ALGORITMO CLÍNICO-ASSISTENCIAL PARA PREVENÇÃO DE SUICÍDIO EM ADOLESCENTES NO CONTEXTO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA DE SAÚDE

##plugins.themes.bootstrap3.article.main##

Amanda Roberta Fonsêca do Nascimento
Ana Patrícia Pereira Morais
Alessandra Silva Xavier
Paulo César Almeida

Resumo

Notadamente, o impacto epidemiológico, biopsicossocial e familiar, associado a mortes de adolescentes e adultos jovens por autoextermínio, caracteriza o comportamento suicida, nesta faixa etária, como grave problema de saúde pública. Destarte, neste estudo, como objetivo geral, assumiu-se descrever a construção e a validação de face e conteúdo de algoritmo clínico-assistencial, destinado à avaliação, manejo e seguimento do comportamento suicida, respeitando-se a diversidade das adolescências, no contexto da Atenção Primária de Saúde (APS). Trata-se, então, de pesquisa metodológica para a qual adotou-se, de forma adaptada, o que é proposto por Pasquali, na construção e validação de instrumentos de pesquisa. Este estudo inclui: o planejamento e a seleção do referencial teórico-metodológico, a construção dos itens que compõem cada etapa proposta pelo algoritmo e a validação de face e conteúdo através de questionário no formato de escala tipo Likert, disponibilizado por meio eletrônico para sete juízes-especialistas, selecionados por expertise assistencial e/ou acadêmica (mestrado e/ou doutorado), com pelo menos cinco anos de atuação, nas áreas de Saúde da Família e Comunidade, Saúde Coletiva, Saúde mental e/ou Educação em Saúde, que avaliaram nove questões sobre a aparência, pertinência e clareza do instrumento. Para a análise dos dados, utilizou-se o software IBM SPSS Statistics 28.0.1.1. Mediante o processo de validação de face e de conteúdo, pelo comitê de juízes especialistas, o Índice de Validade de Conteúdo encontrado, IVC Global = 0,98, foi considerado satisfatório. Na análise semântica, o instrumento foi considerado pertinente, confiável e facilmente compreendido, por integrantes de equipes da Estratégia de Saúde da Família, com experiência profissional heterogênea, que atuam na APS (N=8). Para o teste alfa de Cronbach, na avaliação da consistência interna das respostas dos juízes, encontrou-se o valor de 0,794, considerado como substancial. Por conseguinte, um instrumento brasileiro validado para a prevenção de suicídio entre adolescentes, e que possa ser operacionalizado de maneira interdisciplinar, permite a oferta de intervenções precoces viáveis, nos serviços de APS. O algoritmo clínico apresentado, adaptado às especificidades das adolescências, reitera a capacitação nos cuidados primários em saúde mental, o trabalho cooperativo e a preservação da vida, em populações de alta vulnerabilidade. Estudos posteriores são recomendados, com a avaliação de outras propriedades psicométricas e estatísticas, tais como a validade de construto e análise fatorial exploratória..

##plugins.themes.bootstrap3.article.details##

Como Citar
NASCIMENTO, A. R. F. do .; MORAIS, A. P. P.; XAVIER, A. S.; ALMEIDA, P. C. ALGORITMO CLÍNICO-ASSISTENCIAL PARA PREVENÇÃO DE SUICÍDIO EM ADOLESCENTES NO CONTEXTO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA DE SAÚDE. Boletim de Conjuntura (BOCA), Boa Vista, v. 16, n. 48, p. 299–323, 2023. DOI: 10.5281/zenodo.10406087. Disponível em: https://revista.ioles.com.br/boca/index.php/revista/article/view/2873. Acesso em: 21 dez. 2024.
Seção
Artigos

Referências

ALEXANDRE, N. M. C.; COLUCI, M. Z. O. “Validade de conteúdo nos processos de construção e adaptação de instrumentos de medidas”. Ciência e Saúde Coletiva, vol. 16, n. 7, 2011.

ARAUJO, E. T. H. et al. “Use of social networks for data collection in scientific productions in the health area: integrative literature review”. Aquichan, vol. 19, n. 2, 2019.

BAHIA, C. A. et al. “Notificações e internações por lesão autoprovocada em adolescentes no Brasil, 2007-2016”. Epidemiologia e Serviços de Saúde, vol. 29, n. 2, 2020.

BARRERA, C. A. et al. “Metodología para el desarrollo y la actualización de guías de práctica clínica: estado actual”. Revista Médica del Instituto Mexicano del Seguro Social , vol. 54, n. 1, 2016.

BARROS, J. et al. “Recognizing states of psychological vulnerability to suicidal behavior: a Bayesian network of artificial intelligence applied to a clinical sample”. BMC Psychiatry, vol. 20, 2020.

BEURS, D. et al. “A network perspective on suicidal behavior: Understanding suicidality as a complex system”. Suicide and Life ‐Threatening Behavior, vol. 51, n. 1, 2021.

BIERNACKI, P.; WALDORF, D. “Snowball sampling-problems and techniques of chain referral sampling”. Sociological Methods and Research, vol. 10, 1981.

BONETT, D. G.; WRIGHT, T. A. “Cronbach’s alpha reliability: interval estimation, hypothesis testing, and sample size planning”. Journal of Organizational Behavior, vol. 36, n. 1, 2015.

BRASIL. Boletim Epidemiológico. Brasília: Ministério da Saúde, 2022. Disponível em: . Acesso em: 14/12/2023.

CALDEIRA, C. M. H. Estratégias de coping em indivíduos que tentaram o suicídio (Dissertação de Mestrado em Psicologia Clínica e da Saúde). Évora: UE, 2015.

