poor farmers in marginal environments”. Agriculture, Ecosystems and Environment, vol. 93, n. 1, 2002.

ALTIERI, M. A. “Applying agroecology to enhance the productivity of peasant farming systems in Latin America”. Environment, Development and Sustainability, vol. 1, n. 3, 1999b.

ALTIERI, M. A. “The ecological role of biodiversity in agroecosystems”. In: HARDCOVER, M. P. (ed.). Invertebrate biodiversity as bioindicators of sustainable landscapes. New York: Elsevier, 1999a.

ALTIERI, M. A. et al. “Documentando la evidencia en agroecología: Una perspectiva latino-americana”. Boletín Científico, vol. 5, 2021.

ALTIERI, M. A.; NICHOLLS, C. I. “Agroecology and the reconstruction of a post-COVID-19 agriculture”. The Journal of Peasant Studies, vol. 47, 2020.

ALTIERI, M. A.; TOLEDO, V. M. “The agroecological revolution in Latin America: rescuing nature, ensuring food sovereignty and empowering peasants”. The Journal of Peasant Studies, vol. 38, n. 3, 2011.

BECKER, C. et al. “Processo de regularização da produção orgânica pelos agricultores familiares: um estudo de caso sobre o OCS–Santana do Livramento, RS”. Navus: Revista de Gestão e Tecnologia, n. 10, 2020.

BERTHET, E. T. A. et al. “How to foster agroecological innovations? A comparison of participatory design methods”. Journal of Environmental Planning and Management, vol. 59, n. 2, 2016.

BIGNETTI, L. P. “As inovações sociais: uma incursão por ideias, tendências e focos de pesquisa”. Ciências Sociais Unisinos, vol. 47, n. 1, 2011.

BORSATTO, R. S. et al. “Desafios dos mercados institucionais para promover a transição agroecológica”. Raízes: Revista de Ciências Sociais e Econômicas, vol. 39, n. 1, 2019.

BRASIL. Decreto n. 6.323, de 27 de dezembro de 2007. Brasília: Planalto, 2007. Disponível em: . Acesso em: 23/01/2023.

BRASIL. Lei n. 10.831, de 23 de dezembro de 2003. Brasília: Planalto, 2003. Disponível em: . Acesso em: 23/01/2023.

BRASIL. Instrução Normativa n. 19, de 28 de maio de 2009. Brasília: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 2009. Disponível em: . Acesso em: 23/01/2023.

BRASIL. Instrução Normativa n. 52, de 15 de março de 2021. Brasília: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 2021. Disponível em: . Acesso em: 23/01/2023.

CAPORAL, F. R.; COSTABEBER, J. A. “Análise multidimensional da sustentabilidade”. Agroecología e Desenvolvimento Rural Sustentavel, vol. 3, n. 3, 2002.

DOSI, G. et al. Technical change and economic theory. Pisa: Sant'Anna School of Advanced Studies, 1988.

EL BILALI, H. “Innovation-Sustainability Nexus in Agriculture Transition: Case of Agroecology”. Open Agriculture, vol. 4, n. 1, 2019.

FLORIANI, N. et al. “Software: Sistema Eletrônico de Certificação Agroecológica Participativa do NEA Territórios Tradicionais e Faxinalenses”. Agroecologia em Rede [2022b]. Disponível em: . Acesso em: 23/01/2023.

FLORIANI, N. et al. “Territorializações agroecológicas: saberes, práticas e políticas de natureza em comunidades rurais tradicionais do Paraná”. Estudos Sociedade e Agricultura, vol. 30, n. 1, 2022.

FLORIANI, N; FLORIANI, D. “Saber Ambiental Complexo: aportes cognitivos ao pensamento agroecológico”. Revista Brasileira de Agroecologia, vol. 5, n. 1, 2010

GIRALDO, O. F.; ROSSET, P. M. “Agroecology as a territory in dispute: Between institutionality and social movements”. The Journal of Peasant Studies, vol. 45, n. 3, 2018.

GLIESSMAN, S. “The International Year of Family Farming”. Agroecology and Sustainable Food Systems, vol. 38, n. 5, 2014.

GLIESSMAN, S. R. Agroecosystem sustainability: developing practical strategies. Florida: CRC Press, 2000.

