A ÁGUA COMO BEM COMUM: UM ESTUDO BIBLIOMÉTRICO EM ÂMBITO INTERNACIONAL

##plugins.themes.bootstrap3.article.main##

Camila de Assis Silva
José Roberto Pereira
Valderí de Castro Alcântara

Resumo

A temática desta pesquisa centra-se nos bens comuns, introduzidos na academia por meio de pesquisas antropológicas e abordagens neo-institucionalistas voltadas à gestão de recursos naturais. Diante disso, este artigo buscou responder à seguinte questão de pesquisa: como o campo científico da água como bem comum tem se estruturado de forma intelectual e conceitual no contexto internacional? Portanto, este trabalho teve como objetivo geral compreender o campo científico da água como bem comum, identificando as estruturas intelectuais e conceituais desenvolvidas em relação ao assunto no contexto internacional. A metodologia adotada consistiu em uma revisão bibliométrica inspirada no protocolo PRISMA, cujo levantamento de dados foi realizado em junho de 2022, na base de dados SciVerse Scopus, contemplando documentos classificados como artigos e artigos de revisão, totalizando 392 trabalhos. A análise foi organizada por meio da análise de conteúdo, da qual emergiram quatro categorias elaboradas de modo indutivo, a partir dos artigos incluídos, a saber: (1) Gestão das Águas; (2) Privatização das Águas; (3) Direito à Água; e (4) Águas e Ação Coletiva. Os resultados indicam que, embora haja avanços significativos na compreensão da água como bem comum, persistem desafios relacionados à sua mercantilização e ao acesso desigual, o que reforça a necessidade de políticas públicas integradas e de práticas colaborativas de gestão. Conclui-se que o campo científico da água como bem comum encontra-se em constante expansão, caracterizado por uma pluralidade de abordagens teóricas e empíricas que refletem sua complexidade enquanto recurso vital, social e político.

##plugins.themes.bootstrap3.article.details##

Como Citar
SILVA, C. de A.; PEREIRA, J. R. .; ALCÂNTARA, V. de C. . A ÁGUA COMO BEM COMUM: UM ESTUDO BIBLIOMÉTRICO EM ÂMBITO INTERNACIONAL. Boletim de Conjuntura (BOCA), Boa Vista, v. 24, n. 71, p. 01–32, 2025. DOI: 10.5281/zenodo.17624858. Disponível em: https://revista.ioles.com.br/boca/index.php/revista/article/view/8100. Acesso em: 21 nov. 2025.
Seção
Artigos

Referências

ADAMS, E. A.; ZULU, L. C. “Participants or customers in water governance? Community-public partnerships for peri-urban water supply”. Geoforum, vol. 65, 2015.

AL-BAKRI, J. T. et al. “Impact of climate and land use changes on water and food security in Jordan: implications for transcending “the tragedy of the commons”. Sustainability, vol. 5, n. 2, 2013.

ALCÂNTARA, V. C. Práticas de gestão das águas minerais e os movimentos deliberativos da gestão social no Circuito das Águas no Sul de Minas Gerais (Tese de Doutorado em Administração). Lavras: UFLA, 2018.

ALTAF, S.; GOETZKE, F. “Community-led water utility governance and corruption: the case of Faisalabad, Pakistan”. Ecology and Society, vol. 30, n. 2, 2025.

ALVES, A. B.; RABELO, D. C. “Acesso à água potável no Brasil: de ações pontuais à política social”. Revista Argum, vol. 10, n. 3, 2018.

BAKKER, K. “The “commons” versus the “commodity”: alter-globalization, anti- privatization and the human right to water in the Global South”. Antipode, vol. 39, n. 3, 2007.

BAKKER, K. “The ambiguity of community: debating alternatives to private-sector provision of urban water supply”. Water Alternatives, vol. 1, n. 2, 2008.

BAKKER, K. Privatizing water: governance failure and the world's urban water crisis. Ithaca: Cornell University Press, 2010.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo: Editora Edições 70, 2011.

BASTOS, B. B.; SILVA, G. V.; LIMA, R. P. “Análise bibliométrica da produção científica sobre a relação do meio ambiente com o vetor tecno-ecológico na amazônia oriental brasileira”. Boletim de Conjuntura (BOCA), vol. 13, n. 39, 2023.

BORGES, G. S.; FILÓ, M. C. S. “Água como bem comum”. Revista Direitos Culturais, vol. 16, 2021.

BRAGA, B. P. F.; HESPANHOL, I.; CONEJO, J. G. Gestão de recursos hídricos e a interface com o direito à água. São Paulo: Editora da USP, 2005.

