DAS POLÍTICAS TERRITORIAIS DA ABERTURA DA FRONTEIRA NA AMAZÔNIA AO AVANÇO DO NEOXTRATIVISMO
Contenido principal del artículo
Resumen
O avanço da fronteira, manifestado através das políticas territoriais materializadas na Amazônia Legal, propiciou, desde a abertura da fronteira ao seu caráter neoextrativista, sua cristalização entre os anos de 1960 a 2022. Desse modo, estabelece-se a Amazônia Legal como área de pesquisa para esse estudo, em virtude de ser alvo desse avanço da fronteira, precisamente no período expresso acima. Deste modo, o objetivo deste estudo é analisar como as políticas territoriais implementadas na Amazônia influenciam desde a abertura da fronteira ao avanço neoextrativista, evidenciando de que forma esse processo é impulsionado pelo desmatamento, instalação de obras de infraestrutura e pelas atividades de mineração, deslocando-se e se intensificando entre os anos de 1960 a 2022. A metodologia é composta pela revisão bibliográfica, pesquisa documental, aquisição e sistematização de dados. Os principais dados utilizados compreendem os dados do Projeto de Mapeamento Anual de Uso e Cobertura do Solo no Brasil (MAPBIOMAS), Cadastro Nacional de Unidades de Conservação (CNUC), Fundação Nacional do Índio (FUNAI), Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), Agência Nacional de Mineração (ANM) e, por fim, as principais políticas públicas territoriais com respaldo sobre a Amazônia. Os principais resultados apontados nesse estudo verificam que, entre a abertura da fronteira e o avanço da fronteira neoextrativista, cresceram significativamente o número de desmatamentos, o volume de estradas, usinas hidrelétricas, áreas de mineração e hidrovias, ampliando-se a expansão da fronteira sobre os limites da Amazônia e, em específico, sobre as Unidades de Conservação. Sendo assim, conclui-se que a fronteira revela o mesmo padrão ocupacional do Brasil, que se expandiu desde a margem atlântica, sempre incorporando áreas e territórios vistos e tidos como necessários ao desenvolvimento econômico.
Detalles del artículo

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
Copyright (c). Boletim de Coyuntura (BOCA)
Este obra está bajo una licencia de Creative Commons Reconocimiento 4.0 Internacional.
Citas
ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica. Sistema de Informações Georreferenciadas do Setor Elétrico. Brasília: ANEEL, 2022. Disponível em: . Acesso em: 05/10/2023.
ANM - Agência Nacional de Mineração. Sistema de Informação Geográfica de Mineração. Brasília: Agência Nacional de Mineração, 2022. Disponível em: . Acesso em: 05/10/2023.
ARAÚJO, G. V. L. S.; CAVALCANTE, M. M. A. “Hidrelétricas na Pan-amazônia e a desterritorialização das comunidades ribeirinhas de Vila do Teotônio/Brasil e Cachuela Esperanza/Bolívia”. Boletim de Conjuntura (BOCA), vol. 21, n. 61, 2025.
ARCHELA, R. S.; THÉRY, H. “Orientação metodológica para construção e leiturade mapas temáticos”. CONFINS, n. 3. 2008.
BEBBINGTON, A. “The new extraction: rewriting the political ecology of the Andes?” NACLA Report on the Americas, vol. 42, n. 5, 2009.
BECKER, B. K. “Amazônia”. In: VIEIRA, I. C. M. (orgs.). As Amazônias de Bertha K. Becker: Ensaios sobre geografia e sociedade na região Amazônica. Rio de Janeiro: Editora Garamond, 2015b.
BECKER, B. K. “Geopolítica da Amazônia a nova fronteira de recursos”. In: VIEIRA, I. C. M. (orgs.). As Amazônias de Bertha K. Becker: Ensaios sobre geografia e sociedade na região Amazônica. Rio de Janeiro: Editora Garamond, 2015a.
BECKER, B. K. “Geopolítica da Amazônia”. Estudos Avançados, vol. 19, n. 53, 2005.
BELFORTE, L. C. M. “Hidrelétrica de Santo Antônio, Desterritorialização e Impactos no Reassentamento Santa Rita-RO”. Boletim de Conjuntura (BOCA), vol. 23, n. 68, 2025.
BRASIL. I Plano Nacional de Desenvolvimento da Nova República. Brasília: SPI Biblioteca Digital do Desenvolvimento, 1986. Disponível em: . Acesso em: 04/01/2025.
BRASIL. I Plano Nacional de Desenvolvimento. Brasília: SPI Biblioteca Digital do Desenvolvimento. 1971. Disponível em: . Acesso em: 04/01/2025.
BRASIL. II Plano Nacional de Desenvolvimento. Brasília: SPI Biblioteca Digital do Desenvolvimento. 1974. Disponível em: . Acesso em: 04/01/2025.
BRASIL. III Plano Nacional de Desenvolvimento. Brasília: SPI Biblioteca Digital do Desenvolvimento. 1980. Disponível em: . Acesso em: 04/01/2025.
BRASIL. Lei n. 10.933, de 11 de agosto de 2004. Brasília: Planalto, 2004. Disponível em: . Acesso em: 04/01/2025.
