ESTILOS INTERATIVOS E SOCIOCOMUNICATIVOS COMPORTAMENTOS NO CONTEXTO DE SESSÕES DE MÚSICA COM UMA CRIANÇA COM AUTISMO
##plugins.themes.bootstrap3.article.main##
Resumo
Um dos sinais mais precoces do autismo, é o déficit na habilidade de se engajar em relações triádicas de Atenção Compartilhada (AC). Assim, intervenções que possam potencializar o desenvolvimento sociocomunicativo do indivíduo com TEA são importantes. Isto porque as trocas e interações entre as pessoas contribuem para o desenvolvimento sociocognitivo do indivíduo, estabelecendo processos de aprendizagem por imitação e o aprimoramento de habilidades cognitivas. Sendo assim, o objetivo dessa pesquisa foi investigar mudanças na quantidade e na qualidade de comportamentos sociocomunicativos e relacionais, durante cenas interativas entre adultos e uma criança com autismo, adotando-se a música e instrumentos musicais como mediadores das trocas sociais. Para alcançar o objetivo dessa pesquisa, foi realizado um estudo de caso único de natureza quantitativa com um menino com TEA, durante uma intervenção que se desenvolveu a partir da criação de um protocolo de trabalho envolvendo sessões semi-estruturadas com atividades musicais, contexto que possibilitou a observação dos comportamentos sociocomunicativos da díade adulto-criança. Além da intervenção, para coleta de dados foram empregados os instrumentos PROTEA-R, SRS-2, IDADI e Entrevista de Histórico Geral e Interesses Musicais. Foram realizadas 6 sessões de 30 minutos vídeo-gravadas, que foram divididas em 18 episódios, sendo 3 episódios por sessão. Dentro de cada episódio foram observadas cenas de interação entre a díade adulto-criança. Os resultados mostraram que (1) o estilo interativo do adulto que mais apareceu foi o diretivo; (2) a resposta de atenção compartilhada foi o comportamento infantil mais frequente; (3) a música cumpriu um importante papel de mediar a relação triádica entre: adulto-música-criança, favorecendo a emergência de comportamentos sociocomunicativos com propósitos declarativos e a compreensão da intencionalidade. Conclui-se que a música (através de instrumentos musicais e canções) desempenhou um papel importante na mediação da relação triádica entre adulto-música-criança, favorecendo o surgimento de comportamentos sociocomunicativos com finalidades declarativas e a compreensão da intencionalidade.
##plugins.themes.bootstrap3.article.details##
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Direitos autorais (c) .
Esta obra está licenciada sob uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.
Referências
ALVES E CASTRO, B. S. Interfaces entre Fonoaudiologia e Musicoterapia na interação social e linguagem no Transtorno do Espectro do Autismo (Trabalho de Conclusão de Especialização em Neurociências). Belo Horizonte: UFMG, 2019.
APA - American Psychiatric Association. Diagnostic and statistical manual of mental disorders. Washington: American Psychiatric Association, 2022.
ASNIS, V. P.; ELIAS, N. C. Ensino de música para pessoas com Transtorno do Espectro Autista. São Paulo: Editora Cortez, 2019.
BONDY, A. S.; FROST, L. A. “The picture exchange communication system”. Behavior Modification, vol. 25, n. 5, 2001.
BORGES, L. et al. SRS-2 Escala de Responsividade Social. São Paulo: Editora Hogrefe, 2021.
BOSA, C. A.; SALLES, J. F. Sistema PROTEA-R de avaliação da suspeita de Transtorno do Espectro Autista. São Paulo: Editora Vetor, 2018.
CERQUEIRA, A. I. L. À descoberta da rítmica de Dalcroze num contexto Pré-Escolar (Dissertação de Mestrado em Educação Pré-Escolar). Viana do Castelo: IPVC, 2020.
FALCK-YTTER, T. et al. “Social attention: Developmental foundations and relevance for autism spectrum disorder”. Biological Psychiatry, vol. 94, n. 1, 2023.
FURTADO, L. A. R. “Réson: Ruído, ressonância e razão significante na clínica psicanalítica”. Psicologia Clínica, vol. 33, n. 1, 2021.
FURTADO, L. A. R. et al. “Sobre o que ressoa e faz eco: voz, música e lalíngua no tratamento do autismo”. Estudos e Pesquisas em Psicologia, vol. 20 n. 2, 2020.
