A TATUAGEM ENQUANTO PRÁTICA: SABERES CONSTRUÍDOS NA INTERAÇÃO ENTRE HABITUS E CONHECIMENTO SENSÍVEL

##plugins.themes.bootstrap3.article.main##

Rúbia Goi Becker
Simone Alves Pacheco de Campos
Cátia Camila da Silva
Amanda Oliveira Ramadam

Resumo

Este ensaio teórico objetiva desenvolver uma articulação teórica entre o conhecimento sensível e habitus para compreender como a prática da tatuagem é produzida, reproduzida e transformada. Situado em uma lógica construtivista, argumenta-se a prática da tatuagem é decorrente das interações entre prática e saberes oriundos dos sentidos/percepções humanas e mediadas por artefatos, sendo internalizados pelos praticantes como um habitus compartilhado. O processo de knowing-in-practice figura a relação existente entre o conhecimento sensível, expresso pelo julgamento estético que orienta o fazer, e entre o habitus presente na subjetividade das interações invisíveis na prática. É na combinação entre um habitus estruturado e estruturante e o conhecimento sensível que os saberes da prática da tatuagem são incorporados ao corpo e à mente, tornando-se parte da forma como as pessoas percebem, interpretam e agem no mundo. 

##plugins.themes.bootstrap3.article.details##

Como Citar
GOI BECKER, R.; ALVES PACHECO DE CAMPOS , S.; SILVA, C. C. da; OLIVEIRA RAMADAM, A. . A TATUAGEM ENQUANTO PRÁTICA: SABERES CONSTRUÍDOS NA INTERAÇÃO ENTRE HABITUS E CONHECIMENTO SENSÍVEL: . Boletim de Conjuntura (BOCA), Boa Vista, v. 13, n. 38, p. 01–26, 2023. DOI: 10.5281/zenodo.7646771. Disponível em: https://revista.ioles.com.br/boca/index.php/revista/article/view/907. Acesso em: 21 nov. 2024.
Seção
Ensaios

Referências

ANTONELLO, C. S. “A metamorfose da aprendizagem organizacional: uma revisão crítica”. In: RUAS, R.; ANTONELLO, C. S.; BOFF, L. H. (eds.). Aprendizagem organizacional e competências. Porto Alegre: Editora Bookman, 2005.

ANTONELLO, C. S. “Contextos do saber: a aprendizagem informal”. In: ANTONELLO, C. S.; GODOY A. S. (eds.). Aprendizagem organizacional no Brasil. Porto Alegre: Editora Bookman, 2011.

ANTONELLO, C. S.; GODOY, A. S. “A encruzilhada da aprendizagem organizacional: uma visão multiparadigmática”. Revista de Administração Contemporânea, vol. 14, n. 2, 2010.

ANTONELLO, C. S.; GODOY, A. S. Aprendizagem organizacional no Brasil. Porto Alegre: Editora Bookman, 2011.

BARATO, J. N. Educação profissional: saberes do ócio ou saberes do trabalho? São Paulo: Editora Senac, 2004.

BARCELLOS, R. M. R.; DELLAGNELO, E. H. L. “A Teoria Política do Discurso como abordagem para o estudo das organizações de resistência: reflexões sobre o caso do Circuito Fora do Eixo”. Organizações e Sociedade, vol. 21, n. 70, 2014.

BERTOLIN, R. V.; ZWICK, E.; BRITO, M. J. “Aprendizagem organizacional socioprática no serviço público: Um estudo de caso interpretativo”. Revista Administração Pública, vol. 47, n. 2, 2013.

BISPO, M. S. “A aprendizagem organizacional baseada no conceito de prática: contribuições de Silvia Gherardi”. Revista de Administração Mackenzie, vol. 14, n. 6, 2013.

BISPO, M. S.; GHERARDI, S. “Flesh-and-blood knowing Interpreting qualitative data through embodied practice-based research”. RAUSP Management Journal, vol. 54, n. 4, 2019.

BISPO, M. S.; GODOY, A. S. “A etnometodologia enquanto caminho teórico-metodológico para a investigação da aprendizagem nas organizações”. Revista de Administração Contemporânea, vol. 16, n. 5, 2012.

