DESEJABILIDADE SOCIAL NO ESTUDO DE ESTEREÓTIPOS DE MINORIAS SOCIAIS: COMPARANDO COLETAS ONLINE E PRESENCIAL
Contenido principal del artículo
Resumen
Os estudos sobre preconceitos e estereótipos de grupos sociais frequentemente são suscetíveis a desejabilidade social. Isso acontece devido a normas antipreconceito que podem ser ativadas em alguns contextos, como na presença dos pesquisadores nas coletas de dados. Esse estudo objetivou investigar se o tipo de coleta influencia a atribuição de estereótipos de competência e sociabilidade dirigidos a seis grupos minorizados (mulheres, negros, lésbicas, gays, pessoas com deficiência e pessoas indígenas). Para isso, contou-se com uma amostra de 258 estudantes universitários com idades entre 18 e 59 anos (M = 24; DP = 8,00), em sua maioria mulheres, que responderam a medida de estereótipos que avaliam duas dimensões: competência e sociabilidade. Os participantes responderam a escala para seis grupos frequentemente vítimas de preconceito. Um grupo de participantes respondeu à pesquisa de forma online, sem a presença dos pesquisadores (N = 95), e outro grupo respondeu de forma presencial (N = 163), por meio de aplicação coletiva em salas de aula. Os resultados demonstraram diferenças significativas na atribuição de traços de competência entre os tipos de coleta para os grupos de Mulheres e Indígenas, e de sociabilidade para os grupos de Gays e Lésbicas e em ambas as dimensões para o grupo de PcDs, mesmo após controlar as diferenças individuais. Os achados desse estudo reforçam a importância de controle da desejabilidade social nos estudos sobre preconceito e estereótipos. Ao evidenciar menor viés na coleta online, esse método pode ser uma forma de obter dados mais sinceros sobre a expressão de estereótipos e preconceitos.
Detalles del artículo
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
Copyright (c). Boletim de Coyuntura (BOCA)
Este obra está bajo una licencia de Creative Commons Reconocimiento 4.0 Internacional.
Citas
ALLPORT, G. W. The nature of prejudice. London: Wesley, 1954.
BAKER, A.; FLORACK, A. “Uncovering men’s stereotype content (warmth and competence) associated with a representative range of male body size categories”. Body Image, vol. 37, 2021.
BERNARDI, R. A.; NASH, J. “The importance and efficacy of controlling for social desirability response bias”. Ethics and Behavior, vol. 33, n. 5, 2023.
BISPO JÚNIOR, J. P. “Viés de desejabilidade social na pesquisa qualitativa em saúde”. Revista de Saúde Pública, vol. 56, 2022.
BODENHAUSEN, G. V.; RICHESON, J. A. “Prejudice, stereotyping, and discrimination”. In: BAUMEISTER, R.; FINKEL, E. Advanced Social Psychology. New York: Oxford University Press, 2010.
BURLE, F. R.; TURGEON, M. “Ação afirmativa e desejabilidade social”. Opinião Pública, vol. 26, 2020.
CANTON, E.; HEDLEY, D.; SPOOR, J. R. “The stereotype content model and disabilities”. The Journal of Social Psychology, vol. 163, n. 4, 2023.
CORREIA, S.; MAIA, L. M. “Representações sociais do “ser indígena”: uma análise a partir do não indígena”. Psicologia: Ciência e Profissão, vol. 41, 2021.
COSTA, A. R. L. O controle de desejabilidade social via diferentes formatos de resposta: avaliação da tríade sombria (Tese de Doutorado em Psicologia). Campinas: USF, 2020.
DANFÁ, L. et al. “Preconceito e descontextualização normativa: considerações metodológicas ilustradas pelas representações sobre AIDS na África e Africano”. Psychologica, vol. 60, n. 2, 2017.
DURANTE, F.; FISKE, S. T. “How social-class stereotypes maintain inequality”. Current Opinion in Psychology, vol. 18, 2017.
ERHART, R. S.; HALL, D. L. “A descriptive and comparative analysis of the content of stereotypes about Native Americans”. Race and Social Problems, vol. 11, 2019.
FISKE, S. T. et al. “A model of (often mixed) stereotype content: Competence and warmth respectively follow from perceived status and competition”. Journal of Personality and Social Psychology, vol. 82, n. 6, 2002.
