“NOSSO AMIGO O ÁTOMO” E A NATURALIZAÇÃO DA ENERGIA ATÔMICA

##plugins.themes.bootstrap3.article.main##

Adriano Lopes Romero
Leandro Cajuela Lopes
Angélica Ribeiro Claus
Augusto Bergamo Arlanch
Rafaelle Bonzanini Romero

Resumo

Vários recursos foram utilizados, desde a década de 1950, para o processo de naturalização da energia atômica, tal como o documentário “Our friend the atom” [Nosso amigo o átomo], produzido por Walt Disney em 1957. Visando contribuir para discussões acerca de aspectos históricos, filosóficos e sociológicos relacionados ao tema átomos, o presente trabalho tem como objetivo a análise de sequências presentes no referido documentário com vistas a investigar seu papel no contexto da naturalização da energia nuclear. Utilizando da análise fílmica e da sociossemiótica como metodologias analíticas, selecionamos sequências que foram divididas em três categorias distintas: (i) que exploram analogias com o conto de fadas “O pescador e o gênio”; (ii) que abordam aspectos da história da teoria atômica; (iii) que fornecem explicações sobre conceitos químicos. A partir da análise realizada, observamos que este documentário, apresentado pelo físico alemão Heinz Haber (1913-1990), parece empreender uma tentativa de tornar a energia atômica um conceito mais acessível e aceitável para o público em geral. Uma das estratégias notáveis adotadas no documentário é a incorporação de elementos da história infantil “O pescador e o gênio”. Essa escolha serviu como uma metáfora para simplificar os conceitos complexos associados à energia atômica, tornando-os mais compreensíveis e cativantes para o público não especializado. Concluímos que, ao associar metaforicamente a energia nuclear ao poder de um gênio, cuja história é contada por um cientista de renome internacional, a Disney contribuiu para a naturalização da imagem de um átomo pacífico, influenciando a percepção coletiva e a disseminação de ideias sobre a ciência e a tecnologia na sociedade.

##plugins.themes.bootstrap3.article.details##

Como Citar
ROMERO, A. L.; LOPES, L. C.; CLAUS, A. R.; ARLANCH, A. B.; ROMERO, R. B. “NOSSO AMIGO O ÁTOMO” E A NATURALIZAÇÃO DA ENERGIA ATÔMICA. Boletim de Conjuntura (BOCA), Boa Vista, v. 16, n. 46, p. 516–540, 2023. DOI: 10.5281/zenodo.10049280. Disponível em: https://revista.ioles.com.br/boca/index.php/revista/article/view/2422. Acesso em: 11 maio. 2024.
Seção
Ensaios

Referências

ACCORSSI, A.; SCARPARO, H.; GUARESCHI, P. “A naturalização da pobreza: reflexões sobre a formação do pensamento social”. Psicologia e Sociedade, vol. 24, 2012.

BENTZEN, S. M. “Lise Meitner and Niels Bohr? A Historical Note”. Acta Oncologica, vol. 39, n. 8, 2000.

BOSSE, A. L. Our friend the atom? the Truman administration and the campaign to sell the peaceful atom, 1945-1949 (Master of Arts in History). California State University, 2013.

CAMPBELL, J. “Rutherford and the Nobel prize”. Physics in Canada, vol. 65, n. 1, 2009.

CAROLA, C. R.; CONSTANTE, C. E. A. “Antropocentrismo pedagógico e naturalização da exploração ambiental no ensino de ciências (Brasil, 1960-1970)”. Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental, vol. 32, n. 1, 2015.

CATELLANI, A. “Pro-nuclear European discourses: Socio-semiotic observations”. Public Relations Inquiry, vol. 1, n. 3, 2012.

DIAMANTIS, A. et al. “The contribution of Maria Sklodowska-Curie and Pierre Curie to Nuclear and Medical Physics. A hundred and ten years after the discovery of radium”. Hellenic Journal of Nuclear Medicine, vol. 11, n. 1, 2008.

EISENHOWER, S. “Atoms for peace plus fifty”. IAEA Bulletin, vol. 45, n. 2, 2003.

FAIRCLOUGH, N. “Peripheral vision - Discourse analysis in organization studies: The case for critical realism”. Organization Studies, vol. 26, n. 6, 2005.

FERREIRA, R. F.; CAMARGO, A. C. “A naturalização do preconceito na formação da identidade do afro-descendente”. ECCOS - Revista Científica, vol. 3, n. 1, 2001.

FURTADO, J. M. V. A naturalização da desigualdade social: percepções socioambientais relativas à mobilidade urbana em Palmas (Dissertação de Mestrado em Ciências do Ambiente). Palmas: UFT, 2022.

