CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA NO PROCESSO PENAL: DIÁLOGOS ENTRE DIREITO E LITERATURA NA OBRA O CONDE DE MONTE CRISTO

##plugins.themes.bootstrap3.article.main##

Elvis Gomes Marques Filho
Íris Maria de Sousa Sá

Resumo

O tema desta pesquisa é o contraditório e a ampla defesa no processo penal que culmina no julgamento e condenação de Edmond Dantès, protagonista da Obra O Conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas. O objetivo deste estudo consiste em apreciar o contraditório e a ampla defesa como força motora do processo penal, especialmente no contexto brasileiro, através de investigação interdisciplinar entre literatura e direito. Quanto à metodologia, este estudo utiliza-se da interdisciplinaridade, tratando-se de pesquisa bibliográfica e documental, de natureza pura e qualitativa, realizada por meio do método dedutivo-normativo, norteado pela análise de conteúdo. Para tanto, analisou-se inicialmente de que formas a literatura e o direito podem estar conectados, e, como, portanto, sua associação se faz necessária para a presente investigação. Em seguida, revisou-se historicamente de que maneira o contraditório e a ampla defesa se estabeleceram no corpo legal brasileiro. Quanto aos resultados identificados neste estudo, apontou-se que, na obra O Conde de Monte Cristo, a ausência de aplicação dos princípios do contraditório e da ampla defesa no processo penal revelou situações jurídicas de flagrante ilegalidade e de injustiça, potencialmente esmagadoras do condenado e de sua alma. Desse modo, este estudo concluiu que o contraditório e a ampla defesa são a matriz principiológica do devido processo penal. No entanto, sua positivação não necessariamente reflete na aplicação destes princípios na prática, e, abandonando-os a meros dizeres, torna-se o processo uma força tirânica.

##plugins.themes.bootstrap3.article.details##

Como Citar
MARQUES FILHO, E. G.; SÁ, Íris M. de S. . CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA NO PROCESSO PENAL: DIÁLOGOS ENTRE DIREITO E LITERATURA NA OBRA O CONDE DE MONTE CRISTO. Boletim de Conjuntura (BOCA), Boa Vista, v. 17, n. 49, p. 104–127, 2024. DOI: 10.5281/zenodo.10475802. Disponível em: https://revista.ioles.com.br/boca/index.php/revista/article/view/3004. Acesso em: 12 maio. 2024.
Seção
Ensaios

Referências

ABREU, N. P. “Princípio do juiz natural”. Revista do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, vol. 17, n. 9, 2005.

AMORIM, A. L.; SOMMER, F. P. D. “A Advocacia Criminal e sua importância à administração da justiça e manutenção do Estado Democrático de Direito”. Revista Jurídica Direito, Sociedade e Justiça, vol. 5, n. 7, 2018.

ARBELÁEZ, L. C. V. “The contradictory relationship between security and human rights”. Revista Criminalidad, vol. 65, n. 2, 2023.

AUFIERO, M. J. M. “A prática inquisitorial no Brasil: história e contemporaneidade”. Revista Brasileira de Segurança Pública, vol. 5, n. 2, 2011.

BARBOSA, E. S. “O devido processo penal e as garantias do contraditório e da ampla defesa no inquérito policial”. Sistema Penal e Violência, vol. 3, n. 1, 2011.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Editora Edições 70, 2015.

BOSCHI, J. A. P. et al. “A sentença penal”. Revista de Estudos Criminais, n. 5, 2002.

CAPPELLE, M. C. A.; MELO, M. C. O. L.; GONÇALVES, C. A. “Análise de conteúdo e análise de discurso nas ciências sociais”. Organizações Rurais e Agroindustriais, vol. 5, n. 1, 2003.

CUNHA, P. P. Anti-Leviatã: Direito, Política e Sagrado. Porto Alegre: Editora Fabris, 2005.

FAJARDO-ROMERO, C. J.; POZO-CABRERA, E. E. “Vulneración del principio de contradicción con la práctica probatoria”. Revista Arbitrada Interdisciplinaria Koinonía, vol. 7, n. 2, 2022.

FLICK, U. Introdução à metodologia de pesquisa: um guia para iniciantes. Porto Alegre: Editora Penso, 2013.

FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: Editora UEC, 2002.

GERHARDT, T. E.; SILVEIRA, D. T. Métodos de pesquisa. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Editora Atlas, 2002.

GODOY, A. S. M. Direito e Literatura: ensaio de síntese teórica. Porto Alegre: Editora Livraria do Advogado, 2008.

GRINOVER, A. P. “O princípio do juiz natural e sua dupla garantia”. Revista de Processo, vol. 29, 1983.

HULSMAN, L.; CELIS, J. B. Penas perdidas: o sistema penal em questão. Niterói: Editora LUAM, 1993.

JARDIM, A. S. Ação penal pública: princípio da obrigatoriedade. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2001.

JUNQUEIRA, E. B. Literatura e Direito: uma outra leitura do mundo das leis. Rio de Janeiro: Editora Letra Capital, 1998.

LACERDA, R. “A grande ficção e o bom gosto”. In: DUMAS, A. O Conde de Monte Cristo. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2020.

LEIS, H. R. “Sobre o conceito de interdisciplinaridade”. Cadernos de Pesquisa Interdisciplinar em Ciências Humanas, vol. 6, n. 73, 2005.

MARINO, L. F. “O governo dos indesejados: a morte e o cárcere como dinâmicas de controle social e de ordenamento do território”. Boletim de Conjuntura (BOCA), vol. 12, n. 36, 2022.

MENDES, M. L. D. “A história na visão de Alexandre Dumas”. Alea, vol. 6, n. 1, 2004.

MEYER, M. Folhetim: uma história. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 1996.

MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo: Editora Hucitec, 2010.

OLIVEIRA, T. “Educação e lutas políticas na restauração francesa”. Acta Scientiarum: Human and Social Sciences, vol. 22, 2000.

REICHELT, L. R. “A exigência da publicidade dos atos processuais na perspectiva do direito ao processo justo”. Revista de Processo, vol. 39, n. 234, 2014.

REIS, K. G. O Direito de conhecer o direito: elementos de uma educação libertária para a cidadania participativa (Dissertação de Mestrado em Direito). Florianópolis: UFSC, 2011.

STRECK, L. L.; KARAM, H. “A literatura ajuda a existencializar o direito”. Anamorphosis: Revista Internacional de Direito e Literatura, vol. 4, n. 2, 2018.

TRINDADE, A. K.; BERNSTS, L. G. “O estudo do direito e literatura no Brasil: surgimento, evolução e expansão”. Anamorphosis: Revista Internacional de Direito e Literatura, vol. 3, n. 1, 2017.

TUCCI, R. L. Direitos e garantias individuais no processo penal brasileiro. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009.

VASCONCELLOS, V. G. Direito ao recurso no processo penal: conteúdo e dinâmica procedimental de um modelo de limitação do poder punitivo estatal pelo controle efetivo da sentença condenatória (Tese de Doutorado em Direito). São Paulo: USP, 2017.

WIGMORE, J. H. A List of One Hundred Legal Novels. Illionois: Illinois Law Review, 1922.

ZAVATTA, L. “A Paradoxical Ambivalence in Criminal Law Purposes and Functions of Punishment”. Journal of Law and Criminal Justice, vol. 8, n. 2, 2020.