BRANDTNER, C.; DOUGLAS, G. C. C.; KORNBERGER, M. “Where relational commons take place: the city and its social infrastructure as sites of commoning”. Journal of Business Ethics, vol. 184, 2023.

CAPELLARI, A.; CAPELLARI, M. B. “A água como bem jurídico, econômico e social. A necessidade de proteção das nascentes”. Revista Cidades, Comunidades e Territórios, vol. 36, 2018.

CASTRO, J. E.; HELLER, L. Water and sanitation services: public policy and management. London: Earthscan, 2009.

CONNOR, R.; UHLENBROOK, S.; KONCAGÜL, E. Relatório Mundial das Nações Unidas sobre Desenvolvimento dos Recursos Hídricos 2019: não deixar ninguém para trás. New York: ONU, 2019.

CORTEZ-LARA, A. A.; CASTRO-RUÍZ, J. L.; SÁNCHEZ-MUNGUÍA, V. “Local perspectives on confronting water scarcity: the Mexican potion of the Colorado River”. Regions and Cohesion, vol. 9, n. 1, 2019.

DANIELSEN, J.; MAKOMBORE, L.; FARLEY, J. “The power of the commons”. Sustainability, vol. 17, n. 6, 2025.

DARDOT, P.; LAVAL, C. Comum: ensaio sobre a revolução no século XXI. São Paulo: Editora Boitempo, 2017.

DI PIETRO, M. S. Z. Direito administrativo. São Paulo: Editora Atlas, 2015.

DOWBOR, L.; RODRIGUES, A. E.; PINTO, A. P. “Re-appropriations of the commons: critical views on water governance”. Revista Rupturas, vol. 8, n. 2, 2018.

DUPUITS, E. et al. “Scaling up but losing out? Water commons' dilemmas between transnational movements and grassroots struggles in Latin America”. Ecological Economics, vol. 172, 2020.

ELSEVIER. Material publicitário. Amsterdam: Elsevier, 2004.

FISHER, B. et al. “Common pool resource management and PES: lessons and constraints for water PES in Tanzania”. Ecological Economics, vol. 69, n. 6, 2010.

HARDT, M.; NEGRI, A. Declaração: isso não é um manifesto. São Paulo: n-1 Edições, 2014.

HUISINGH, D.; MEBRATU, D. “Educating the educators as a strategy for enhancing education on Cleaner Production”. Journal of Cleaner Production, vol. 8, 2000.

HUNTJENS, P. et al. “Institutional design propositions for the governance of adaptation to climate change in the water sector”. Global Environmental Change, vol. 22, n. 1, 2012.

IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social. “O que são ODS e o que eles têm a ver com impacto social”. IDIS [2023]. Disponível em: . Acesso em: 29/07/2025.

IRIGARAY, M. C.; GORCZEVSKI, C. “Água como bem comum: o reconhecimento de um direito humano”. Anais do Seminário Internacional de Demandas Sociais e Políticas Públicas na Sociedade Contemporânea. Santa Cruz do Sul: UNISC, 2019.

KAY, D.; MC DONALD, A. “Some thoughts on the 1985 commons welsh affairs committee investigation into bathing water quality and coastal sewage pollution”. ResearchGate [1986]. Disponível em: . Acessoe em: 12/07/2025.

KEVANY, K.; HUISINGH, D. “A review of progress in empowerment of womem in rural water management decision-making processes”. Journal of Cleaner Production, vol. 60, 2013.

KREIDENWEIS, S. M. “Water activity and activation diameters from hygroscopicity data - Part I: Theory and application to inorganic salts”. Atmospheric Chemistry and Physics, vol. 5, n. 5, 2005.

LIMA, J. E. F. W. Recursos hídricos no Brasil e no mundo. Planaltina: Embrapa Cerrados, 2001.

LOPES, M.; MARQUES, P. H. D.; ESTEVÃO, P. C. M. “Monitoramento ambiental comunitário: a gestão dos bens comuns na Reserva Extrativista de Cassurubá”. Revista Ambiente e Sociedade, vol. 24, 2021.

LOPEZ-GUNN, E. “The role of collective action in water governance: a comparative study of groundwater user associations in La Mancha Aquifers in Spain”. Water International, vol. 28, n. 3, 2003.

MACHADO, P. A. L. Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo: Editora Malheiros, 2011.

MADRIGAL, R.; ALPÍZAR, F.; SCLÜTER, A. “Determinants of performance of community- based drinking water organizations”. World Development, vol. 39, n. 9, 2011.

