REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE O INÍCIO DA VIDA HUMANA: UMA ANÁLISE DOS ELEMENTOS TEXTUAIS DO BRASIL E ESPANHA

##plugins.themes.bootstrap3.article.main##

Heloísa Bárbara Cunha Moizéis
Ana Raquel Rosas Torres
José Luis Álvaro Estramiana

Resumo

As perspectivas sobre o início da vida humana abrangem diferentes critérios, como a fertilização entre o espermatozoide e o óvulo, o início das atividades cerebrais, a viabilidade do feto fora do útero, entre outros. Diante desse indicadores, este estudo tem como objetivo analisar as representações sociais de estudantes brasileiros e espanhóis sobre o início da vida humana e suas ancoragens psicossociais, particularmente nos valores humanos e no partidarismo político. Para tanto, contou com a participação de 424 estudantes universitários, sendo 192 no Brasil (M=23,11; DP=6,2) e na Espanha (M=19,72; DP=5,7). Os participantes, em ambos os países, responderam a um questionário de autorrelato, que continha uma pergunta aberta sobre o começo da vida humana, o Questionário de Perfis de Valores (QVP) e perguntas sociodemográficas (idade, gênero, classe socioeconômica e posicionamento no espectro político). As análises foram realizadas com o auxílio do software Iramuteq, por meio do procedimento da Classificação Hierárquica Descendente (CHD). Os resultados, tanto para a amostra brasileira quanto para a espanhola, formaram cinco classes temáticas. As representações sociais para a amostra brasileira destacaram-se pelos argumentos que exploravam a possibilidade de o feto ser considerado uma vida em potencial. Já na amostra espanhola, a ênfase recaiu sobre os aspectos biológicos do desenvolvimento humano. A partir desse panorama, observa-se que as diferenças representacionais são apresentadas pelos estudantes brasileiros e espanhóis sobre o início da vida humana, e que essas variações decorrem também de sua inserção nos grupos sociais.


 

##plugins.themes.bootstrap3.article.details##

Como Citar
MOIZÉIS, H. B. C. .; TORRES, A. R. R. .; ESTRAMIANA, J. L. Álvaro . . REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE O INÍCIO DA VIDA HUMANA: UMA ANÁLISE DOS ELEMENTOS TEXTUAIS DO BRASIL E ESPANHA. Boletim de Conjuntura (BOCA), Boa Vista, v. 17, n. 50, p. 232–254, 2024. DOI: 10.5281/zenodo.10644816. Disponível em: https://revista.ioles.com.br/boca/index.php/revista/article/view/3410. Acesso em: 28 abr. 2024.
Seção
Artigos

Referências

ADAMCZYK, A.; KIM, C.; DILLON, L. “Examining public opinion about abortion: a mixed‐methods systematic review of research over the last 15 years”. Sociological Inquiry, vol. 90, n. 4, 2020.

ADAMCZYK, A.; VALDIMARSDÓTTIR, M. “Understanding Americans' abortion attitudes: The role of the local religious context”. Social Science Research, vol. 71, 2018.

AGUIAR, B. H. K. et al. “A legislação sobre o Aborto nos Países da América Latina: uma Revisão Narrativa”. Comunicação em Ciências Da Saúde, vol. 29, n. 1, 2018.

ALÉSSIO, R. L. D. S.; APOSTOLIDIS, T.; SANTOS, M. D. F. D. S. “Entre o aborto e a pesquisa: o embrião na imprensa brasileira”. Psicologia: Reflexão e Crítica, vol. 21, n. 3, 2008.

ALLEN, H.; GRIFFIN, D. “Determinants of abortion decisions: Absolutists versus situationists”. Annual Convention of the Canadian Psychological Association. Montreal: CPA, 1993.

ALMEIDA, A. M. D. O. “Abordagem societal das representações sociais”. Sociedade e Estado, vol. 24, 2009.

ALVARGONZÁLEZ, D. “Knowledge and attitudes about abortion among undergraduate students”. Psicothema, vol. 29, n. 4, 2017.

AUGOUSTINOS, M.; WALKER, I. “The construction of stereotypes within social psychology: From social cognition to ideology”. Theory and Psychology, vol. 8, n. 5, 1998.

BARCHIFONTAINE, C. P. “Bioética e início da vida”. Revista Pistis e Praxis, vol. 2, n. 1, 2010.

BISPO, I. “O aborto e suas multifacetas no estado brasileiro”. Revista CEJ, n. 72, 2017.

BLOFIELD, M.; EWIG, C. “The left turn and abortion politics in Latin America”. Social Politics: International Studies in Gender, State and Society, vol. 24, n. 4, 2017.

BOURGUET, V. O ser em gestação: reflexões bioéticas sobre o embrião humano. São Paulo: Editora Loyola, 2002.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Planalto, 1988. Disponível em . Acesso em: 12/12/2023.

BRASIL. Decreto-Lei n. 2.848, de 07 de dezembro de 1940. Rio de Janeiro: Congresso Nacional, 1940. Disponível em . Acesso em: 12/12/2023.