BRASIL. Lei n. 11.653, de 7 abril de 2008. Brasília: Planalto, 2008. Disponível em: . Acesso em: 04/01/2025.
BRASIL. Lei n. 12.593, de 18 de janeiro de 2012. Brasília: Planalto, 2012. Disponível em: . Acesso em: 04/01/2025.
BRASIL. Lei n. 13.249, de 13 de janeiro de 2016. Brasília: Planalto, 2016. Disponível em: . Acesso em: 04/01/2025.
BRASIL. Lei n. 13.971, de 27 de dezembro de 2019. Brasília: Planalto, 2019. Disponível em: . Acesso em: 04/01/2025.
BRASIL. Lei n. 9.276, de 9 de maio de 1996. Brasília: Planalto, 1996. Disponível em: . Acesso em: 04/01/2025.
BRASIL. Lei n. 9.989, de 21 de julho de 2000. Brasília: Planalto, 2000. Disponível em: . Acesso em: 04/01/2025.
CÂMARA, G.; DAVIS, C.; MONTEIRO, A. M. V. Introdução à Ciência da Geoinformação. São José dos Campos: INPE, 2001.
CASTRO, E. R. “Amazônia na encruzilhada: saque colonial e lutas de resistência”. In: CASTRO, CASTRO, E. R. (orgs.). Território em transformação na Amazônia: Saberes, Rupturas e Resistências. Belém: NAEA, 2017.
CAVALCANTE, F. C. S. “Formação Socioeconômica do Estado do Acre”. In: CASTRO, E. R.; CAMPOS, I. (orgs.). Formação Socioeconômica da Amazônia. Belém: NAEA, 2015.
CAVALCANTE, M. M. A. et al. “Hydroelectric Plants and Conservation Unit in The Amazon”. Mercator, vol. 20, 2021.
CAVALCANTE, M. M. A. Hidrelétricas do Rio Madeira-RO: território, tecnificação e meio ambiente (Tese de Doutorado em Geografia). Curitiba: UFPR, 2012.
CAVALCANTE, M. M. A.; SANTOS, L. J. C. “Hydroelectric at the Madeira River: tensions about the territory using and the natural resources in the Amazon”. CONFINS, n. 15, 2012.
COSTA, C. E. L.; GONZALES, J. F. G. “Infraestrutura e integração regional: A experiência do IIRSA na América do Sul”. Boletim de Economia e Política Internacional, n. 18. 2014.
COSTA, G. M. Unidades de Conservação e usinas hidrelétricas na Amazônia: avaliação de implementação de gestão de UCs do entorno das usinas do Rio Madeira (Dissertação de Mestrado em Geografia). Porto Velho: UNIR, 2019.
COSTA, W. M. “Políticas Territoriais”. In: GIOVANNI, G.; NOGUEIRA, M. A. (orgs.). Dicionário de Políticas Públicas. São Paulo: Editora da UNESP. 2018.
DEMATTEIS, G. Rivoluzione Quantitativa” e nuova geografia. Turim: Unito, 1970.
DNIT - Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. Banco de Informações de Transportes. Brasília: DNIT, 2022. Disponível em: . Acesso em: 08/03/2025.
FONSECA, R. S.; RABELLO, C. B. R. “Formação Socioeconômica do Estado de Rondônia”. In: CASTRO, E. R.; CAMPOS, I. (orgs.). Formação Socioeconômica da Amazônia. Belém: NAEA, 2015.
FOUCAULT, M. La Valontà di Sapere. Storia della Sessualità I. Milano: Feltrinelli, 1987.
FUNAI - Fundação Nacional do Índio. Geoprocessamento e Mapas. Brasília: Funai, 2022. Disponível em: . Acesso em: 04/01/2025.
GOTTMANN, J. “The Evolution of the concept of Territory”. Social Science Information, n. 14, 1975.
GOTTMANN, J. The Significance of Territory. Charlottesville: Virginia, 1973.
HARVEY, D. A Brief History of Neoliberalism. New York: Oxford University, 2005.
HARVEY, D. Spaces of Capital: Towards a Critical Geography. New York: Edinburgh University Press, 2001.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Amazônia Legal. Rio de Janeiro: IBGE, 2024. Disponível em: . Acesso em: 04/01/2025.
ISA - Instituto Socioambiental. Placar de Unidades de Conservação. Pará: ISA, 2022. Disponível em: . Acesso: 22/10/2025.
KOHLHEPP, G. “Conflitos de Interesse no Ordenamento Territorial da Amazônia Brasileira”. Estudos Avançados, vol. 16. n. 45, 2002.
LIMA, D. A.; VARROTTI, A. P. S. “Avance de la frontera agropecuaria, land grabbing y resistências en la Amazonía brasileña”. In: PEREYRA, J. P. N. et al. (orgs.). Expansión mercantil capitalista y la Amazonía como nueva frontera de recursos en el siglo XXI. La Paz: CLACSO, 2021.
MALHEIRO, B.; PORTO-GONÇAVES, C.; MICHELOTTI, F. Horizontes Amazônicos. São Paulo: Editora Expressão Popular, 2021.
