NOMOFOBIA E EDUCAÇÃO: UMA ANÁLISE A PARTIR DE CARACTERÍSTICAS DA PERSONALIDADE DE ESTUDANTES

##plugins.themes.bootstrap3.article.main##

William Ribeiro da Silva Nascimento
João Gabriel Modesto
Sônia Bessa

Resumo

O aumento do uso da tecnologia tem diferentes impactos, como a nomofobia, um tipo de fobia associada à tecnologia. Apesar de ser um fenômeno prevalente, inclusive no campo da educação, sua incidência pode variar em função de características de personalidade do indivíduo. O presente estudo buscou analisar o papel moderador dos traços de personalidade de alunos universitários na relação entre nomofobia e intensidade do uso da tecnologia, a partir da Teoria dos Cinco Grandes Fatores da Personalidade. Participaram deste estudo correlacional online 75 acadêmicos, que responderam à Escala Psicométrica para Identificar Níveis de Intoxicação e Nomofobia (Epinin) (α = 0,916), a Escala Reduzida de Cinco Dimensões da Personalidade (Abertura α = 0,727, Generosidade α = 0,859, Conscienciosidade α = 0,801, Extroversão α = 0,874 e Neuroticismo α = 0,838) e uma medida de intensidade de uso de tecnologia. Por meio de estatística descritiva, verificou-se um percentual elevado de estudantes classificados como nomofóbicos. Além disso, por meio de Testes de Correlação de Pearson, chama a atenção que as dimensões da personalidade se relacionaram com usos diferentes da tecnologia, embora apenas o neuroticismo tenha tido relação significativa com a nomofobia.  Sobre a moderação, por meio de modelos de regressão linear, verificou-se que o neuroticismo intensificou a relação entre nomofobia e a intensidade de uso para redes sociais, bem como uso de aplicativos para serviços diversos. Conclui-se que, apesar de a nomofobia ser prevalente, existem características individuais (i.e., personalidade) que contribuem com sua compreensão. Ou seja, isso indica que os impactos do uso da tecnologia tendem a variar em função de fatores intraindividuais.

##plugins.themes.bootstrap3.article.details##

Como Citar
NASCIMENTO, W. R. da S.; MODESTO, J. G.; BESSA, S. NOMOFOBIA E EDUCAÇÃO: UMA ANÁLISE A PARTIR DE CARACTERÍSTICAS DA PERSONALIDADE DE ESTUDANTES. Boletim de Conjuntura (BOCA), Boa Vista, v. 22, n. 65, p. 158–176, 2025. DOI: 10.5281/zenodo.15485551. Disponível em: https://revista.ioles.com.br/boca/index.php/revista/article/view/6675. Acesso em: 19 jun. 2025.
Seção
Ensaios

Referências

ALMEIDA, A. L. C. et al. Perfil de nomofobia entre acadêmicos de medicina de Anápolis, Goiás (Trabalho de conclusão de curso em Medicina). Anápolis: Universidade Evangélica de Goiás, 2021.

BARON, R. M.; KENNY, D. A. “The moderator–mediator variable distinction in social psychological research: Conceptual, strategic, and statistical considerations”. Journal of Personality and Social Psychology, vol. 51, n. 6, 1986.

BAYIROĞLU, G. B.; DALBUDAK, İ.; PEPE, O. “Nomofobia e traços de personalidade: Análise da relação entre estudantes do ensino médio”. Conhecimento e Diversidade, vol. 17, n. 45, 2025.

BERGNER, R. M. “What is personality? Two myths and a definition”. New Ideas in Psychology, vol. 57, 2020.

BHAYANGKARA, N.; LERIK, M.; BENU, J. “Smartphone addiction reviewed from Big Five personality in college students”. Journal of Health and Behavioral Science, vol. 6, n. 4, 2024.

BRANDSTÄTTER, H. “Personality aspects of entrepreneurship: A look at fivemeta-analyses”. Personality and Individual Differences, vol. 51, n. 3, 2010.

COSTA, P. T.; MCCRAE, R. R. Revised NEO personality inventory (NEOPI-R) and NEO five-factor inventory (NEO-FFI) professional manual. Odessa: Psychological Assessment Resources, 1992.

CUNHA, L. R. L. et al. “Medo da COVID-19 e sofrimento psicológico: o efeito mediador da ‘infoxicação’ durante a pandemia”. Suma Psicológica, vol. 30, n. 1, 2023.

DALBUDAK, I.; YILMAZ, T.; YIGIT, S. “Nomophobia Levels and Personalities of University Students”. Journal of Education and Learning, vol. 9, n. 2, 2020.