BRASIL. Portaria MS/GM n. 1.508, de 01 de setembro de 2005. Brasília: Ministério da Saúde, 2005. Disponível em . Acesso em: 12/12/2023.

BRYSK, A.; YANG, R. “Abortion Rights Attitudes in Europe: Pro-Choice, Pro-Life, or Pro-Nation?”. Social Politics: International Studies in Gender, State and Society, vol. 30, n. 2, 2023.

CABECINHAS, R. “Representações sociais, relações intergrupais e cognição social”. Paidéia, vol. 14, 2004.

CAMARGO, B. V.; JUSTO, A. M. “IRAMUTEQ: um software gratuito para análise de dados textuais”. Temas em Psicologia, vol. 21, n. 2, 2013.

CAMARGO, B. V.; JUSTO, A. M. “Tutorial para uso do software IRaMuTeQ (Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires)”. Portal Eletrônico UFSC [2018]. Disponível em: . Acesso em: 23/12/2023.

CHINELATO, S. J. A. “Bioética e direitos de personalidade do nascituro”. Scientia Iuris, vol.7, 2004.

CONOVER, P. J.; FELDMAN, S. “The origins and meaning of liberal/conservative self-identifications”. In: ELSTER, J. Political psychology. Cambridge: Cambridge University Press, 2004.

CONTI, J. A.; CAHILL, E. “Abortion in the media”. Current Opinion in Obstetrics and Gynecology, vol. 29, n. 6, 2017.

CUELLO, Z.; JESÚS, A. “É o aborto um direito sexual e reprodutivo da mulher? Análise a partir do biodireito, a bioética, a biopolítica e a biojurídica biopolítica nos Estados Unidos, Espanha e Colômbia”. Revista Latinoamericana de Bioética, vol. 14, n. 2, 2014.

DEAK, C.; SAROGLOU, V. “Opposing abortion, gay adoption, euthanasia, and suicide: Compassionate openness or self-centered moral rigorism?”. Archive for the Psychology of Religion, vol. 37, n. 3, 2015.

DINIZ, D. et al. “Aborto: 20 anos de pesquisas no Brasil”. Cadernos de Saúde Pública, vol. 25, 2009.

DINIZ, D.; ALMEIDA, M. D. Bioética e aborto. Brasília: Conselho Federal de Medicina, 1998.

DOISE, W. “Da psicologia social à psicologia societal”. Psicologia: Teoria e Pesquisa, vol. 18, 2002.

DOISE, W.; CLEMENCE, A.; LORENZI-CIOLDI, F. Représentations sociales et analyses de données. Grenoble: P.U.G, 1991.

DORING, N. “Abortion Attitudes (Media Content, User Comments)”. DOCA - Database of Variables for Content Analysis, vol. 1, n. 5, 2023.

ESPANHA. Ley Orgánica 1, de 28 de febrero de 2023. Madri: Gobierno de España, 2023. Disponível em: . Acesso em: 12/12/2023.

HANNIKAINEN, I. R.; MILLER, R. M.; CUSHMAN, F. A. “Act versus impact: Conservatives and liberals exhibit different structural emphases in moral judgment”. Ratio, vol. 30, n. 4, 2017.

HUANG, Y. et al. “The precious vessel: Ambivalent sexism and opposition to elective and traumatic abortion”. Sex Roles, vol. 71, 2014.

IBM. IBM SPSS Statistics for Windows. Armonk: IBM Corp, 2017.

JEDRYCZKA, W.; MISIAK, M.; WHITEHOUSE, H. “Explaining political polarization over abortion: The role of moral values among conservatives”. Social Psychology, vol. 54, n. 4, 2023.

JOST, J. T. “The end of the end of ideology”. American Psychologist, vol.61, n.7, 2006.

JOST, J. T.; NOSEK, B. A.; GOSLING, S. D. “Ideology: Its resurgence in social, personality, and political psychology”. Perspectives on Psychological Science, vol. 3, n. 2, 2008.

JUVONEN, T. “Out lesbian and gay politicians in a multiparty system”. Politics [2020]. Disponível em: . Acesso em: 23/12/2023.

KIM, T.; STEINBERG, J. R. “Individual changes in abortion knowledge and attitudes”. Social Science and Medicine, vol. 320, 2023.

LEAL, M. M. et al. “Início da vida: uma visão multidisciplinar pautada na bioética”. Comunicação em Ciências Saúde, vol. 29, n. 3, 2018.

LOCKHART, C. et al. “The sanctity of life: The role of purity in attitudes towards abortion and euthanasia”. International Journal of Psychology, vol. 58, n. 1, 2023.

MENCIN, M. “The right to access safe abortion during the transition to a multiparty system and beyond”. In: KRALJ, A. et al. (orgs.). Abortion and Reproductive Rights in Slovenia: A Case of Resistance. Slovenia: Taylor and Francis, 2023.