MALHEIROS, B. T.; TOMEI, P. A. “Organizational culture in Brazil: bibliometric study on international bases”. Revista Pretexto, vol. 23, n. 1, 2022.

MARCONDES, R.; SILVA, S. L. R. “Jean Piaget no ensino superior? O uso das atividades operatórias piagetianas nos últimos 50 anos”. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, vol. 103, n. 263, 2022.

MARTIN, D. J. et al. “Highly efficient photocatalytic H² evolution from water using visible light and structure-controlled graphitic carbon nitride”. Angewandte Chemie, vol. 53, n. 35, 2014.

MAZZONI, D.; CICOGNANI, E. “Water as a commons: an exploratory study on the motives for collective action among italian water movement activists”. Journal of Community and Applied Social Psychology, vol. 22, n. 5, 2012.

MELO, M. P.; GATTO, A. “Água como bem comum no quadro de governança democrática: algumas reflexões críticas a partir das bases da economia ecológica e sobre a necessidade de um novo direito público”. Revista Novos Estudos Jurídicos, vol. 19, n. 1, 2014.

MENDOZA, K. P.; BUESA, C. B. “La percepción de la falta de agua en las comunidades Wayuu en La Guajira (Colômbia). Una propuesta para el uso de las redes sociales como herramienta de análisis de desarrollo”. Revista Desenvolvimento em Questão, vol. 19, n. 57, 2021.

MOHER, D. et al. “Preferred reporting items for systematic reviews and meta-analyses: the PRISMA statement”. Annals of Internal Medicine, vol. 151, 2009.

MORAES, R. “Análise de conteúdo”. Revista Educação, vol. 22, n. 37, 1999.

ONU – Organização das Nações Unidas. “Água – no centro da crise climática”. ONU [2025]. Disponível em: . Acesso em: 11/08/2025.

ONU – Organização das Nações Unidas. “O direito humano à água e saneamento”. ONU [2010]. Disponível em: . Acesso em: 11/08/2025.

ONU – Organização das Nações Unidas. “Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”. ONU [2023]. Disponível em: . Acesso em: 11/08/2025.

OSTROM, E. Governing the commons: the evolution of institutions for collective action. Cambridge: Cambridge University Press, 1990.

PAGE, M. J. et al. “The PRISMA 2020 statement: an updated guideline for reporting systematic reviews”. British Medical Journal, vol. 372, n. 71, 2021.

PAPA FRANCISCO. Carta Encíclica Laudato Si’ do Santo Padre Francisco sobre o Cuidado da Casa Comum. Roma: Santa Sé, 2015.

PES, J. H. F.; ZAGO, P. B. “A água como bem ambiental de uso comum ante o novo marco legal do saneamento básico no Brasil: desafios e controvérsias”. Revista de Estudos Jurídicos, vol. 25, 2021.

PESCI, C.; COSTA, E.; ANDREAUS, M. “Using accountability to shape the common good”. Critical Perspectives on Accounting, vol. 67, n. 2, 2020.

PRADO, J. W. et al. “Multivariate analysis of credit risk and bankruptcy research data: a bibliometric study involving different knowledge fields (1968-2014)”. Scientometrics, vol. 106, 2016.

REIS, C. A. S.; CARNEIRO, R. “O direito humano à água e a regulação do saneamento básico no Brasil: tarifa social e acessibilidade econômica”. Revista Desenvolvimento em Questão, vol. 19, n. 54, 2021.

ROBINS, S. “Day Zero”, hydraulic citizenship and the defence of the commons in cape town: a case study of the politics of water and its infrastructures (2017–2018)”. Journal of Southern African Studies, vol. 45, n. 1, 2019.

ROSSO, R. “On seven principles of water governance”. Water Resources Management, Policy and Governance, vol. 17, n. 6, 2025.

RUIZ, M. S. et al. “Conscientização pública sobre o consumo de água: uma análise da situação em Rio Claro - SP visando à proposição de medidas de conservação”. Revista Holos, vol. 7, 2017.

SCHLÜTER, M.; PAHL-WOSTL, C. “Mechanisms of resilience in common-pool resource management systems: an agent-based model of water use in a river basin”. Ecology and Society, vol. 12, n. 2, 2007.

SCHMIDT, J. J.; MITCHELL, K. R. “Property and the right to water: toward a non-liberal commons”. Review of Radical Political Economics, vol. 46, n. 1, 2014.

SERRA, F. A. R. et al. “Doing bibliometric reviews for the Iberoamerican Journal of Strategic Management”. Iberoamerican Journal of Strategic Management, vol. 17, n. 3, 2018.

