TELEJORNALISMO E TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO: UMA MITOCRÍTICA SOCIOAMBIENTAL
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Resumo
Ao longo dos anos, o telejornalismo tem desempenhado um papel significativo na formação de opiniões sobre políticas de conservação ambiental. Além de fornecer informações de utilidade pública, o telejornal também incorpora elementos simbólicos que moldam nossos valores e crenças. Desta forma, este estudo tem como objetivo compreender como esse produto midiático é atravessado por mitos e símbolos e como estes refletem nossas práticas socioambientais. O estudo, de cunho qualitativo, descritivo e documental, analisa duas reportagens televisivas sobre a transposição das águas do rio São Francisco, uma de 2007 e outra de 2017. O método de abordagem foi o indutivo, envolvendo a formulação de conclusões gerais com base em observações específicas. Como procedimento técnico, realizamos uma transcrição dos textos das reportagens e, em seguida, através da Mitocrítica, metodologia desenvolvida nos estudos da Antropologia do Imaginário, interpretamos e identificamos os Mitemas, Mitologemas e a Narrativa Canônica presentes na forma como as notícias são produzidas. Como resultado do estudo, revelamos a influência do mito grego de Prometeu, além do mito indígena de Sumé e do mito Iorubá de Exu nas pautas sobre as questões que envolvem a interação humano-natureza, ilustrando a complexidade das abordagens relacionadas ao progresso e à conservação ambiental. Dessa forma, este estudo interdisciplinar chega a conclusão que as complexas interações entre sociedade e natureza podem fornecer reflexões sobre o papel da cultura e dos símbolos na promoção de ações ecológicas.
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