A INVENÇÃO DISCURSIVA DA AMAZÔNIA A PARTIR DAS CARTAS DE VIAJANTES EUROPEUS

Resumo

Este ensaio científico tem como tema a reflexão sobre escritos produzidos por colonizadores europeus que adentraram na Amazônia ou fizeram registros sobre estas terras e suas populações, a partir do século XVI. O objetivo do autor é apresentar uma análise crítica acerca das construções de linguagem e discursos que fundaram uma ideia sobre a Amazônia. O estudo é de natureza qualitativa e os procedimentos metodológicos utilizados são estudo documental de alguns relatos produzidos por viajantes europeus durante o século XVI ao século XIX, incluindo revisão bibliográfica. Os resultados apresentados apontam para a criação de mitos fantásticos e lendários, que associam a busca por riquezas à construção de uma realidade amazônica paradisíaca ou diabólica. Tais relatos ignoram a pluralidade de sujeitos e territórios sociais existentes na região, enviesando a percepção dos modos de vida, ações de resistência e formas de negociação dos povos amazônicos. Conclui-se, portanto, que estas concepções representam a Amazônia como um espaço vazio de sujeitos, culturas e saberes, contribuindo para a perpetuação de estereótipos e preconceitos sobre a região e seus habitantes, agindo sobre a invisibilização de línguas, memórias, culturas, histórias e identidades sociais, silenciando ou eliminando, de maneira violenta, as vivências dos povos amazônicos originários.