REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE O INÍCIO DA VIDA HUMANA: UMA ANÁLISE DOS ELEMENTOS TEXTUAIS DO BRASIL E ESPANHA
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Resumo
As perspectivas sobre o início da vida humana abrangem diferentes critérios, como a fertilização entre o espermatozoide e o óvulo, o início das atividades cerebrais, a viabilidade do feto fora do útero, entre outros. Diante desse indicadores, este estudo tem como objetivo analisar as representações sociais de estudantes brasileiros e espanhóis sobre o início da vida humana e suas ancoragens psicossociais, particularmente nos valores humanos e no partidarismo político. Para tanto, contou com a participação de 424 estudantes universitários, sendo 192 no Brasil (M=23,11; DP=6,2) e na Espanha (M=19,72; DP=5,7). Os participantes, em ambos os países, responderam a um questionário de autorrelato, que continha uma pergunta aberta sobre o começo da vida humana, o Questionário de Perfis de Valores (QVP) e perguntas sociodemográficas (idade, gênero, classe socioeconômica e posicionamento no espectro político). As análises foram realizadas com o auxílio do software Iramuteq, por meio do procedimento da Classificação Hierárquica Descendente (CHD). Os resultados, tanto para a amostra brasileira quanto para a espanhola, formaram cinco classes temáticas. As representações sociais para a amostra brasileira destacaram-se pelos argumentos que exploravam a possibilidade de o feto ser considerado uma vida em potencial. Já na amostra espanhola, a ênfase recaiu sobre os aspectos biológicos do desenvolvimento humano. A partir desse panorama, observa-se que as diferenças representacionais são apresentadas pelos estudantes brasileiros e espanhóis sobre o início da vida humana, e que essas variações decorrem também de sua inserção nos grupos sociais.
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