“SÍNDROME PÓS-CONTRACEPTIVO”: USO E DESCONTINUIDADE DO CONTRACEPTIVO INJETÁVEL TRIMESTRAL

##plugins.themes.bootstrap3.article.main##

Andrea Del Pilar Trujillo Rodríguez
Cristiane Da Silva Cabral

Resumo

Este trabalho reúne reflexões sobre as experiências de usuárias do anticoncepcional Depo Provera, a partir de publicações no grupo do Facebook “Anticoncepcionais Injetáveis: Dúvidas e Efeitos Colaterais”. Foi realizado um estudo descritivo em contexto digital, no período de novembro de 2020 a outubro de 2021, com abordagem qualitativa. O grupo é formado principalmente por jovens brasileiras usuárias e ex-usuárias do contraceptivo injetável trimestral, que utilizam esse espaço para compartilhar experiências associadas aos efeitos colaterais e buscar apoio para lidar com eles. Foi utilizada a técnica de análise de conteúdo, que possibilitou explorar significados atribuídos pelas usuárias. Foram identificadas duas unidades de significado predominantes; os efeitos nos ciclos menstruais e os efeitos adversos experimentados durante o pós-abandono do método. Foi identificada a adoção de diversos medicamentos e insumos naturais adicionais pelas usuárias do injetável trimestral para lidar com efeitos colaterais recorrentes, como irregularidades menstruais. Foram observados impactos significativos no surgimento ou manutenção prolongada de efeitos colaterais após o abandono do método, como irregularidades nos ciclos menstruais e atraso no retorno da capacidade reprodutiva. As redes sociais funcionam como importante fonte de informação sobre a saúde da mulher; lá são compartilhadas experiências íntimas que geram solidariedade e um ambiente de apoio entre participantes com experiências de uso semelhantes.

##plugins.themes.bootstrap3.article.details##

Como Citar
RODRÍGUEZ, A. D. P. T.; CABRAL, C. da S. “SÍNDROME PÓS-CONTRACEPTIVO”: USO E DESCONTINUIDADE DO CONTRACEPTIVO INJETÁVEL TRIMESTRAL. Boletim de Conjuntura (BOCA), Boa Vista, v. 16, n. 46, p. 761–776, 2023. DOI: 10.5281/zenodo.10056562. Disponível em: https://revista.ioles.com.br/boca/index.php/revista/article/view/2448. Acesso em: 27 jul. 2024.
Seção
Artigos

Referências

ABRÃO, A. et al. “A interação simbólica na era digital: entendendo redes sociais the simbolic”. Anais do XV Congresso IBERCOM. Lisboa: UCP, 2017.

AZEVEDO MORETTI, F. et al. “Acesso a informações de saúde na internet: uma questão de saúde pública?”. Revista da Associação Médica Brasileira, vol. 58, n. 6, 2012.

BARDIN, L. Análise do Conteúdo. São Paulo: Editora Ediçoes 70, 2011.

CABRAL, C. S. “Articulações entre contracepção, sexualidade e relações de gênero”, Saude e Sociedade, vol. 26, n. 4, 2017.

CERQUEIRA, A. “Adeus , hormônios”: concepções sobre corpo e contracepção na perspectiva de mulheres jovens (Disertação de Mestrado em Saúde Pública). São Paulo: USP, 2018.

CHANDRA, A. et al. “Fertility, family planning, and reproductive health of U.S. Women: Data from the 2002 national survey of family growth”.Vital and Health Statistics, vol. 25, 2005.

DEL RÍO-PEDRAZA, C. “La medicalización del malestar en la mujer. Una valoración crítica”. Revista de la Asociación Española de Neuropsiquiatría, vol. 42, n. 141, 2022.

DESLANDES, S.; COUTINHO, T. “Social research in digital environments in COVID-19 times: Theoretical and methodological notes”, Cadernos de Saude Publica, vol. 36, n. 11, 2020.

FARMACEUTICA PFIZER. “Bula Depo Provera 150mg”. PFIZER [2022]. Disponível em: . Acesso em: 09/09/2023.

FEBRASGO - Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. Manual de Anticoncepção. São Paulo: FEBRASGO, 2015.

FRAGOSO, S. et al. Métodos de pesquisa para internet. Porto Alegre: Editora Sulina, 2011.

GUBRIUM, A. “Analysis of Depo-Provera”. Population and Development Program, vol 60, n. 50, 2016.

HAAKENSTAD, A. et al. “Measuring contraceptive method mix, prevalence, and demand satisfied by age and marital status in 204 countries and territories, 1970–2019: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2019”. The Lancet, vol. 400, n. 10348, 2022.

HEPWORTH, M.; MARTIN, E. “The Woman in the Body: A Cultural Analysis of Reproduction”. The British Journal of Sociology, vol. 42, n. 1, 1991.

JAFAR, Z. et al. “Social media for public health: Reaping the benefits, mitigating the harms”. Health Promotion Perspectives, vol. 13, n. 2, 2023.

LUPTON, D.; MASLEN, S. “How women use digital technologies for health: Qualitative interview and focus group study”. Journal of Medical Internet Research, vol. 21, n. 1, 2019.

MANICA, D. T. Contracepção, natureza e cultura: embates e sentidos na etnografia de uma trajetória (Tese de Doutorado em Filosofia e Ciencias Humanas). São Paulo: UNICAMP, 2009.

MARTINS, H. H. T. S. “Metodologia qualitativa de pesquisa”. Educação e Pesquisa, vol. 30, n. 2, 2004.

MINAYO, M. C. S. “Análise qualitativa: Teoria, passos e fidedignidade”. Ciencia e Saude Coletiva, vol. 17, n. 3, 2012.

MOHAMMED, M. Causes and consequences of contraceptive discontinuation: Evidence from 60 DHSs. Geneva,WHO press, 2012.

OMS - World Health Organization. “Critérios médicos de elegibilidade para o uso de métodos anticoncepcionais.” World Health Organization [2015]. Disponível em: . Acesso em: 12/05/2023.

PEREIRA NETO, A.; FLYNN, M. B. The internet and health in Brazil: Challenges and trends. Cham: Springer, 2018.

PISSOLITO, C. “Vítimas de anticoncepcionais : a circulação de informações sobre corpo , saúde e sexualidade no Facebook Introdução”. Anais da VII Reunião de Antropologia da Ciência e da Tecnologia. Florianópolis: UFSC, 2019.

RODRIGUES, V. S. Controvérsias Em Torno Da Pílula Anticoncepcional: Usos E Recusas Do Medicamento Por Jovens Mulheres Das Classes Médias Urbanas. Anais da VII Reunião de Antropologia da Ciência e da Tecnologia. Florianópolis:UFSC, 2020.

THORNTON, L. et al. “Recruiting for health, medical or psychosocial research using Facebook: Systematic review”. Internet Interventions, vol. 4, n.1, 2016.

VALLS-LLOBET, C. “La medicalización del cuerpo de las mujeres y la normalización de la inferioridad”. Aequalitas: Revista Jurídica de Igualdad de Oportunidades entre Mujeres y Hombres, vol. 1, n. 26, 2008

VIEIRA, E. A medicalizacao do corpo feminino. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2002.

WHITAKER, C. et al. “The use of Facebook in recruiting participants for health research purposes: A systematic review”. Journal of Medical Internet Research, vol. 19, n. 8, 2017.