DIB, J. E. et al. “Association Between Personality Traits/Dimensions and Fear of No Mobile Phone Connectivity (nomophobia): Results of a Lebanese National Study”. Primary Care Companion for CNS Disorders, vol. 24, n. 5, 2022.

ENGELBERG, E.; SJÖBERG, L. “Internet use, social skills, and adjustment”. Cyberpsychology, Behavior, and Social Networking, vol. 7, n. 1, 2004.

GANEM, A. C. et al. “Personalidade e bem-estar subjetivo: o papel mediador do coping através de ouvir música”. Psicologia Argumento, vol. 38, n. 102, 2020.

GEZGIN, D. M.; CAKIR, O.; YILDIRIM, S. “The relationship between levels of nomophobia prevalence and internet addiction among high school students: The factors influencing Nomophobia”. International Journal of Research in Education and Science, vol. 4, n. 1, 2018.

HENRICH, J.; HEINE, S. J.; NORENZAYAN, A. “Most people are not WEIRD”. Nature, vol. 466, 2010.

ITU - International Telecommunications Union. “Three-quarters of the world’s population own a mobile phone”. ITU [2022]. Disponível em: . Acesso em: 21/02/2025.

JACKSON, J.; WRIGHT, A. J. “The process and mechanisms of personality change”. Nature Reviews Psychology, vol. 3, 2024

KASHIWAGI, S. “Japanese adjective list for the Big Five”. In: RAAD, B.; PERUGINI, M. (eds.). Big five assessment. Germany: Hogrefe and Huber Publishers, 2002.

KHOURY, J. M. Caracterização dos aspectos neuropsicológicos e fisiológicos da dependência de smartphone (Tese de Doutorado em Medicina). Belo Horizonte: UFMG, 2018.

KING, A. L. S.; NARDI, A. E., CARDOSO, A. (org.). Nomofobia: Dependência do Computador, internet, Redes Sociais? Dependência do Telefone Celular? São Paulo: Editora Atheneu, 2014.

KUBRUSLY, M. et al. “Nomofobia entre discentes de medicina e sua associação com depressão, ansiedade, estresse e rendimento acadêmico”. Revista Brasileira de Educação Médica, vol. 45, 2021.

KWIECINSKI, A. M. Epinin: Escala Psicométrica para Identificar Níveis de Infoxicação e Nomofobia em Estudantes do Sistema Superior de Ensino (Dissertação de Mestrado Profissional em Informática na Educação). Porto Alegre: IFRS, 2019.

LLEWELLYN, D. J.; WILSON, K. M. “The controversial role of personality traits in entrepreneurial psychology”. Education + Training, vol. 45, n. 6, 2003.

MARTINS, S. P. et al. “O lugar das tecnologias na educação básica: um estado do conhecimento dos anais do EDUCERE (2008-2019)”. Boletim de Conjuntura (BOCA), vol. 15, n. 43, 2023.

MCCRAE, R. R.; COSTA, P. T. “The five-factor theory of personality”. In: JOHN, O. P.; ROBINS, R. W.; PERVIN, L. A. (eds.). Handbook of personality: Theory and research. New York: Guilford Press, 2008.

MODESTO, J. G. et al. “O impacto do uso da tecnologia no bem-estar de estudantes universitários”. Revista Observatório, vol. 10, 2024.

MODESTO, J. G.; FONSECA, G. A.; SOUSA, G. P. “O uso da tecnologia e nomofobia em estudantes universitários”. Revista Conhecimento Online, vol. 2, 2022.

MODESTO, J. G.; PEREIRA, K.; CARVALHO, R. “Associação entre os cinco grandes fatores da personalidade e a intenção de corrupção”. Actualidades en Psicología, vol. 35, n. 131, 2021.

MOHAMMADKHANI, P. et al. “The role of neuroticism and ex-periential avoidance in predicting anxiety and depression symptoms: Mediating effect of emotion regulation”. Iranian Journal of Psychiatry and Behavioral Sciences, vol. 10, n. 3, 2016.

MORAES, M. R.; HUMMEL, E. I.; SILVA, E. P. “Tecnologia assistiva como recurso pedagógico: Concepções dos docentes das salas de recursos multifuncionais”. Boletim de Conjuntura (BOCA), vol. 15, n. 43, 2023.

NASRAN, N. S.; SEMAN, S. A. A. “Tied to tech: The connection between personality traits and nomophobia”. Social and Management Research Journal, vol. 21, n. 2, 2024.

NIDHIM, A.; JANET, M.; SHEELA, W. “A study to Access the Knowledge and Effect of Nomophobia Among Students of Selected Degree colleges in Mysore”. Asian Journal of Nursing Education and Research, vol. 4, n. 4, 2014.

