PESQUISA EM EDUCAÇÃO: RELAÇÕES DE TRABALHO, (IN)DECISÕES E CADÊNCIA DOS ENTREPASSOS

##plugins.themes.bootstrap3.article.main##

Maria Enísia Soares de Souza
Juracy Machado Pacífico
Iranira Geminiano de Melo

Resumo

Este texto tem como tema a pesquisa em educação, vista como trabalho e lugar que podem ser definidos pelos envolvidos no processo investigativo. O objetivo da abordagem é o de promover uma reflexão sobre os sentidos e métodos da pesquisa-ação, entendida também como pesquisa social e pesquisa qualitativa. Seguiu-se a metodologia da pesquisa bibliográfica, com abordagem descritiva, que se desenvolveu a partir do diálogo com as contribuições teóricas sobre a relação da pesquisa em educação, pesquisa qualitativa como pesquisa soft, a exemplo da pesquisa-ação, ação em ciclo, que sugere interminalidade, sistematização orientada por indicativos que perpassam pelo participante, pelo local onde ele está e remetem à compreensão de que a tarefa de pesquisar pressupõe constantes reelaborações. Os resultados sugerem o entendimento do processo da pesquisa-ação como trabalho, em que há necessidade de o pesquisador – durante o caminho – observar os “ventos” que o orientam a buscas, permitindo-se a incerteza para, então, redefinir direções de forma colaborativa com o outro, reconhecendo que o estranhamento é efetivo e que a familiaridade pode colocar o pesquisador diante de pontos cegos, os quais podem comprometer tanto a relação com o outro quanto dificultar o encontro de resposta (s) ao problema investigado. Para ilustrar esse processo estético e sensível são citados cuidados nas formas de levantamento de dados, com ênfase na entrevista narrativa e nas observações, nos olhares que podem ser feitos com o outro – professores, estudantes e membros das associações folclóricas do Duelo da Fronteira, um evento cultural da cidade de Guajará-Mirim, estado de Rondônia, em que os Bois Flor do Campo e Malhadinho são os principais personagens. Conclui-se que, a pesquisa-ação exige do pesquisador a articulação entre ele e os seus outros, nos entrepassos investigativos dos espaços e dos lugares da memória coletiva, local e regional, que trazem representações de saberes, de celebrações e formas de expressão nos diversos domínios da prática social que, definitivamente, darão ênfase (o tom) ao que se entende por pesquisa social.

##plugins.themes.bootstrap3.article.details##

Como Citar
SOUZA, M. E. S. de .; PACÍFICO, J. M.; MELO, I. G. de . PESQUISA EM EDUCAÇÃO: RELAÇÕES DE TRABALHO, (IN)DECISÕES E CADÊNCIA DOS ENTREPASSOS. Boletim de Conjuntura (BOCA), Boa Vista, v. 15, n. 44, p. 340–354, 2023. DOI: 10.5281/zenodo.8254004. Disponível em: https://revista.ioles.com.br/boca/index.php/revista/article/view/1912. Acesso em: 11 maio. 2024.
Seção
Ensaios

Referências

AMORIM, M. O pesquisador e seu outro: Bakhtin nas Ciências Humanas. São Paulo: Editora Musa, 2004.

BARROS, M. Retrato do artista quando coisa. Rio de Janeiro: Editora Record, 2002.

BAUER, M. W.; GASKELL, G.; ALLUM, N. C. “Qualidade, quantidade e interesses do conhecimento – evitando confusões”. In: BAUER, M. W.; GASKELL, G. (orgs.). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. Petrópolis: Editora Vozes, 2015.

BAUER, M. W.; AARTS, B. “A construção do corpus: um princípio para a coleta de dados qualitativos”. In: BAUER, M. W.; GASKELL, G. (orgs.). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. Petrópolis: Editora Vozes, 2015.

BOGDAN, R. C.; BIKLEN, S. K. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria e aos métodos. Porto: Editora Porto, 1994.

FLICK, U. Introdução à pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Editora Artmed, 2009.

GASKELL, G. “Entrevistas Individuais e Grupais”. In: BAUER, M. W.; GASKELL, G. (orgs.). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. Petrópolis: Editora Vozes, 2015.

GATTI, B. A. et al. Professores do Brasil: novos cenários de formação. Brasília: Unesco, 2019.

JOVCHELOVITCH, S.; BAUER, M. W. “Entrevista Narrativa”. In: BAUER, M. W.; GASKELL, G. (orgs.). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. Petrópolis: Editora Vozes, 2015.

LAZARSFELD, T. “An Episode in the history Research: a Memoir”. In: FLEMMING, D.; BAILYN, B. (orgs.). The intelectual Migration: Europe and America 1930-1960. Cambridge: HUP, 1968.

MALINOWSKI, B. Um diário no sentido estrito do termo. Rio de Janeiro: Editora Record, 1997.

MADSEN, K. L.; LUND, O.; JENSEN, J. “(En)action research: practice transformation through processes of participatory sense-making in educational action research”. Research Gate [2023]. Disponível em: . Acesso em: 12/08/2023.

MILLS, C. W. “Do Artesanato Intelectual”. In: MILLS, C. W. A imaginação sociológica. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 1969.

SÁ, S. F. Formação do professor-pesquisador: Estudo de caso em curso de Ciências Biológicas. Boa Vista: Editora IOLE, 2021.

SALO, P.; RÖNNERMAN, K. “Educational Action Research for Being”. Nordic Studies in Education, vol. 43, 2023.

SANTOS, B. S. A universidade no século XXI: para uma reforma democrática e emancipatória da Universidade. São Paulo: Editora Cortez, 2011.

SASAHARA, M. “Action Research on Education for Children with Severe and Profound Intellectual Disabilities”. Journal of Special Education Research, vol. 61, 2023.

SEGALEN, V. Essai sur l'exotisme, une esthétique du divers. Paris: Fata Morgana, 1978.

SEMATHONG, S. Participatory Action Research to Develop the Teachers on Classroom Action Research. Shanlax International Journal of Education, vol. 11, n. 3, 2023.

SÖRLIN, S. “Till bildningens försvar: Den svåra konsten att veta tillsammans”. Natur och Kultur 2019. Disponível em: . Acesso em: 14/08/2023.

THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Editora Cortez, 2011.

TRIPP, D. “Pesquisa-ação: uma introdução metodológica”. Educação e Pesquisa, vol. 31, n. 3, 2005.