EMPRESAS RECUPERADAS POR TRABALHADORES SOB A ÓTICA DO HIBRIDISMO ORGANIZACIONAL

##plugins.themes.bootstrap3.article.main##

Luciana Holtz
Odilanei Morais dos Santos

Resumo

As empresas recuperadas por trabalhadores(as) (ERTs) representam aquelas nas quais os(as) trabalhadores(as) assumem o processo produtivo e a gestão do empreendimento, como uma forma de resistência e manutenção de seus postos de trabalho. O objetivo da pesquisa é descrever as ERTs como organizações híbridas, a partir da revisão de literatura e o confronto com os dados empíricos, apontando as suas características híbridas e os conflitos e tensões decorrentes dessa condição. Realizou-se um estudo de caso de natureza qualitativo, abrangendo três ERTs de características diversas, em que se realizou entrevistas com 21 sujeitos e análise documental. Os resultados identificam que em determinados momentos as ERTs pesquisadas assumem o tipo híbrido assimilado, embora em outros possam assumir o tipo híbrido bloqueado. Além disso, foi possível identificar n características de empresas sociais, permitindo assim classificar as ERTs como de organizações híbridas, com a identificação da combinação de diferentes lógicas institucionais que provocam inúmeros conflitos e tensões com os quais os(as) trabalhadores(as) precisam conviver, superar ou conciliar no dia a dia. Como contribuição fundamental, tem-se a delimitação do contexto sócio-histórico das ERTs, permitindo caracterizar essas entidades como organizações híbridas.

##plugins.themes.bootstrap3.article.details##

Como Citar
HOLTZ, L.; SANTOS, O. M. dos . EMPRESAS RECUPERADAS POR TRABALHADORES SOB A ÓTICA DO HIBRIDISMO ORGANIZACIONAL. Boletim de Conjuntura (BOCA), Boa Vista, v. 17, n. 50, p. 273–304, 2024. DOI: 10.5281/zenodo.10681657. Disponível em: https://revista.ioles.com.br/boca/index.php/revista/article/view/3421. Acesso em: 28 abr. 2024.
Seção
Ensaios

Referências

AHUNOV, H. “Non-financial reporting in hybrid organizations: a systematic literature review”. Meditari Accountancy Research, vol. 31, n. 6, 2023.

ARAÚJO, F. S. et al. Dialética da autogestão em empresas recuperadas por trabalhadores no Brasil. Marília: Editora Lutas Anticapital, 2019.

ATKINSON, P.; COFFEY, A. “Analyzing documentary realities”. In: SILVERMAN, D. Qualitative research: theory, method and practice. London: Sage, 2004.

AUSTIN, J.; STEVENSON, H.; WEI-SKILLERN, J. “Social and commercial entrepreneurship: same, different, or both?”. Revista de Administração, vol. 47, n. 3, 2012.

BAROVERO, L. et al. “Economia Social y Solidaria: incentivos de política pública para la incorporación de tecnología de la información y de la comunicación (TIC) en el sector”. Amazon, Organizations and Sustainability, vol. 11, n. 2, 2022.

BATTILANA, J.; DORADA, S. “Building sustainable hybrid organizations: the case of commercial microfinance organizations”. Academy of Management Journal, vol. 53, n 6, 2010.

BATTILANA, J.; LEE, M. “Advancing research on hybrid organizing: insights from the study of social enterprises”. Academy of Management Annals, vol. 8, n. 1, 2014.

BELT, A. “New avenues for HRM roles: a systematic literature review on HRM in hybrid organizations”. German Journal of Human Resource Management, vol. 36, n. 2, 2022.

BILLIS, D. “Towards a theory of hybrid organizations”. In: BILLIS, D. (ed.). Hybrid organizations and the third sector: challenges for practice, theory, and policy. Basingstoke: Palgrave Macmillan, 2010.

BOUROULLEC, M. D. M.; PAULILLO, L. F. “Governanças híbridas complementares aos contratos no comércio justo citrícola internacional”. Gestão e Produção, vol. 17, n. 4, 2010.

BOWEN, G. “Document analysis as qualitative research method”. Qualitative Research Journal, vol. 9, n. 2, 2009.

BRACI, E. “Accounting of hybrid organizations”. In: FARAZMAND A. Global encyclopedia of public administration, public policy, and governance. Cham: International Publishing Switzerland, 2016.

BRAGA, R. P. “Sociedades cooperativas no novo código civil”. In: ALMEIDA, M. E. M.; BRAGA, R. P. Cooperativas à luz do código civil. São Paulo: Editora Quartier Latin, 2006.

BRYER, A. R. “Accounting as learnt social practice: the case of the empresas recuperadas in Argentina”. Accounting, Organizations and Society, vol. 36, 2011.

BRYER, A. R. “Participation in budgeting: a critical anthropological approach”. Accounting, Organizations and Society, vol. 39, n. 7, 2014.

BUSCO, C.; GIOVANNONI, E.; RICCABONI, A. “Sustaining multiple logics within organisations: accounting, mediation and the search for innovation”. Accounting, Auditing and Accountability Journal, vol. 30, n. 1, 2017.

CASTRO, F. S. M. Autogestão no Brasil: um olhar a partir do caso de empresas recuperadas pelos trabalhadores (Dissertação de Mestrado em Economia). São Paulo: UNESP, 2015.

CRESWELL, J. W. “Análise e representação dos dados”. In: CRESWELL, J. W. Investigação qualitativa e projeto de pesquisa: escolhendo entre 5 abordagens. Porto Alegre: Editora Penso, 2014.

