PRÁTICAS DE GESTÃO DA DIVERSIDADE: IDENTIDADE DE GÊNERO EM ORGANIZAÇÕES DE SAÚDE

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Lauro Gabriel Bezerra Santos
Flávia Christiane de Azevedo Machado

Resumo

A diversidade oportuniza criatividade e inovação nas organizações. Todavia, estudos sobre as dinâmicas de gênero nas organizações focam, em sua maioria, a relação entre homens e mulheres, existindo lacunas relativas às pessoas transexuais e travestis. Assim, objetivou-se construir e validar um questionário para avaliar as práticas da gestão da diversidade em organizações de saúde com enfoque na identidade de gênero da população de transexuais e travestis. Para tanto, estruturou-se uma pesquisa metodológica em duas fases: construção do questionário subsidiada por revisão integrativa de literatura (bases LILACS, SCIELO e periódicos CAPES) e validação do questionário por amostra de especialistas (n=3). A revisão identificou variáveis que o questionário deveria dispor para avaliar as práticas de gestão da diversidade voltadas à população trans e travesti. Assim, as informações extraídas dos 13 artigos evidenciaram: uso de nome social/mudança de registro civil em processos seletivos, baixa escolaridade, uso de banheiros, vestiários e fardamentos, preconceito e despreparo das organizações para lidar com a transexualidade. Então, 34 itens e 7 subitens, totalizando 41 tópicos foram avaliados segundo validade e importância mediante escala Likert em dois momentos (t1: pós revisão e t2:  pós 1ª avaliação). Em t1, foram indicadas modificações em 13 tópicos (adequação de termos e redação). Assim, aplicadas as sugestões, procedeu-se a avaliação t2, onde 39 tópicos (32 itens e 7 subitens) foram julgados importantes e válidos por 100% dos avaliadores. O questionário poderá ser aplicado em contextos locais diversos para avaliar a inclusão social e educação de pessoal voltadas à população trans e travesti. Investigar os marcadores sociais da diferença é importante não só para a população trans e travesti, mas para todos que estão à margem dos direitos básicos de nascer, viver, trabalhar e morrer de forma digna e satisfatória, para que políticas públicas efetivas sejam desenvolvidas.

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Como Citar
SANTOS, L. G. B.; MACHADO, F. C. de A. . PRÁTICAS DE GESTÃO DA DIVERSIDADE: IDENTIDADE DE GÊNERO EM ORGANIZAÇÕES DE SAÚDE. Boletim de Conjuntura (BOCA), Boa Vista, v. 19, n. 57, p. 97–124, 2024. DOI: 10.5281/zenodo.13901235. Disponível em: https://revista.ioles.com.br/boca/index.php/revista/article/view/5575. Acesso em: 22 jan. 2025.
Seção
Artigos

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