MAPBIOMAS. Infográfico dos dados de Mineração. Brasília: MapBiomas, 2020. Disponível em: . Acesso em: 05/10/2025.
MAPBIOMAS. Plataforma de uso e cobertura do solo no Brasil. Brasília: MapBiomas, 2022. Disponível em: . Acesso em: 05/10/2025.
MARTINS, H. et al. Deforestation in reduced protected areas in the Amazon. Belém: Editora Imazon, 2014.
MELLO, N. A. Políticas territoriais na Amazônia. São Paulo: Editora Anablume, 2006.
MESQUITA, B. A. et al. “Formação Socioeconômica do Estado do Maranhão”. In: CASTRO, E. R.; CAMPOS, I. (orgs.). Formação Socioeconômica da Amazônia. Belém: NAEA, 2015.
MILANEZ, B.; SANTOS, R. S. P. “Minería en Brasil: Problemas, perspectivas y desafios”. In: VILLEGAS, P. et al. (orgs.). Extractivismo: Nuevos Contextos de Dominación y Resistencias. Cochabamba: CEDIB, 2014.
MMA - Ministério do Meio Ambiente. Cadastro Nacional de Unidades de Conservação. Brasília: MMA, 2022. Disponível em . Acesso em: 10/01/2025.
MONTEIRO, M. A.; COELHO, M. C. N. “As Políticas Federais e Reconfigurações Espaciais na Amazônia”. Novos Cadernos NAEA, vol. 7, n. 1, 2004.
PACK, S. M. “Protected area downgrading, downsizing, and degazettement (PADDD) in the Amazon”. Biological Conservation, vol. 197, 2016.
PAREDES, M. M.; MANCHENO, T. V. “El regreso de El Dorado”. In: PEREYRA, J. P. N. et al. (orgs.). Expansión mercantil capitalista y la Amazonía como nueva frontera de recursos en el siglo XXI. La Paz: CLACSO, 2021.
RABELLO, A. C. “Amazônia: Uma fronteira volátil”. Estudos Avançados, vol. 27, n. 78, 2013.
RAFFESTIN, C. Pour une geographie du pouvoir. Paris: Litec, 1980.
RAISG - Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada. “Dados cartográficos”. RAISG [2022]. Disponível em: . Acesso: 22/10/2025.
RAISG - Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada. “Presiones y Amenazas sobre las Áreas Protegidas y los Territorios Indígenas de la Amazonía em 2018”. RAISG [2018]. Disponível em: . Acesso: 22/10/2025.
RAISG - Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada. “Cartografia Histórica de Áreas Naturales Protegidas y Territorios Indígenas en la Amazonía”. RAISG [2016]. Disponível em: . Acesso: 22/10/2025.
RAISG - Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada. “Presiones y Amenazas sobre las Áreas Protegidas y los Territorios Indígenas de la Amazonía em 2015”. RAISG [2015]. Disponível em: . Acesso: 22/10/2025.
SACK, R. Human Territoriality: its Theory and history. Cambridge: Cambridge University Press, 1986.
SAQUET, M. A. “Estudos territoriais: os conceitos de território e territorialidade como orientações para pesquisa científica”. In: FRAGA, N. C. (org.). Territórios e Fronteiras (re) Arranjos e Perspectivas. Florianópolis: Editora Insular, 2017.
SAQUET, M. A. Abordagens e concepções de território. São Paulo: Editora Expressão Popular, 2015.
SILVA, C. A. F. “Fronteira agrícola capitalista e ordenamento territorial”. In: SANTOS. M. et al. (orgs.). Território, Territórios ensaios sobre o ordenamento territorial. Rio de Janeiro: Editora Lamparina, 2007.
SOUZA, M. L. Os conceitos fundamentais da pesquisa sócio-espaciais. Rio de Janeiro: Editora Bertrand, 2020.
SPOSITO, E. S. Geografia e filosofia: contribuição para o ensino do pensamento geográfico. São Paulo: Editora da UNESP, 2004.
SVAMPA, M. Las fronteras del Neoextrativismo en América Latina: Conflictos sociambientales, giro ecoterritorial y nuevas dependencias. Jalisco: Universidad de Guadalajara CALAS, 2019.
SVAMPA, M.; SLIPAK, A. M. “China en América Latina: del consenso de los commodities al consenso de Beijing”. Ensambles, vol. 1, n 3, 2015.
THÉRY, H.; MELLO-THÉRY, N. A. Atlas do Brasil disparidades e dinâmicas do território. São Paulo: Editora da Unifesp, 2018.
VAINER, C. B; ARAÚJO, F. G. B. Grandes Projetos Hidrelétricos e Desenvolvimento Regional. Rio de Janeiro: CEDI, 1992.
VERÍSSIMO, A. et al. Áreas protegidas na Amazônia brasileira: avanços e desafios. Belém: IMAZON, ISA, 2011.
WANDERLEY, L. J. et al. Atlas do Problema Ambiental Brasileiro. Brasília: Observatório dos Conflitos de Mineração no Brasil, 2023.