O CONAR E O SEXISMO NA PROPAGANDA

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Fernanda Almeida Marcon
Ana Maria Simões Ribeiro
João Henriques de Sousa Júnior
Elton Belz
Rudimar Antunes da Rocha

Resumo

As questões de gênero permeiam o mercado em diversos aspectos, e o machismo estrutural e sexismo presentes na sociedade muitas vezes fazem uso da figura feminina de forma distorcida nas propagandas e ações publicitárias, problematizando ainda mais essas questões, sendo necessário, algumas vezes, denunciar tais peças publicitárias ao Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (CONAR), órgão responsável pela autorregulamentação publicitária no Brasil, a fim de que sejam tomadas providências. Diante disso, este artigo tem como objetivo identificar qual o entendimento predominante do CONAR nos casos de denúncias reportando ofensas à figura feminina. Para tanto, realizou-se uma pesquisa documental das decisões do CONAR proferidas entre os anos de 2007 e 2020, disponibilizadas no portal da instituição na internet, analisadas sob a ótica da análise de conteúdo. Os resultados apontam que o entendimento predominante do órgão ainda é pelo arquivamento das reclamações, apesar de haver um aumento na quantidade de decisões pela sustação da veiculação dos anúncios denunciados. Frente ao exposto, conclui-se ser necessário elucidar ainda mais as discussões de gênero dentro do contexto do marketing, especialmente na publicidade e propaganda, ressaltando-se a importância da compreensão das novas concepções sociais e a necessidade de um mercado cada vez mais inclusivo e sem preconceitos.

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Como Citar
MARCON, F. A.; RIBEIRO, A. M. S.; SOUSA JÚNIOR, J. H. de; BELZ, E.; ROCHA, R. A. da. O CONAR E O SEXISMO NA PROPAGANDA. Boletim de Conjuntura (BOCA), Boa Vista, v. 18, n. 52, p. 116–136, 2024. DOI: 10.5281/zenodo.11003190. Disponível em: https://revista.ioles.com.br/boca/index.php/revista/article/view/3929. Acesso em: 18 nov. 2024.
Seção
Artigos

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