A PRODUÇÃO E A LEITURA DO GÊNERO DISCURSIVO “MEMÓRIA DE AULA” COMO PROCESSOS DIALÓGICOS
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Resumo
Neste texto, tratamos sobre a leitura e escrita do gênero discursivo “Memória de Aula” (MA) no Ensino Superior (ES), a partir da produção e da leitura desse gênero, essas concebidas como processos dialógicos que acontecem partindo do entrecruzamento de discursos proferidos em sala de aula, em dada situação comunicativa. Objetivamos compreender como pode se dar a produção de uma MA e como ela pode ser (re)construtora de sentidos durante sua leitura, visando estimular outros professores a adotarem práticas semelhantes em suas aulas. Metodologicamente, nossa pesquisa é qualitativa e, quanto aos fins, de natureza descritiva, exploratória e explicativa. Os dados foram gerados a partir das produções textuais produzidas pelos estudantes do 2º período do curso de graduação em Pedagogia de uma Instituição de Ensino Superior (IES) da cidade de Goiânia-GO. As análises interpretativas e reflexivas foram realizadas com base no levantamento bibliográfico feito, tecendo um diálogo entre as teorias e os dados gerados. A fundamentação teórica parte de estudos sobre a teoria dialógica da linguagem do Círculo de Bakhtin em diálogo com a teoria sociocultural de Vigotski e com a perspectiva da pedagogia crítica de Paulo Freire. Como resultado do estudo, podemos avaliar que a experiência da produção da MA comprova a produção de gêneros discursivos como prática viva da linguagem capaz de fazer os interlocutores interagirem e produzirem novos conhecimentos. Dessa forma, os sujeitos leitores reconhecem e experienciam possibilidades e aceitabilidade de sentido conferidos ao texto por meio da interação verbal, em que os efeitos de sentido apreendidos no âmbito coletivo ultrapassam os sentidos que o autor do texto conseguiu imprimir enquanto escrevia ou, até mesmo, ultrapassam as expectativas de ramificação dos sentidos que teve ao produzir o discurso escrito, ressignificando o texto. Sendo assim, com base nos resultados e discussões apresentados, concluímos que a produção e a leitura da MA como recurso metodológico colabora dialogicamente para a formação de sujeitos mais ativos, responsivos, mais abertos às práticas de leitura e escrita e mais compromissados com o processo de ensino-aprendizagem ao qual fazem parte, passando a ser um instrumento avaliativo-formativo indicado para as aulas de Língua Portuguesa (LP) e outros componentes curriculares, não apenas no ES.
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