QUEM É O TURISTA? ANALISANDO “CORPOS TURÍSTICOS” NO INSTAGRAM DE UMA AGÊNCIA DE VIAGENS BRASILEIRA
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Resumo
A publicidade é construída a partir de imagens que idealizam determinados tipos de corpos e, nesse contexto, é importante perceber como o turismo constrói o imaginário sobre os corpos daqueles que são considerados turistas. A partir desta discussão, o presente artigo tem por objetivo investigar que corpos são usados na publicidade veiculada no Instagram da CVC Viagens, considerada a “melhor agência de viagens de lazer” do Brasil segundo a premiação “Melhores do Turismo PANROTAS 2023”. Em uma pesquisa qualitativa que fez uso da análise de conteúdo em imagem, o estudo parte de uma amostragem intencional não probabilística que coletou dados do dia 1º ao dia 31 de março de 2024, analisando as fotos postadas na rede social anteriormente citada. Dos 65 posts resultantes, as 33 imagens encontradas que exibiam pessoas foram analisadas qualitativamente. As fotografias foram categorizadas com base na quantidade de pessoas presentes em cada imagem, a fim de orientar a análise dos elementos visuais (uma pessoa; casal; família; amigos; grupo de pessoas aleatórias) e, em seguida, foi percebido gênero, cor/raça, corpo (contorno e proporções), roupas utilizadas, grupo etário e se era ou aparentava ser uma pessoa com deficiência. Os resultados mostraram, entre outros achados, que a agência publicou mais imagens de mulheres (81% das fotos com somente uma pessoa eram de mulheres), que elas na praia/piscina usam biquínis enquanto homens não usam sunga, que somente homens estavam em atividades de aventura e que apenas cinco imagens tinham pessoas negras. Não haviam pessoas gordas, idosas ou que aparentassem ter deficiência nas imagens analisadas. Apenas uma foto, tirada com uma certa distância focal, retratava corpos reais de mulheres. O estudo corrobora análises internacionais que revelam preferência por pessoas jovens, magras, brancas e saudáveis na publicidade do setor. Como conclusão, o trabalho aponta que os corpos privilegiados no turismo – aqueles representados como turistas –, não são corpos reais e questiona como esse tipo de publicidade é nocivo para um turismo comprometido com justiça, equidade e igualdade social.
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