A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA DIVERSIDADE: CONSCIÊNCIA OU ISOMORFISMO?

##plugins.themes.bootstrap3.article.main##

Paula Balardin Ribeiro Aragão
Simone Alves Pacheco de Campos
Vânia Medianeira Flores Costa
Talita Gonçalves Posser

Resumo

O presente ensaio teórico reflete acerca da institucionalização da diversidade nas organizações, considerando a perspectiva de isomorfismo organizacional. Mesmo diante da influência do passado taylorista e fordista, que esperavam uma classe trabalhadora homogênea, a sociedade se tornou cada vez mais heterogênea devido a avanços tecnológicos e mobilidade geográfica, o que desafia os modelos de gestão que supervalorizam a uniformidade. A diversidade é vista como o respeito à individualidade e reconhecimento das identidades dos indivíduos. No entanto, essa diversidade pode acarretar estereotiparão e discriminação, principalmente no caso da sua gestão não ser nada além de falácia. Especialmente por conta das plataformas digitais, as organizações estão sendo pressionadas a lidar com a diversidade e a adotar práticas inclusivas que reflitam a sociedade em que estão inseridas. O escrito trata-se de um ensaio teórico, possui natureza reflexiva e interpretativa, buscando discutir as mudanças qualitativas de fenômenos, desprendida de formatações típicas empíricas e buscando a liberdade e profundidade do debate proposto. Conclui-se que, muitas vezes, empresas se colocam como aliadas a causas importantes simplesmente pela preocupação de atender um “efeito manada”, não pelo fim que deveriam – tornar a promoção da inclusão da diversidade um de seus valores. Além disso, sugerem-se possíveis motivos explicativos para essa realidade, permeados pelo preconceito e hipocrisia humanos.

##plugins.themes.bootstrap3.article.details##

Como Citar
ARAGÃO, P. B. R. .; CAMPOS, S. A. P. de .; COSTA, V. M. F. .; POSSER, T. G. . A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA DIVERSIDADE: CONSCIÊNCIA OU ISOMORFISMO?. Boletim de Conjuntura (BOCA), Boa Vista, v. 15, n. 43, p. 01–18, 2023. DOI: 10.5281/zenodo.8097432. Disponível em: https://revista.ioles.com.br/boca/index.php/revista/article/view/1589. Acesso em: 21 nov. 2024.
Seção
Ensaios

Referências

ALCHIAN, A. “Uncertainty, evolution, and economic theory”. Journal of Political Economy, vol. 58, 1950.

ALVES, M.; GALEÃO-SILVA, L. “A crítica da gestão da diversidade nas organizações”. Revista de Administração de Empresas, vol. 44, 2004.

ARANHA, F. et al. “Diversity management and performance: a review of evidence and findings in academic papers from 1973 to 2003”. International Congress of Applied Psychology. Athens: ICAP, 2006.

AUSTIN, J. R. “A cognitive framework for understanding demographic influences in groups”. International Journal of Organizational Analysis, vol. 5, n. 4, 1997.

BARRY, B.; BATEMAN, T. S. “A social trap analysis of the management of diversity”. The Academy of Management Review, vol. 21, n. 3, 1996.

BENTO, M. A. S. Ação afirmativa e diversidade no trabalho. São Paulo: Editora Casa do Psicólogo, 2000.

BOND, M. A.; PYLE, J. L. “Diversity dilemmas at work”. Journal of Management Inquiry, vol. 7, n. 3, 1998.

CENTERS. L.; CENTERS, R. “Peer group attitudes toward the amputee child”. Journal of Social Psychology, vol. 61, 1963.

CHILD, J.; KIESER, A. “Development of organizations over time”. In: GIDDENS, A. Contradiction in Social Analysis. Berkeley: University of California Press, 1979.

COX JR., T. Creating the multicultural organization: a strategy for capturing the power of diversity. San Francisco: Jossey-Bass, 2001.

CREDIT SUISSE RESEARCH INSTITUT. “Global Wealth Report 2022”. Credit Suisse Research Institute [2022]. Disponível em: . Acesso em: 06/06/2023.

DIMAGGIO, P. J.; POWELL, W. W. “A gaiola de ferro revisitada: isomorfismo institucional e racionalidade coletiva nos campos organizacionais”. Revista de Administração de Empresas, vol. 45, n. 2, 2005.

DITOMASO, N. “Why difference makes a difference: Diversity, inequality, and institutionalization”. Journal of Management Studies, vol. 58, n. 8, 2021.

EDWARDS, M.; WATSON, A. “Psychosocial aspects of cleft lip and palate”. In: EDWARDS, M.; WATSON, A. (eds.). Advances in the Management of Cleft Palate. New York: Churchill Livingstone, 1980.

FARINA, A. et al. “The role of the stigmatized person in affecting social relationships”. Journal of Personality, vol. 36, n. 2, 1968.

FENNELL, M. L. “The effects of environmental characteristics on the structure of hospital clusters”. Administrative Science Quarterly, vol. 25, n. 3, 1980.