SHARMA, S. K.; VAIRAVAMOORTHY, K. “Urban water demand management: prospects and challenges for the developing countries”. Water and Environment Journal, vol. 23, n. 3, 2009.

SHIVA, V. Water wars: privatization, pollution and profit. London: Pluto Press, 2002.

SILVA, C. A.; PEREIRA, J. R.; ALCÂNTARA, V. C. “A água como bem comum: uma revisão integrativa da literatura”. Revista Desenvolvimento em Questão, vol. 21, n. 59, 2023.

SILVA, P. C. G. “A ação coletiva: o desafio da mobilização”. Revista Movimentos Sociais e Dinâmicas Espaciais, vol. 7, n. 2, 2018.

SIMÕES, J.; MACEDO, M.; BABO, P. Elinor Ostrom: “governar os comuns” (Dissertação de Mestrado em Economia e Política do Ambiente). Porto: FEP, 2011.

SKOGERBOE, G. V.; KEMPER, W. D.; REUSS, J. O. “Development of improved water management practices in Pakistan”. Water Supply and Management, vol. 4, n. 5, 1980.

SOUZA, C. A. M. “Bem comum, bem de todos”. Revista Cidade Nova, n. 10, 2012.

TASCA, J. E. et al. “An approach for selecting a theoretical framework for the evaluation of training programs”. Journal of European Industrial Training, vol. 34, n. 7, 2010.

TRAWICK, P. “Against the privatization of water: an indigenous model for improving existing laws and successfully governing the commons”. World Development, vol. 31, n. 6, 2003.

TRAWICK, P. “The moral economy of water: equity and antiquity in the Andean commons”. American Anthropologist, vol. 103, n. 2, 2001.

TRINDADE, M. A.; FREITAS, A. F. “Compras públicas sustentáveis e circulares: barreiras e impulsionadores. Boletim de Conjuntura (BOCA), vol. 19, n. 56, 2024.

UNESCO - The United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization. Relatório Mundial das Nações Unidas sobre Desenvolvimento dos Recursos Hídricos 2023: partnerships and cooperation for water. Paris: UNESCO, 2023.

UNESCO - The United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization. Relatório Mundial das Nações Unidas sobre Desenvolvimento dos Recursos Hídricos: water for people, water for life. Paris: UNESCO, 2003.

UNICEF – The United Nations Children’s Fund. “Uma em cada cinco crianças em todo o mundo não tem água suficiente para atender às suas necessidades diárias”. Unicef [2017]. Disponível em: . Acesso em: 29/07/2025.

VAN ECK, N.; WALTMAN, L. “Software survey: VOSviewer, a computer program for bibliometric mapping”. Scientometrics, vol. 84, n. 2, 2010.

VIEIRA, A. R.; COSTA, L.; BARRÊTO, S. R. Cadernos educação ambiental para a vida, água para todos: livro das águas. Brasília: WWF-Brasil, 2006.

VISENTIN, J. C.; SZIGETHY, L. Uso de água no Brasil: o papel do efeito tecnológico. Brasília: IPEA, 2022.

WEHMEIER, E. “Arizona’s groundwater legislation and water management practice in the Phonix AMA – An interim assement”. Erde, vol. 133, n. 3, 2002.

WHO – World Health Organization. “Global Model Who 2023”. WHO [2023]. Disponível em: . Acesso em: 29/07/ 2025.

WUTICH, A.; RAGSDALE, K. “Water insecurity and emotional distress: coping with supply, access, and seasonal variability of water in a Bolivian squatter settlement”. Social Science and Medicine, vol. 67, n. 12, 2008.

YAMAMOTO, E. A. F. S.; PEREIRA, J. R.; ALCÂNTARA, V. C. “Remunicipalização e coprodução do bem público: perspectivas de gestão dos serviços de água e saneamento”. Cadernos Gestão Pública e Cidadania, vol. 25, n. 81, 2020.

YU, H. H. et al. “Governance of the irrigation commons under integrated water resources management - A comparative study in contemporary rural China”. Environmental Science and Policy, vol. 55, n. 1, 2016.

ZORZI, L.; TURATTI, L.; MAZZARINO, J. M. “O direito humano de acesso à água potável: uma análise continental baseada nos Fóruns Mundiais da Água”. Revista Ambiente e Água, vol. 11, n. 4, 2016.

ZUPIC, I.; CARTER, T. “Bibliometric methods in management and organization”. Organizational Research Methods, vol. 18, n. 3, 2015.

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)