BLACKLER, F.; CRUMP, N.; MCDONALD, S. “Organizing Processes in Complex Activity Networks”. In: NICOLINI, D.; GHERARDI, S.; YANOW, D. Knowing in organizations: a practice-based approach. New York: M. E. Sharpe, 2003.

BOTZ-BORNSTEIN, T. “What does it mean to be cool?”. Philosophy Now, vol. 80, 2010.

BOURDIEU, P. “Habitus, Code et codification”. Actes de la Recherche en Sciences Sociales, vol. 64, 1986.

BOURDIEU, P. “Making the economic habitus: Algerian workers revisited”. Ethnography, vol. 1, n. 1, 2000.

BOURDIEU, P. “The social space and the genesis of groups”. Information, vol. 24, n. 2, 1985.

BOURDIEU, P. A distinção. São Paulo: Editora da USP, 2007.

BOURDIEU, P. Distinction: A Social Critique of the Judgment of Taste. Cambridge: Cambridge University Press, 1984.

BOURDIEU, P. Esquisse d’une Théorie de la Pratique. Paris: Librairie Droz, 1972.

BOURDIEU, P. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 1998.

BOURDIEU, P. Outline of a Theory of Practice. Cambridge: Cambridge University Press, 1977.

BOURDIEU, P. The Field of Cultural Production: Essays on Art and Literature. Nova York: Columbia University Press, 1993.

BOURDIEU, P. The Logic of Practice. Cambridge: Polity Press, 1992.

BOURDIEU, P. Raisons pratiques: sur la the´orie de l’action. Paris: Seuil, 1994.

BOURDIEU, P.; WACQUANT L. Um convite à sociologia reflexiva. Buenos Aires: Editores Siglo XXI, 2005.

BOURDIEU, P.; WACQUANT, L. J. D. An invitation to reflexive sociology. Chicago: University of Chicago press, 1992.

CHANDLER, B. “The subjectivity of habitus”. Journal for the Theory of Social Behaviour, vol. 43, n. 4, 2013.

CHIESA, C. D. et al. “Tramando arames, pedras e fios: espaço e estigma no trabalho de um artista”. Ciências Sociais Unisinos, vol. 5, n. 1, 2015.

COOK, S. D. N.; BROWN, J. S. “Bridging epistemologies: The generative dance between organizational knowledge and organizational knowing”. Organization Science, vol. 10, n. 4, 1999.

CORRADI, G.; GHERARDI, S.; VERZELLONI, L. “Through the practice lens: where is the bandwagon of practice-based studies heading?”. Management Learning, vol. 41, n. 3, 2010.

CROSSLEY, N. The social body: Habit, identity and desire. London: Sage Publications, 2001.

CUEL, R. “A journey of learning organization in social science: interview with Silvia Gherardi”. The Learning Organization, vol. 27, n. 5, 2020.

DALL’ALBA, G.; SANDBERG, J.; SIDHU, R. K. “Embodying skilful performance: Co-constituting body and world in biotechnology”. Educational Philosophy and Theory, vol. 50, n. 3, 2018.

DURANTE, D. G. et al. “Aprendizagem organizacional na abordagem dos estudos baseados em prática: Revisão da produção científica”. Revista de Administração Mackenzie, vol. 20, n. 2, 2019.

FELDMAN, M. S.; ORLIKOWSKI, W. J. “Theorizing practice and practicing theory”. Organization Science, vol. 22, n. 5, 2011.

FERREIRA, V. S. “Entre as Belas-Artes e as Artes de Tatuar: novos itinerários de inserção profissional de jovens tatuadores em Portugal”. Antropolítica, vol. 37, 2014.

FIGUEIREDO, M. D.; CAVEDON, N. R. “Transmissão do Conhecimento Prático como Intencionalidade Incorporada: Etnografia numa Doceria Artesanal”. Revista de Administração Contemporânea, vol. 19, n. 3, 2015.

FLACH, L.; ANTONELLO, C. S. “Organizações culturais e a aprendizagem baseada em práticas”. Cadernos EBAPE, vol. 9, n. 1, 2011.

FONSECA, S. A. Ingredientes da aprendizagem social: um estudo na cozinha de um restaurante da grande São Paulo (Tese de Doutorado em Administração). São Paulo: UPM, 2013.