CAPOTE, J. C. A. et al. “Utilidad de las guías, protocolos y algoritmos en la práctica clínica”. Revista Cubana de Medicina, vol. 58, n. 1, 2019.

CASTIEL, L. D.; GUILAM, M. C. R.; FERREIRA, M. S. Correndo o risco: uma introdução aos riscos em saúde. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2010.

CRONBACH, L. J.; MEEHL P. E. “Construct validity in psychological tests”. Psychological Bulletin, vol. 52, n. 4, 1955.

DEL HIERRO, L. I. Análisis de los protocolos y guías de práctica clínica sobre el abuso sexual infantil en España (Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Enfermagem). Madrid: UAM, 2018.

DRUMMOND, J. P. et al. Fundamentos da medicina baseada em evidências: teoria e prática. São Paulo: Editora Atheneu, 2014.

ERCOLE, F. F.; MELO, L. S.; ALCOFORADO, C. L. G. C. “Revisão integrativa versus sistemática”. Revista Mineira de Enfermagem, vol. 18, n. 1, 2014.

FEIJOO, A. M. L. C. “Por um núcleo de atendimento clínico a pessoas em risco de suicídio”. Revista da Abordagem Gestáltica, vol. 24, n. 2, 2018.

FUKUMITSU, K. O. “O psicoterapeuta diante do comportamento suicida”. Psicologia USP, vol. 25, n. 3, 2014.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Editora Atlas, 2002.

GUNNELL, D. et al. “Suicide risk and prevention during the COVID-19 pandemic”. Lancet Psychiatry, 2020.

JOBES, D. A. et al. “A stepped care approach to clinical suicide prevention”. Psychological Services, vol. 15, n. 3, 2018.

LOBIONDO-WOOD, G.; HABER, J. Nursing research: methods and critical appraisal for evidence-based practice. Saint. Louis: Elsevier, 2013.

LÓPEZ, A. G. “Narrativas del duelo en profesionales de salud mental sobrevivientes a suicidio”. Revista Sul-Americana de Psicología, vol. 9, n. 2, 2021.

MEDEIROS, R. K. S. et al. “Modelo de validação de conteúdo de Pasquali nas pesquisas em enfermagem”. Revista de Enfermagem, vol. 4, 2015.

MILLARUELO, T. J. M. “Guías de práctica clínica: una visión crítica”. Diabetes Práctica, vol. 6, n. 2, 2015.

MING-WAU, C. et al. “A decisão de tentar o suicídio sob a lente fenomenológico-existencial sartriana”. Estudos e Pesquisas em Psicologia, vol. 20, n. 4, 2020.

NASEEM. U. et al. “Graph-Based hierarchical attention network for suicide risk detection on social media”. Anais of Companion Proceedings of the Association for Computing Machinery Web Conference. New York: ACM, 2023.

PAGE, M. J. et al. “The PRISMA 2020 statement: an updated guideline for reporting systematic reviews”. British Medical Journal, vol. 372, n. 71, 2021.

PASQUALI, L. Instrumentação psicológica: fundamentos e práticas. Porto Alegre: Editora Artmed, 2010.

PASQUALI, L. Psicometria: teoria dos testes na psicologia e na educação. Petropólis: Editora Vozes, 2013

POISK, E. A. C. et al. “A constituição psíquica e sua relação com atos autoinfligidos: uma compreensão psicanalítica”. Boletim de Conjuntura (BOCA), vol. 16, n. 47, 2023.

POLIT, D. F.; BECK, C. T. (orgs.). Fundamentos de pesquisa em enfermagem: avaliação de evidências para prática de enfermagem. Porto Alegre: Artmed, 2011.

POLIT, D. F.; BECK, C. T. “The content validity index: are you sure you know what's being reported? Critique and recommendations”. Research in Nursing and Health, vol. 29, n. 5, 2006.

POLIT, D. F.; BECK, C. T.; HUNGLER, B. P. Fundamentos de pesquisa em enfermagem: métodos, avaliação e utilização. Porto Alegre: Editora Artmed, 2011.

SCHMITTMANN V. D. et al. “Deconstructing the construct: a network perspective on psychological phenomena”. ResearchGate [2011]. Disponível em: . Acesso em: 22/10/2023.

SILVA, R. M. et al. “Suicidal ideation and attempt of older women in Norther as tern Brazil”. Revista Brasileira de Enfermagem, vol. 71, 2018.

SOUZA, A. C.; ALEXANDRE, N. M. C.; GUIRARDELLO, E. B. “Propriedades psicométricas em instrumentos de avaliação de confiabilidade e validade”. Epidemiologia e Serviços de Saúde, vol. 3, 2017.

STEVENS, K. et al. “Core components and strategies for suicide and risk management protocols in mental health research: a scoping review”. BMC Psychiatry, vol. 21, n. 13, 2021.

STONE, M. B. et al. “Response to acute monotherapy for major depressive disorder in randomized, placebo controlled trials submitted to the US Food and Drug Administration: individual participant data analysis”. British Medical Journal, vol. 378, 2022.

STREINER, D. L. “Starting at the beginning: an introduction to coefficient alpha and internal consistency”. Journal of Personality Assessment, vol. 80, n. 1, 2003.

VOLDSBEKK, I. et al. “Delineating disorder-general and disorder-specific dimensions of psychopathology from functional brain networks in a developmental clinical sample”. Developmental Cognitive Neuroscience, vol. 62, 2023.

WHO - World Health Organization. Helping adolescents thrive toolkit: strategies to promote and protect adolescent mental health and reduce self-harm and other risk behaviours. Geneva: WHO, 2021.

WHO - World Health Organization. Suicide worldwide in 2019: global health estimates. Geneva: WHO, 2021.

YUSOFF, M. S. B. “ABC of content validation and content validity index calculation. Resource, vol. 77, n. 2, 2019.