MORAIS, E. R. C. D. et al. “La Controversia del Aborto: Reflexiones Teórico-Metodológicas sobre una Representación no Autónoma”. Estudos e Pesquisas em Psicologia, vol. 21, n. 3, 2021.

MORAIS, E. R. C. et al. “Aborto e bioética no jornal Folha de São Paulo”. Revista Psicologia em Pesquisa, vol. 12, n. 1, 2018.

MOSCOVICI, S. Representações sociais: investigações em Psicologia Social. Petropolis: Editora Vozes, 2009.

NORBERG, A. To adopt or not to adopt an abortion policy: A case study of the abortion reform processes in Spain and Portugal (Dissertação de Mestrado em Ciência Política). Uppsala: Uppsala University, 2016.

OGLAND, C. P.; VERONA, A. P. “Religion and attitudes toward abortion and abortion policy in Brazil”. Journal for the Scientific Study of Religion, vol. 50, n. 4, 2011.

OSBORNE, D. et al. “Abortion attitudes: An overview of demographic and ideological differences”. Political Psychology, vol. 43, 2022.

OSBORNE, D.; DAVIES, P. G. “When Benevolence Backfires: Benevolent Sexists Opposition to Elective and Traumatic Abortion”. Journal of Applied Social Psychology, vol. 42, n. 2, 2012.

PATEV, A. J. et al. “Hostile sexism and right-wing authoritarianism as mediators of the relationship between sexual disgust and abortion stigmatizing attitudes”. Personality and Individual Differences, vol. 151, 2019.

PEREIRA, C.; CAMINO, L.; COSTA, J. B. D. “Um estudo sobre a integração dos níveis de análise dos sistemas de valores”. Psicologia: Reflexão e Crítica, vol. 18, 2005.

PICÓN, J. Y. A. et al. “Enfermedad, eutanasia y aborto: una reflexión desde la bioética”. Revista Médica de Risaralda, vol. 27, n. 1, 2021.

ROTTMAN, J.; KELEMEN, D.; YOUNG, L. “Tainting the soul: Purity concerns predict moral judgments of suicide”. Cognition, vol. 130, n. 2, 2014.

RYE, B. J.; UNDERHILL, A. “Pro-choice and pro-life are not enough: an investigation of abortion attitudes as a function of abortion prototypes”. Sexuality and Culture, vol. 24, n. 6, 2020.

SANTOS, E. A.; CAMPOS, P. H. F. “As Representações Sociais como teoria e como prática”. Revista Fragmentos de Cultura-Revista Interdisciplinar de Ciências Humanas, vol. 32, n. 2, 2022.

SATHERLEY, N. et al. “Demographic and psychological predictors of panel attrition: Evidence from the New Zealand Attitudes and Values Study”. PLoS One, vol. 10, n. 3, 2015.

SCHULTZ, P. W.; ZELEZNY, L. C. “Values and proenvironmental behavior: A five-country survey”. Journal of Cross-Cultural Psychology, vol. 29, n. 4, 1998.

SCHWARTZ, S. H. “Universals in the content and structure of values: Theoretical advances and empirical tests in 20 countries”. Advances in experimental Social Psychology, vol. 25, 1992.

SCHWARTZ, S. H.; RUBEL-LIFSCHITZ, T. “Cross-national variation in the size of sex differences in values: effects of gender equality”. Journal of Personality and Social Psychology, vol. 97, n. 1, 2009.

SILVA, R. M.; PINHEIRO, V. S. “A dignidade da pessoa humana e o direito à vida do nascituro: fundamentos biológicos, filosóficos e jurídicos”. Revista de Direitos e Garantias Fundamentais, vol. 18, n. 3, 2017.

SOUZA, P. B. “Teorias do início da vida e lei de biossegurança”. ETIC - Encontro de Iniciação Científica, vol. 4, n. 4, 2008.

SPINI, D.; DOISE, W. “Organizing principles of involvement in human rights and their social anchoring in value priorities”. European Journal of Social Psychology, vol. 28, n. 4, 1998.

TAMAYO, A.; PORTO, J. B. “Validação do questionário de perfis de valores (QPV) no Brasil”. Psicologia: Teoria e Pesquisa, vol. 25, 2009.

TAMAYO, A.; SCHWARTZ, S. H. “Estrutura motivacional dos valores humanos”. Psicologia: Teoria e Pesquisa, vol. 9. n. 2, 1993.

TREVIZO, A. V. “Autonomía reproductiva y maternidad tardía: una reflexión bioética”. Dilemata, vol. 28, 2018.

VIEIRA, L. T. Q. et al. “O aborto sobre a perspectiva bioética”. Revista Bioética Cremego, vol. 3, n. 1, 2021.

WOLTER, R. “The structural approach to social representations: Bridges between theory and methods”. Psico-USF, vol. 23, 2018.

ZILLER, C.; BERNING, C. C. “Personality traits and public support of minority rights”. Journal of Ethnic and Migration Studies, vol. 47, n. 3, 2021.

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)