GESTÃO EM SAÚDE E BURNOUT: PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19
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Resumo
O estudo teve como objetivo investigar a prevalência da Síndrome de Burnout e fatores associados em gestores de saúde pública durante a pandemia da COVID-19. Trata-se de um estudo observacional, transversal, que foi desenvolvido com 103 gestores em saúde. Os dados foram coletados pelo Google Forms de 23 de agosto a 30 de dezembro de 2021, utilizando um questionário sociodemográfico e o Maslach Burnout Inventory. Foram elegíveis para o estudo os gestores que estavam atuando há no mínimo seis meses e excluídos os que estavam afastados por motivos de licença, férias, dentre outros. A taxa de resposta foi de 27,10%. A análise foi realizada por meio de estatística descritiva com apresentação de frequência simples e absoluta e a estatística bivariada com teste Qui-quadrado de Pearson. Utilizou-se alternativamente o teste Exato de Fisher. Também foi calculado a Razão de Prevalência. Considerou-se significância estatística de 5% (p≤0,05). A prevalência de Burnout foi de 12,6%. Como fatores associados à Síndrome foram identificados não possuir filhos e se sentir parcialmente qualificado para o cargo. Os gestores que referiram não possuir filhos apresentaram uma prevalência de Síndrome de Burnout três vezes maior que os gestores que referiram possuir filhos. Essa prevalência também foi 3,5 vezes maior em indivíduos que referiram ser parcialmente qualificados para o cargo que ocupam, quando comparado aos que sentiam qualificados para o cargo. Os resultados evidenciaram que o período pandêmico impactou de forma negativa na saúde mental dos gestores em saúde, revelaram a presença da Síndrome de Burnout nessa população e apontam a necessidade de um maior investimento em qualificação desses profissionais para atuar na gestão em saúde.
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