FRANZINI, E. Estética e filosofia dell’arte. Milano: Editora Guerini, 1999.

GAGLIARDI, P. “Exploring the aesthetic side of organizational life”. In: CLEGG, S.; HARDY, C. (eds.). Handbook of Studying Organizations. London: SAGE, 1996.

GALLON, S. et al. “Formas de aprendizagem e saberes no trabalho de manicures”. Revista Pensamento Contemporâneo em Administração, vol. 10, n. 1, 2016.

GARFINKEL H. Studies in ethnomethodology. Englewood Cliffs: Prentice Hall, 1967.

GHERARDI, S. “From organizational learning to practice-based-knowing”. Human Relations, vol. 54, n. 1, 2001.

GHERARDI, S. “How the turn to practice may contribute to working life studies. Nordic”. Journal of Working Life Studies, vol. 5, 2015.

GHERARDI, S. “Introduction: the critical power of the ‘practice lens’”. Management Learning, vol. 40, n. 2, 2009b.

GHERARDI, S. “Knowing and learning in practice-based studies: an introduction”. The Learning Organization, vol. 16, n. 5, 2009a.

GHERARDI, S. “Practice-based theorizing on learning and knowing in organization: An introduction”. Organization, vol. 7, n. 2, 2000.

GHERARDI, S. “Practices and Knowledges”. Teoria e Prática em Administração, vol. 8, n. 2, 2018.

GHERARDI, S. “Prática? É uma questão de gosto!”. Revista Interdisciplinar de Gestão Social, vol. 2, n. 1, 2013.

GHERARDI, S. How to conduct a practice-based study: problems and methods. Massachusetts: Elgar Publishing Limited, 2012.

GHERARDI, S. Organizational knowledge: the texture of workplace learning. London: Blackwell, 2006.

GHERARDI, S. “Situated knowledge and situated action: what do practice‐based studies promise?”. In: BARRY, D.; HANSEN, H. (eds.). Sage Handbook of the New and Emerging in Management and Organization. London: Sage, 2008.

GHERARDI, S.; NICOLINI, D.; ODELLA, F. “Toward a social understanding of how people learn in organizations: The notion of situated curriculum”. Management Learning, vol. 29, n. 3, 1998.

GHERARDI, S.; NICOLINI, D.; STRATI, A. “The passion for knowing”. Organization, vol. 14, n. 3, 2007.

GHERARDI, S.; PERROTTA, M. “Becoming a Practitioner: Professional Learning as a Social Practice”. In: BILLETT, S.; HARTEIS, C.; GRUBER, H. (eds.). International handbook of research in professional and practice-based learning. London: Springer, 2014.

GHERARDI, S.; STRATI, A. “Luigi Pareyson’s Estetica: Teoria della formatività and Its Implications for Organization Studies”. Academy of Management Review, vol. 42, n. 4, 2016.

GHERARDI, S.; STRATI, A. “The 'texture' of organizing in an italian university department”. Jornal of Management Studies, vol. 27, 1990.

GHERARDI, S.; STRATI, A. Administração e aprendizagem na prática. São Paulo: Editora Elsevier, 2014.

GRENFELL, M. Pierre Bourdieu: Key Concepts. Durham: Acumen Publishing, 2012.

HANCOCK, P.; TYLER, M. “The look of love: gender and the organization of aesthetics”. In: HASSARD, J.; HOLLIDAY, R.; WILLMOTT, H. (eds.). Body and organization. New York: Sage, 2000.

LASH, S. “Reflexivity and its doubles: Structure, aesthetics, community”. In: BECK, U.; GIDDENS, A.; LASH, S. (eds.). Reflexive Modernization. Cambridge: Polity Press, 1994.

LATOUR, B. “On recalling ANT”. The Sociological Review, vol. 47, n. 1, 1999.

LATOUR, B. Reassembling the social: an introduction to actor-network theory. New York: Oxford University Press, 2005.

LOPES, L. L. S.; SOUZA, E. M.; IPIRANGA, A. S. R. “Desvelando as categorias estéticas na organização de um pequeno restaurante”. Revista Interdisciplinar de Gestão Social, vol. 3, n. 1, 2014.