NORDHOFF, S.; LEHTONEN, E. “Examining the effect of personality on user acceptance of conditionally automated vehicles”. Scientific Reports, vol. 15, 2025.

OKOYE, C.; HARRY, H.; OBIKWELU, V. “Nomophobia among undergraduate: Predictive influence of personality traits”. Aphriapub, vol. 7, n. 2, 2017.

PANCORBO, G. et al. “A teacher like me? Different approaches to examining personality similarity between teachers and students”. European Journal of Personality, vol. 36, n. 5, 2021.

PASSOS, M. F. D.; LAROS, J. A. “Construção de uma escala reduzida de Cinco Grandes Fatores de personalidade”. Avaliação Psicológica: Interamerican Journal of Psychological Assessment, vol. 14, n. 1, 2015.

PERUGINI, M.; DI BLAS, L. “The Big Five Marker Scales (BFMS) and the Italian AB5C taxonomy:Analyses from an etic-emic perspective”. In: RAAD, B..; PERUGINI, M. (eds.). The Big Five personality factors. Germany: Hogrefe and Huber Publishers, 2002.

PETERS, H.; MATZ, S. C. “Large language models can infer psychological dispositions of social media users”. PNAS Nexus, vol. 3, n. 6, 2024.

PETTIGREW, T. F. “The emergence of contextual social psychology”. Personality and Social Psychology Bulletin, vol. 44, n. 7, 2018.

PIRES, P. H. B. et al. “A influência da intensidade do uso de tecnologia e da nomofobia no burnout”. Revista Gestão e Tecnologia, vol. 25, n. 1, 2025.

PRENSKY, M. “Nativos digitais, imigrantes digitais”. On the Horizon, vol. 9, n. 5, 2001.

QUARTO, C. C. et al. “Considerando os fatores sócio-afetivos personalidade e liderança em ambientes de ensino-aprendizagem colaborativos assistidos por computador”. Anais do XVII Simpósio Brasileiro de Informática na Educação. Brasília: UnB, 2006.

RAUTHMANN, J. F. “Personality is (so much) more than just self-reported Big Five traits”. European Journal of Personality, vol. 38, n. 6, 2024.

ROBERTS, B. W.; WOOD, D.; CASPI, A. “The development of personality traits in adulthood”. In: JOHN, O. P.; ROBINS, R. W.; PERVIN, L. A. (eds.). Handbook of personality: Theory and research. New York: Guilford Press, 2008.

ROCHA, R. S.; NAKAMOTO, P. T. “Tecnologias digitais de informação e comunicação na sociedade contemporânea: um estudo teórico-crítico sobre sua utilização na educação”. Boletim de Conjuntura (BOCA), vol. 14, n. 40, 2023.

SIQUEIRA, E. P.; MODESTO, J. G.; BESSA, S. “‘Professor como vítima?’: Um estudo sobre o bullying vivenciado pelo professor”. Boletim de Conjuntura (BOCA), vol. 15, n. 43, 2023

TEIXEIRA, I. et al. “Nomofobia: os impactos psíquicos do uso abusivo das tecnologias digitais em jovens universitários”. Revista Observatório, vol. 5, n. 5, 2019.

TURAN, Z.; YILMAZ, R. M. “Do personality traits influence nomophobia? An investigation of the Big Five personality traits and nomophobia levels in university students”. Psycho-Educational Research Reviews, vol. 13, n. 1, 2024.

YILDIRIM, C.; CORREIA, A. “Exploringthe dimensions of nomophobia: Development and validation of a self-reported questionnaire”. Computers in Human Behavior, vol. 49, 2015

YILMAZ, F. G. K.; KARA, M.; YILMAZ, R. “Investigation of personality and psychosocial antecedents of nomophobia among university students”. Telematics and Informatics Reports, vol. 15, 2024.

YONG, L. Emotional excellence in the workplace: Leonard Personality Inventory (LPI) personality profiling. Kuala Lumpur: Leonard Personality Incorporated, 2007.

YOON, K. L.; MALTBY, J.; JOORMANN, J. “A pathway from neuroticism to depression: Examining the role of emotion regulation”. Anxiety, Stress and Coping, vol. 26, n. 5, 2013.

ZHANG, W. et al. “The relationship between Big Five personality traits and fear of missing out: A meta-analysis”. Personality and Individual Differences, vol. 230, 2024.

ZHAO, H.; SEIBERT, S. E. “The big five personality dimensions and entrepreneurial status: a meta-analytical review”. Journal of Applied Psychology, vol. 91, n. 2, 2006.