INFÂNCIA E PANDEMIA: O DIÁLOGO COMO PRINCÍPIO TEÓRICO-METODOLÓGICO NA PESQUISA COM CRIANÇAS

##plugins.themes.bootstrap3.article.main##

Maria Lidia Bueno Fernandes
Diego Andres Barrios Diaz
Cristina Massot Madeira Coelho

Resumo

Este texto apresenta pesquisa exploratória que ocorreu em Brasília, DF, com crianças de uma turma do 2º ano do Ensino Fundamental, de uma escola privada, entre novembro e dezembro de 2021. A abordagem teórico-epistemológica vinculou as crianças ao território da escola, contexto afetado diretamente pelo isolamento social determinado pelo período pandêmico. Nosso estudo procurou compreender as singularidades com que as crianças conceberam, pensaram e sentiram esse período pandêmico. O estudo apresenta a processualidade da pesquisa de campo enfatizando reflexões teórico-metodológicas sobre pesquisa com crianças a partir da utilização de diversos instrumentos metodológicos, como mapas vivenciais e dinâmicas conversacionais, planejados para estabelecer diálogo aberto e dinâmico com elas a partir de brincadeiras. Cumpre destacar que as crianças se manifestaram de forma ativa e criativa no âmbito da pesquisa, o que possibilitou compreender suas percepções sobre a pandemia e sobre os múltiplos e sensíveis impactos que essa teve em suas vidas. As marcas desse período pandêmico foram percebidas pelas crianças para além da problemática dos processos biológicos, pois suas vivências nos planos social e espacial passaram a ter sentidos singulares em suas vidas.

##plugins.themes.bootstrap3.article.details##

Como Citar
FERNANDES, M. L. B.; DIAZ, D. A. B.; COELHO, C. M. M. . INFÂNCIA E PANDEMIA: O DIÁLOGO COMO PRINCÍPIO TEÓRICO-METODOLÓGICO NA PESQUISA COM CRIANÇAS. Boletim de Conjuntura (BOCA), Boa Vista, v. 16, n. 47, p. 661–681, 2023. DOI: 10.5281/zenodo.10223670. Disponível em: https://revista.ioles.com.br/boca/index.php/revista/article/view/2742. Acesso em: 3 jul. 2024.
Seção
Ensaios

Referências

ALDERSON, P. “As crianças como pesquisadoras: os efeitos dos direitos de participação sobre a metodologia de pesquisa.” Educação e Sociedade, vol. 26 (91), 2005.

ATAÍDE, M. W. O. et al. “A criança e a internet: análise bibliográfica acerca dos riscos e benefícios percebidos por crianças.” Revista Edapeci, n. 9, 2019.

BEHNKEN, I.; HONIG, M. S. (orgs.). “Der inhaltliche Aufau der kindlichen Welt aus Untersuchungsthema”. In: MUCHOW, M.; MUCHOW, H. H. Der Lebensraum des Groβstadtkindes. Berlin: Beltz Juventa, 2012.

CEPAL - Comisión Económica para América Latina y el Caribe. La educación en tiempos de la pandemia de COVID-19. Santiago: CEPAL, 2020

COHN, C. Antropologia da criança. São Paulo: Editora Jorge Zahar, 2005.

CORSARO, W. A. Sociologia da infância. Porto Alegre: Artmed, 2011.

CORTÉS-MORALES, S. et al. “Children living in pandemic times: a geographical, transnational and situated view.” Children's Geographies, vol. 20, n. 3, 2021.

CRACEL, V. L.; AMORIM, R. C. M. “Mapeando sentimentos: Cartografias da quarentena.” Anais do Encontro Regional de Ensino de Geografia, Campinas: UNICAMP, 2021.

CRESWELL, J. W. W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. Porto Alegre: Editora Bookman, 2010.

CRETU, D.M.; HO, Y. S. “The Impact of COVID-19 on Educational Research: A Bibliometric Analysis”. Sustainability, vol. 15, 2023.

GONZÁLEZ REY, F.; MITJÁNS MARTÍNEZ, A. Subjetividade: teoria, epistemologia e método. São Paulo: Alínea, 2017.

GONZALEZ, M. P.; PATIÑO, K. N. “Perspectivas de la educación formal con infancias ante el covid-19: el contexto de chiapas”. Cadernos CEDES, vol. 42, n. 118, 2022.

GRINBERG, S. “Dispositivos, gubernamentalidad y escolarización en tiempos gerenciales”. In: GRINBERG, S. et al. Silencios que gritan en la escuela: dispositivos, espacio urbano y desigualdades. Buenos Aires: CLACSO, 2022.

HARTMANN, L. “Como fazer pesquisa com crianças em tempos de pandemia? Perguntemos a elas.” Revista NUPEART, vol. 24, 2020.

HARTMANN, L. Crianças contadoras de histórias. Brasília: Editora da UnB, 2021.

KOHAN, W. O. “Tempos da escola em tempo de pandemia e necropolítica.” Práxis Educativa, vol. 15, 2020.

LIMA, A. E. O.; SANTOS, H.; PAIVA, R. “Políticas públicas para infância: um estudo da condição da criança no brasil e na espanha durante a pandemia da covid-19.” Boletim de Conjuntura (BOCA), vol. 12, n. 36, 2022.

LOPES, J. J. M. “A natureza geográfica do desenvolvimento Humano: diálogos com a Teoria Histórico-Cultural”. In: TUNES, E. (org.). O fio tenso que une a psicologia à educação. Brasília: UniCEUB, 2013.

LOPES, J. J. M. “Geografia das Crianças, Geografia das Infâncias: as contribuições da Geografia para os estudos das crianças e suas infâncias”. Revista Contexto e Educação, vol. 23, n. 79, 2008.