FLEURY, M. T. L. “Gerenciando a diversidade cultural: experiências de empresas brasileiras”. Revista de Administração de Empresas, vol. 40, n. 3, 2000.

FOLEY, J. “Effect of labeling and teacher behavior on children’s attitudes”. American Journal of Mental Deficiency, vol. 83, 1979.

GILBERT, J. A.; STEAD, B. A.; IVANCEVICH, J. M. “Diversity management: a new organizational paradigm”. Journal of Business Ethics, vol. 21 n. 1, 1999.

HANNAN, M. T.; FREEMAN, J. H. “The population ecology of organizations”. American Journal of Sociology, vol. 82, n. 5, 1977.

HARRIS, M. et al. “Fat, four-eyed, and female: stereotypes of obesity, glasses and gender”. Journal of Applied Social Psychology, vol. 12, 1983.

HAWLEY, A. “Human ecology”. In: SILLS, D. L. (ed.). International Encyclopedia of the Social Sciences. New York: Macmillan, 1968

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo demográfico. IBGE [2022]. Disponível em: . Acesso em: 06/06/2023.

IRIGARAY, H. A. R. As diversidades nas organizações brasileiras: estudo sobre orientação sexual e ambiente de trabalho (Tese de Doutorado em Administração de Empresas). São Paulo: FGV, 2008.

IVANCEVICH, J. M.; GILBERT, J. A. “Diversity management time for a new approach”. Public Personnel Management, vol. 29, 2000.

LOPES, M. C.; RECH, T. L. “Inclusão, biopolítica e educação”. Revista Educação, vol. 36, n. 2, 2013.

MARCH, J. G.; OLSEN, J. P. Ambiguity and Choice in Organizations. Bergen: Universitetsforlaget, 1976.

MATOS, A. G. S. O “Letramento, a homofobia e o racismo”. Boletim de Conjuntura (BOCA), vol. 9, n. 26, 2022.

MEYER, J. W. The impact of the centralization of educational funding and control on state and local organizational governance. Stanford: Stanford University, 1979.

MEYER, J. W.; ROWAN, B. “Institutionalized organizations: formal structure as myth and ceremony”. American Journal of Sociology, vol. 83, n. 2, 1977.

MILLIKEN, F. J.; MARTIN, L. L. “Searching for common threads: understanding the multiple effects of diversity in organizational groups”. The Academy of Management Review, vol. 21, n. 2, 1996.

MOR BARAK, M. E. Managing diversity: toward a globally inclusive workplace. Thousand Oak: Sage Publications, 2005.

NKOMO, S. M.; COX JR., T. “Differential performance appraisal criteria: a field study of black and white managers”. Group and Organization Studies, vol. 11, 1986.

NKOMO, S. M.; COX JR., T. “Diversidade e identidade nas organizações”. In: CLEGG, S.; HARDY, C.; NORD, W. Handbook de estudos organizacionais. São Paulo: Editora Atlas, 1999.

SARAIVA, L. A.; IRIGARAY, H. A. “Políticas de diversidade nas organizações: uma questão de discurso?”. Revista de Administração de Empresas, vol. 49, 2009.

SCHNEIDER, S. K.; NORTHCRAFT, G. B. “Three social dilemmas of workforce diversity in organizations: a social identity perspective”. Human Relations, vol. 52, n. 11, 1999.

SCOTT, R. The Making of Blind Men, Nova York: Fundação Russell Sage, 1969.

SCOTT, W. R. Institutions and organizations: ideas and interests. Los Angeles: Sage, 2008.

SENHORAS, E. M. (org.). Administração: Estudos Contemporâneos. Boa Vista: Editora IOLE, 2022

SIQUEIRA, M. V. S.; FELLOWS, A. Z. “Diversidade e identidade gay nas organizações”. Gestão.Org, vol. 4, n. 3, 2006.

SLUSS, D.; ASHFORD, B. “Relational identity and identification: defining ourselves through work relationships”. Academy of Management Review, vol. 32, n. 1, 2007.

SOARES, V. “Ações afirmativas para mulheres na política e no mundo do trabalho no Brasil”. In: BENTO, M. A. S. Ação afirmativa e diversidade no trabalho. São Paulo: Editora Casa do Psicólogo, 2000.

THOMAS, R. R. “From affirmative action to affirmative diversity”. Harvard Business Review, vol. 68, n. 2, 1990.

WENTLING, R. M.; PALMA‐RIVAS, N. “Current status and future trends of diversity initiatives in the workplace: Diversity experts' perspective”. Human Resource Development Quarterly, vol. 9, n. 3, 1998.

WISE, L. R.; TSCHIRHART, M. “Examining empirical evidence on diversity effects: how useful is diversity research for public-sector managers?” Public Administration Review, vol. 60, n. 5, 2000.

WOODWARD, J. Industrial Organization, Theory and Practice. Oxford: Oxford University Press, 1965.

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)