NICOLINI, D. Practice Theory, Work, and Organization: An Introduction. Oxford: Oxford University Press, 2013.

NICOLINI, D.; GHERARDI, S.; YANOW, D. “Introduction: toward a practice-based view of knowing and learning in organizations”. In: NICOLINI, D.; GHERARDI, S.; YANOW, D. (eds.). Knowing in Organizations: a practice-based approach. New York: M. E. Sharpe, 2003.

ORLIKOWSKI, W. J. “Knowing-in-practice: enacting a collective capability in distributed organizing”. Organization Science, vol. 13, n. 3, 2002.

PAREYSON, L. “Arte e conoscenza: Intuizione e interpretazione”. Filosofia, vol. 2, 1950.

POLANYI, M. Personal knowledge, towards a post critical epistemology. Chicago: University of Chicago Press, 1958.

POLANYI, M. The Tacit Dimension. Chicago: The University of Chicago Press, 1966.

ROSE, M. “Blue-collar brilliance: questioning assumptions about intelligence, work, and social class”. American Scholar, vol. 78, n. 3, 2009.

ROSE, M. O Saber do Trabalho: valorização da inteligência do trabalhador. São Paulo: Editora Senac, 2007.

SAYER, A. “Reflexivity and the habitus”. In: ARCHER, M. S. (ed.). Conversations about Reflexivity. New York: Routledge, 2010.

SILVA, J. O.; MELO, N. S.; VASCONCELOS, A. C. L. “A astúcia invisível de mulheres trabalhadoras de escola”. Psicologia em Revista, vol. 20, n. 3, 2014.

SIMPSON, R.; PULLEN, A. “Cool Meanings: Tattoo Artists, Body Work and Organizational Bodyscape”. Work, Employment and Society, vol. 32, n. 1, 2018.

SIQUEIRA, É. S.; SILVA, F. C. L.; SILVA, M. H. “Informalidade e resistência cultural: o trabalho das artesãs do Alto do Moura-Caruaru–PE”. Revista Brasileira de Estudos Organizacionais, vol. 8, n. 1, 2021.

STAHL, G.; BURNARD, P.; PERKINS, R. “Critical Reflections on the Use of Bourdieu’s Tools ‘In Concert’toUnderstand the Practices of Learning in Three Musical Sites”. Sociological Research Online, vol. 22, n. 3, 2017.

STRATI, A. “Aesthetic Understanding of Organizational Life”. Academy of Management Review, vol. 17, n. 3, 1992.

STRATI, A. “Aesthetic understanding of work and organizational life: Approaches and research developments”. Sociology Compass, vol. 4, n. 10, 2010.

STRATI, A. “Do You Do Beautiful Things?”: Aesthetics and Art in Qualitative Methods of Organization Studies”. In: BUCHANAN, D.; BRYMAN, A. (eds.). The SAGE handbook of organizational research methods. London: SAGE Publications Ltd, 2009.

STRATI, A. “Knowing in practice: aesthetic understanding and tacit knowledge”. In: NICOLINI, D.; GHERARDI, S.; YANOW, D. (eds.). Knowing in organizations: A practice-based approach. Armonck: M. E. Sharpe, 2003.

STRATI, A. “Sensations, Impressions and Reflections on the Configuring of the Aesthetic Discourse in Organizations”. Aesthesis, vol. 1, n. 1, 2007c.

STRATI, A. “Sensible knowledge and practice-based learning”. Management Learning, vol. 38, n. 1, 2007a.

STRATI, A. “The aesthetic approach in organization studies”. In: LINSTEAD, S.; HÖPFL, H. J. (eds.). The aesthetics of organization. London: Sage Publications, 2000.

STRATI, A. Organização e Estética. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2007b.

STRATI, A. Organization and aesthetics. London: Sage, 1999.

WHITTINGTON, R. “Strategy as practice”. Long Range Planning, vol. 29, n. 5, 1996.

WOLKOWITZ, C. “The social relations of body work”. Work, Employment and Society, vol. 16, n. 3, 2002.

YANOW, D. “Organizational learning and the learning organization: Developments in theory and practice”. Management Learning, vol. 32, n. 2, 2001.

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)