LOPES, J. J. M. et al. “Mapas vivenciais: possibilidades para a Cartografia Escolar com as crianças dos anos iniciais”. Revista Brasileira de Educação em Geografia, vol. 6, n. 11, 2016.

LOPES, J. J. M. Geografia e educação infantil. São Paulo: Editora Mediação, 2018.

LOPES, J. J. M.; FICHTNER, B. O “espaço de vida da criança: contribuições dos estudos de Marta Muchow às crianças e suas espacialidades”. Revista de Educação Pública, vol. 26, n. 63, 2017.

MACEDO, R. I.; SOUZA, M. P. R. “O Saber Escolar na Garantia de Direitos de Crianças e Adolescentes em Tempos de Covid-19”. In: LEMOS, F. C. S. et al. (orgs.). Educação: Pesquisas Contemporâneas. Boa Vista: Editora IOLE, 2023.

MADEIRA-COELHO, C. M. “O Diálogo na Teoria da Subjetividade e Epistemologia Qualitativa: sobre o que estamos falando?”. In: MITJÁNS MARTÍNEZ, A. et al. Teoria da Subjetividade como perspectiva crítica: desenvolvimento, implicações e desafios atuais. Campinas: Editora Alínea, 2022

MARTÍNEZ MUÑOZ, M. et al. “Hacia una Sociología de Urgencia: por qué escuchar a las niñas, niños y adolescentes confinados”. Documentación Social, vol. 6, 2020.

MARTÍNEZ MUÑOZ, M. et al. Te quedarás en la oscuridad: Desahucios, familias e infancia desde un enfoque de derechos. Madri: Enclave de Evaluación, 2016.

MELO, A. C. F. B.et al. “Crianças e escolas no contexto do isolamento social: aprendizagens e sociabilidades entremeadas”. In: SILVA, I. O. et al (orgs). Infância e pandemia: escuta da experiência das crianças. Belo Horizonte: Incipit, 2022.

MELO, M. A. F. “Pandemia da Covid-19: Efeitos retratados na educação pública brasileira”. Boletim de Conjuntura (BOCA), vol. 7, n. 20, 2022.

MONTANDON, C.; LONGCHAMP, P. “Você disse autonomia? Uma breve percepção da experiência das crianças.” Perspectiva, VOL. 25, N. 1, 2007.

PASTORE, M. D. N. “Infâncias, crianças e travessias: em que barcos navegamos?” Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, vol. 29, 2021.

PENN, G. “Análise semiótica de imagens paradas”. In: BAUER, M. W.; GASKELL, G. Pesquisa Qualitativa com Texto, Imagem e Som: um manual prático. Petrópolis: Editora Vozes, 2002

PINTO, M., SARMENTO, M. J. “As crianças e a infância: definindo conceitos, delimitando o campo”. In: PINTO, M., SARMENTO, M. J. (coord.). As crianças: contextos e identidades. Minho: Universidade do Minho, 1997.

PIRES, F. “Ser adulta e pesquisar crianças”. Revista de Antropologia, vol. 50, 2007.

PROUT, A. “Reconsiderando a nova infância.” Cadernos de Pesquisa, vol. 40, 2010.

QVORTRUP, J. A infância na Europa: novo campo de pesquisa social. Minho: Universidade do Minho, 1999.

RATUSNIAK, C.; SILVA, V. P. “Deus abençoe o nosso Brasil - recomendações para o retorno às aulas presenciais das crianças: a travessia da biopolítica à necropolítica”. Educação, vol. 47, 2022.

RAYOU, P. “Crianças e jovens, atores sociais na escola. Como os compreender?” Educação e Sociedade, vol. 26, n. 91, 2005.

REKACEWICZ, P.; TRATNJEK, B. “Cartographier les émotions”. Carnets de Géographes, vol. 9, 2016.

RIBEIRO K. B. et al. “Social inequalities and COVID-19 mortality in the city of São Paulo, Brazil”. International Journal Epidemiology, vol. 50, 2021.

RODRÍGUEZ-PASCUAL, I. et al. “Cuarenta tareas para la cuarentena: infancia y tareas escolares durante el confinamiento”. Cadernos CEDES, vol. 42, n. 118, 2022.

ROSSATO, M.; MITJÁNS MARTÍNEZ, A. “A metodologia construtiva-interpretativa como expressão da Epistemologia Qualitativa na pesquisa sobre o desenvolvimento da subjetividade.” Atas CIAIQ2017, vol. 1, 2017.

SANTANA, J. P.; LORDELO, L. DA R.; FÉRRIZ, A. F. P. “Quanto tempo o tempo tem? O cotidiano das crianças durante a pandemia da covid-19.” Cadernos CEDES, vol. 42, n. 118, 2022.

SILVA, I. et al. Infância e pandemia: escuta da experiência das crianças. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2022.

SILVA, I. O. et al. “A escola na ausência da escola: reflexões das crianças durante a pandemia”. Cadernos CEDES, vol. 42, 2022.

SIROTA, R. “Emergência de uma sociologia da infância: evolução do objeto e do olhar.” Cadernos de Pesquisa, n. 112, 2001.

SOARES, N. F. et al. “Investigação da infância e crianças como investigadoras: metodologias participativas dos Mundos sociais das crianças.” Nuances: Estudos Sobre Educação, vol. 12, n. 13, 2005.

VIGOTSKI, L. S. Psicologia, Educação e Desenvolvimento: Escritos de L. S. Vigotski. Rio de Janeiro: Editora Expressão Popular, 2021.

VIGOTSKI, L. S. “Quarta aula. O problema do meio na pedologia”. In: PRESTES, Z.; TUNES, E. (orgs.) 7 Aulas de L. S. Vigotski sobre os fundamentos da pedologia. Rio de Janeiro: Editora E-Papers, 2018.