DOHERTY, B.; HAUGH, H.; LYON, F. “Social enterprises as hybrid organizations”. International Journal of Management Reviews, vol. 16, 2014.

EBRAHIM, A.; BATTILANA, J.; MAIR, J. “The governance of social enterprises: mission drift and accountability challenges in hybrid organizations”. Research in Organizational Behavior, vol. 34, 2014.

ESPOSITO, P. et al. “Understanding social impact and value creation in hybrid organizations: the case of Italian civil service”. Sustainability, vol. 13, 2021.

FIGUEIRÓ, P. S.; BESSI, V. G. “Meaning of work: the perception of social entrepreneurs of recycling cooperatives”. Management and Connections Journal, vol. 9, n. 1, 2020.

GERMER, C. “A economia solidaria: uma crítica marxista”. Revista Outubro, vol. 14, 2006.

HENRIQUES, F. C. Empresas recuperadas por trabalhadores no Brasil e na Argentina (Tese de Doutorado em Planejamento Urbano e Regional). Rio de Janeiro: UFRJ, 2013.

HENRIQUES, F. C. et al. Empresas recuperadas por trabalhadores no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Multifoco, 2013.

KARRÉ, P. M. “The thumbprint of a hybrid organization: a multidimensional model for analysing public/private hybrid organizations”. Public Organization Review, vol. 23, 2022.

LUTZ, F. G.; PETRINI, M.; SOUZA, A. C. A. A. “A constituição de ecossistemas de empresas sociais". Revista Reuna, vol. 27, n. 3, 2022.

MAHAMA, H., KHALIFA, R. “Field interviews: process and analysis”. In: HOQUE Z. et al. The routledge companion to qualitative accounting reseach methods. New York: Routledge, 2017.

MÉNARD, C. “Markets as institutions versus organizations as markets? Disentangling some fundamental concepts”. Journal of Economic Behavior & Organization, vol. 2, n. 28, 1995.

MÉNARD, C.; NUNES, R.; SILVA, V. L. S. “Introdução à teoria das organizações”. In: MÉNARD, C. et al. (org.). Economia das organizações: formas plurais e desafios. São Paulo: Editora Atlas, 2014.

OUCHI, W. I. “Markets, bureaucracies, and clans”. In: GODWYN, M.; GITTEL, J. H. Sociology of organizations: structures and relationships. London: Sage, 2012.

PACHE, A.; SANTOS, F. “Inside the hybrid organization: selective coupling as a response to competing institutional logics”. Academy of Management Journal, vol. 56, n. 4, 2013a.

PACHE, A.; SANTOS, F. “Embedded in hybrid contexts: how individuals in organizations respond to competing institutional logics”. Research in the Sociology of Organizations, vol. 39, n. B, 2013b.

PAULUCCI, M. A. Novos olhares: de trabalhadores assalariados a trabalhadores cooperados. Um estudo sobre a caminhada de luta dos trabalhadores das empresas recuperadas do Brasil (Tese de Doutorado em Sociologia Política). Florianópolis: UFSC, 2014.

PEREIRA, E. R.; COSENZA, J. P. “Empreendedorismo social como alternativa à redução da pobreza e desigualdades sociais no contexto da sociedade brasileira contemporânea”. Estudos de Administração e Sociedade, vol. 8, n. 2, 2023.

POWELL, W. W. “Neither market nor hierarchy: network forms of organization”. In: GODWYN, M.; GITTEL, J. H. Sociology of organizations: structures and relationships. London: Sage, 2012.

POWELL, W. W.; SANDHOLTZ, K. W. “Amphibious entrepreneurs and the emergence of organizational forms”. Strategic Entrepreneurship Journal, vol. 6, n. 2, 2012.

SILVA, A. R. et al. “A contabilidade na estrutura carcerária para o controle e reflexividade do trabalho”. Boletim de Conjuntura (BOCA), vol. 15, n. 44, 2023.

SINGER, P. “Entrevista”. Estudos Avançados, vol. 22, n. 62, 2008.

SIWALE, J.; KIMMITT, J.; AMANKWAH-AMOAH, J. “The failure of hybrid organizations: a legitimation perspective”. Management and Organization Review, vol. 17, n. 3, 2021.

SKELCHER, C.; SMITH, S.R. “Theorizing hybridity: institutional logics, complex organizations, and actor identities: the case of nonprofits”. Public Administration, vol. 93, n. 2, 2015.

STAKE, R. E. “Qualitative case studies”. In: DENZIN, N. K.; LINCOLN, Y. S. The SAGE handbook of qualitative research. California: Sage Publications, 2005.

STAKE, R. E. Pesquisa qualitativa: estudando como as coisas funcionam. Porto Alegre: Editora Penso, 2011.

TABARES, S. “Do hybrid organizations contribute to sustainable development goals? Evidence from B corps in Colombia”. Journal of Cleaner Production, vol. 280, 2021. DOI:

THOMPSON, J. B. Ideologia e cultura moderna: teoria social crítica na era dos meios de comunicação de massa. Petrópolis: Editora Vozes, 2011.

VIEIRA, V. G.; OLIVEIRA, V. M.; MIKI, A. F. C. “Framework de mensuração do empreendedorismo social para países em desenvolvimento”. Revista de Administração Contemporânea, vol. 27, n. 2, 2023.

WOOD, JR., T. “Organizações híbridas”. Revista Administração de Empresas, vol. 50, n. 2, 2010.