FISKE, S. T. et al. “Universal dimensions of social cognition: Warmth and competence”. Trends in cognitive sciences, vol. 11, n. 2, 2007.
GAMBLIN, B. W. et al. “Comparing in-person, Sona, and Mechanical Turk measurements of three prejudice-relevant constructs”. Current Psychology, vol. 36, 2017.
GNAMBS, T.; KASPAR, K. “Socially desirable responding in web-based questionnaires: A meta-analytic review of the candor hypothesis”. Assessment, vol. 24, n. 6, 2017.
KOIVULA, A.; RÄSÄNEN, P.; SARPILA, O. “Examining social desirability bias in online and offline surveys”. In: HUMAN-COMPUTER INTERACTION. Perspectives on Design: Thematic Area. Orlando: Springer International Publishing, 2019.
KOTZUR, P. F. et al. “‘Society thinks they are cold and/or incompetent, but I do not’: Stereotype content ratings depend on instructions and the social group's location in the stereotype content space”. British Journal of Social Psychology, vol. 59, n. 4, 2020.
KRUMPAL, I. “Determinants of social desirability bias in sensitive surveys: a literature review”. Quality and Quantity, vol. 47, n. 4, 2013.
LIMA, M. E. O. “O que há de novo no "novo" racismo do Brasil?”. Revista Ensaios e Pesquisas em Educação e Cultura, vol. 4, n. 7, 2019.
LIMA, M. E. O. Psicologia social do preconceito e do racismo. São Paulo: Editora Blucher, 2020.
LIMA, M. E. O.; LEITE, M. F. “Conteúdo dos Estereótipos e Preconceito Racial: Efeitos da Cordialidade e da Competência”. Psicologia: Teoria e Pesquisa, vol. 37, 2021.
LIMA, M. E. O.; VALA, J. “As novas formas de expressão do preconceito e do racismo”. Estudos de psicologia, vol. 9, 2004.
LIONÇO, T. et al. “‘Ideologia de Gênero’: estratégia argumentativa que forja cientificidade para o fundamentalismo religioso”. Revista Psicologia Política, vol. 18, n. 43, 2018.
LOPES, R. L.; PEREIRA, C. R. “O impacto da norma anti-racista nas respostas a inquéritos sobre preconceito”. In: ANTÔNIO, J. H. C.; POLICARPO, V. P. (orgs.). Os imigrantes e a imigração aos olhos dos portugueses: Manifestações de preconceito e perspectivas sobre a inserção de imigrantes. Lisboa: Editora Edições 70, 2011.
MAIA, L. M. et al. “Minorias no contexto de trabalho: uma análise das representações socais de estudantes universitários”. Psicologia e Saber Social, vol. 6, n. 2, 2018.
MEISTERS, J.; HOFFMANN, A.; MUSCH, J. “Controlling social desirability bias: An experimental investigation of the extended crosswise model”. PloS One, vol. 15, n. 12, 2020.
MIZAEL, T. M.; ALMEIDA, J. “Revisão de estudos do Implicit Relational Assessment Procedure sobre vieses raciais”. Acta Comportamentalia, vol. 27, n. 4, 2019.
MIZE, T. D.; MANAGO, B. “The stereotype content of sexual orientation”. Social Currents, vol. 5, n. 5, 2018.
NEPOMUCENO, M. F.; CARVALHO-FREITAS, M. N. “Estereótipos de pessoas com deficiência: competência versus cordialidade na questão das cotas”. Interação em Psicologia, vol. 25, n. 1, 2021.
OKUYAN, M.; VOLLHARDT, J, R. “The role of group versus hierarchy motivations in dominant groups’ perceived discrimination”. Group Processes and Intergroup Relations, vol. 25, n. 3, 2022.
PEREIRA, C. R.; VALA, J. “Do preconceito à discriminação justificada”. In-Mind_Português, vol. 1, 2010.
VAUGHN, A. A. et al. “Stereotypes, emotions, and behaviors toward lesbians, gay men, bisexual women, and bisexual men”. Journal of Homosexuality, vol. 64, n. 13, 2017.
VESELY, S.; KLÖCKNER, C. A. “Social desirability in environmental psychology research: Three meta-analyses”. Frontiers in Psychology, vol. 11, 2020.