GASSNER, L. et al. “Effectiveness of music therapy for autism spectrum disorder, dementia, depression, insomnia, and schizophrenia: update of systematic reviews”. European Journal of Public Health, vol. 32, n. 1, 2022.
GATTINO, G. S. Musicoterapia e autismo: teoria e prática. São Paulo: Editora Memnon, 2015.
GERBASSI, T. N. Atenção compartilhada nas relações triádicas: um estudo a partir da mãe e seus filhos (Dissertação de Mestrado em Psicologia). Brasília: UnB, 2021.
GODOY, M. A. B. Análise funcional da atenção compartilhada adulto-criança pequena com deficiência visual (Tese de Doutorado em Educação Especial). São Carlos: UFSCar, 2019.
KE, X. et al. “Effectiveness of music therapy in children with autism spectrum disorder: A systematic review and meta-analysis”. Frontiers in Psychiatry, vol. 13, 2022.
LOURO, V. D. S. Educação musical, autismo e neurociências. Curitiba: Editora Appris, 2021.
LOURO, V. S. A educação musical unida à psicomotricidade como ferramenta para o neurodesenvolvimento de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (Tese de Doutorado em Neurologia e Neurociências) São Paulo: UNIFESP, 2017.
LUCERO, A. et al. “A função constitutiva da voz e o poder da música no tratamento do autismo”. Psicologia em Estudo, vol. 26, 2021.
MATOS, B. G. et al. “A produção sobre transtorno do espectro autista: Um estudo de caso em anais de eventos na grande Dourados (MS)”. Boletim de Conjuntura (BOCA), vol. 15, n. 44, 2023.
MED, B. Teoria da música. Brasília: Editora Musimed. 1996.
MEIMES, M. A interação mãe-criança e autismo contribuição dos fatores psicossociais (Dissertação de Mestrado em Psicologia). Porto Alegre: UFRGS, 2014.
MELLO, E. F. F.; TEXEIRA, A. C. “A interação social descrita por Vigotski e a sua possível ligação com a aprendizagem colaborativa através das tecnologias de rede”. Anais do IX Seminário de Pesquisa em Educação da Região Sul. Caxias do Sul: UCS, 2012.
NCAEP – National Clearinghouse on Autism Evidence and Practice Review Team. Evidence-based practices for children, youth, and young adults with Autism. Chapel Hill: NCAEP, 2020. Disponível em: . Acesso em: 21/08/2023.
PIMENTA, H. S.; SANTOS, E. M. "A responsabilização da mulher pelo cuidado com o filho autista: Fatores históricos e discursivos". Boletim de Conjuntura (BOCA), vol. 16, n. 47, 2023.
ROMEIRA, G. M. Transtorno do espectro autista: estilo interativo do avaliador durante a hora lúdica diagnóstica (Dissertação de Mestrado em Psicologia). Porto Alegre: UFRGS, 2019.
SAMPAIO, R. T. et al. “A Musicoterapia e o Transtorno do Espectro do Autismo: uma abordagem informada pelas neurociências para a prática clínica”. Per Musi, vol. 32, 2015.
SHAUGHNESSY, J. J. et al. Metodologia de pesquisa em psicologia. Porto Alegre: Editora AMGH, 2012.
SILVA, M. A. D. et al. “Development of the dimensional inventory of child development assessment (IDADI)”. Psico-USF, vol. 24, n. 1, 2019.
STEMLER, S. E. “A comparison of consensus, consistency, and measurement approaches to estimating interrater reliability”. Practical Assessment, Research, and Evaluation, vol. 9, n. 4, 2004.
TOMASELLO, M. Origens culturais da aquisição do conhecimento humano. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2003.
WHO - World Health Organization. ICD-11 Reference Guide. Genebra: OMS, 2019.
ZANON, R. B. et al. “Diferenças conceituais entre resposta e iniciativa de atenção compartilhada”. Psicologia: Teoria e Prática, vol. 17, n. 2, 2015.
ZANON, R. B. et al. Adaptações e competências parentais durante o processo diagnostico do transtorno do espectro autista. In: PEREIRA, V. A.; RODRIGUES, O. M. P. R. (orgs.). Parentalidade (responsável). Curitiba: Editora CRV, 2023.