GLIESSMAN, S. R.; Agroecologia: Processos ecológicos em agricultura sustentável. Porto Alegre: Editora Artmed, 2005.

HOME, R. et al. “Participatory guarantee systems: Organic certification to empower farmers and strengthen communities”. Agroecology and Sustainable Food Systems, vol. 41, n. 5, 2017.

IYABANO, A. et al. “Farmers Organizations as innovation intermediaries for agroecological innovations in Burkina Faso”. International Journal of Agricultural Sustainability, vol. 20, 2021.

KOELLER, P. et al. Ecoinovação: revisitando o conceito. Brasília: IPEA, 2020.

LEFF, E. Epistemologia Ambiental. São Paulo: Editora Cortez, 2002

MAÇANEIRO, M. B.; CUNHA, S. K. “Relações entre fatores contextuais internos às organizações e a adoção de estratégias proativas e reativas de ecoinovações”. Revista de Administração Mackenzie, vol. 16, 2015.

MIGLIORINI, P.; WEZEL, A. “Converging and diverging principles and practices of organic agriculture regulations and agroecology”. A Review: Agronomy for Sustainable Development, vol. 37, n. 6, 2017.

NEA. “Núcleo de Estudos e Capacitação Sociotécnica em Agroecologia nos Territórios Faxinalenses”. Agroecologia em Rede [2022]. Disponível em: . Acesso em: 23/01/2023.

PEÑA-TORRES, J. A.; REINA-ROZO, J. D. “Agroecology and communal innovation: LabCampesino, a pedagogical experience from the rural youth in Sumapaz Colombia”. Current Research in Environmental Sustainability, vol. 4, 2022.

PINSKY, V. C. et al. “Inovação sustentável: uma perspectiva comparada da literatura internacional e nacional”. Revista de Administração e Inovação, vol. 12, n. 3, 2015.

PIRAUX, M. et al. “Transição agroecológica e inovação socioterritorial”. Estudos Sociedade e Agricultura, vol. 20, n. 1, 2012.

PORDEUS, A. O.; STROPARO, T. R. “Significações da implantação de ações ecoinovadoras em empresas do ramo madeireiro da região Sul do Estado do Paraná”. Entrepreneurship, vol. 5, n. 2, 2021.

PRZYBYCZEWSKI, D.; STROPARO, T. R. “Não conformidades logísticas tratadas sob a égide da Teoria Evolucionária”. Research, Society and Development, vol. 10, n. 16, 2021.

RADOMSKY, G. F. W. “Práticas de certificação participativa na agricultura ecológica: rede, selos e processos de inovação”. Revista IDeAS, vol. 3, n. 1, 2009.

ROVER, O. J. et al. “Social innovation and sustainable rural development: The case of a Brazilian agroecology network”. Sustainability, vol. 9, n. 1, 2016.

SACCHI, G. “Social innovation matters: The adoption of participatory guarantee systems within Italian alternative agri‐food networks”. Strategic Change, vol. 28, n. 4, 2019.

SCHIEDERIG, T. et al. “Green innovation in technology and innovation management–an exploratory literature review”. R&D Management, vol. 42, n. 2, 2012.

SILVA, N.; ISSBERNER, L. R.; BRAGA, T. “Potential of eco-innovation in agroecology”. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional, vol. 17, n. 3, 2021

STROPARO, T. R. “Slow Food e organização social como promotores de desenvolvimento em tempos de pandemia”. Boletim de Conjuntura, vol. 7, n. 20, 2021.

STROPARO, T. R.; FLORIANI, N. “Certificações Agroecológicas e Canais de Comercialização: um olhar sob à egide da ecoinovação”. Anais do IV Simpósio Latino-Americano de Ciência, Tecnologia e Inovação em Agropecuária. Seropédica: UFRRJ, 2022.

VAN DE PLOEG, J. D. et al. “The economic potential of agroecology: Empirical evidence from Europe”. Journal of Rural Studies, vol. 71, 2019.

VAN DER PLOEG, J. D. Camponeses e Impérios Alimentares: lutas por autonomia e sustentabilidade na era da globalicação. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2008.

WEZEL, A. et al. “Agroecology as a science, a movement and a practice”. A Review: Agronomy for Sustainable Development, vol. 29, 2009.