GERBASE, C. Primeiro filme: descobrindo, fazendo, pensando. Porto Alegre: Editora Artes e Ofícios, 2012.

GOROSTIZA, S.; SAURI, D. “Dangerous assemblages: Salts, trihalomethanes and endocrine disruptors in the water palimpsest of the Llobregat River, Catalonia”. Geoforum, vol. 81, 2017.

GOROSTIZA, S.; SAURÍ, D. “Naturalizing pollution: a critical social science view on the link between potash mining and salinization in the Llobregat river basin, northeast Spain”. Philosophical Transactions of the Royal Society, vol. 374, n. 1764, 2019.

GOWING, M. “Reflections on atomic energy history”. Bulletin of the Atomic Scientists, vol. 35, n. 3, 1979.

HALES, P. B. “The atomic sublime”. American Studies, vol. 32, n. 1, 1991.

JAPIASSU, H.; MARCONDES, D. Dicionário básico de Filosofia. Rio de Janeiro: Editora Jorge Zahar Editor, 2001.

KRIGE, J. “Atoms for peace, scientific internationalism, and scientific intelligence”. Osiris, vol. 21, n. 1, 2006.

LANGER, M. “Why the Atom is our Friend: Disney, General Dynamics and the USS Nautilus”. Art History, vol. 18, n. 1, 1995.

LIFTON, R. J. “Nuclearism”. Journal of Clinical Child abd Adolescent Psychology, vol. 9, n. 2, 1980.

LOPES, J. S. L. et al. “Naturalização e Estranhamento: alguns aspectos da construção social”. Cadernos IPPUR, vol. 14, n. 1, 2000.

MARANHÃO, R. A. “(Geo)grafias de Gotham City ou de Nova York ou dos Brasis: uma análise a partir do filme Joker (2019)”. Boletim de Conjuntura, vol. 11, n. 33, 2022.

MCNEILL, J. R. “Observations on the nature and culture of environmental history”. History and Theory, vol. 42, n. 4, 2003.

MECHLING, E. W.; MECHLING, J. “The atom according to Disney”. Quarterly Journal of Speech, vol. 81, n. 4, 1995.

NASCIMENTO, E. F.; GOMES, R.; REBELLO, L. E. F. S. “Violência é coisa de homem? A “naturalização” da violência nas falas de homens jovens”. Ciência e Saúde Coletiva, vol. 14, 2009.

OLIVEIRA, J. P. M. et al. “Educação ambiental: representações sociais sobre queimadas estudadas por meio de charges em websites”. Revista Acadêmica da Faculdade Fernão Dias, vol. 5, n. 16, 2018.

PENAFRIA, M. “Análise de Filmes - conceitos e metodologia(s)”. Anais do Congresso Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação. Lisboa: SOPCOM, 2009.

RIBEIRO, V. M. M. et al. “Uma análise do filme Barbie (2023), da boneca e suas implicações no desenvolvimento da criança”. Boletim de Conjuntura (BOCA), vol. 15, n. 45, 2023.

ROMERO, A. L. et al. “Nosso Amigo o Átomo”: “Análise fílmica e potencialidades para o ensino de Química”. Anais do XI Congreso Internacional sobre Investigación en la Didáctica de las Ciencias. Lisboa: Enseñanza de las Ciencias, 2021.

ROMERO, A. L.; MARCONDES, D. L. Z.; ROMERO, R. B. “Crimes ambientais contra recursos hídricos retratados por charges: reflexões para a desnaturalização da poluição: Reflexões para a desnaturalização da poluição”. Revista de Saúde e Biologia, vol. 17, 2022.

SANTOS, G. B. S.; MELLO, D. A. T.; NEVES, M. C. D. “Our Friend the Atom: An imagery analysis of Disney’s Science Book”. Science and Education, vol. 31, 2022.

SANTOS, G. B. S.; MELLO, D. A. T.; NEVES, M. C. D. “Our friend the atom”: uma análise imagética do livro de comunicação científica da Disney”. Revista Vitruvian Cogitationes, vol. 2, n. 2, 2021.

SILVA, A. B. et al. “Charges com temática ambiental: um recurso didático para um ensino de Ciências crítico”. Educação Ambiental em Ação, vol. 20, n. 78, 2022.

SIME, R. L. “Lise Meitner and the discovery of nuclear fission”. Scientific American, vol. 278, n. 1, 1998.

SUPPIA, A. L. “Em torno de cena e da sequência: problemas de categorização”. Galáxia, n. 30, 2015.

VAN MUNSTER, R.; SYLVEST, C. “Pro-nuclear environmentalism: Should we learn to stop worrying and love nuclear energy?”. Technology and Culture, vol. 56, n. 4, 2015.

VANOYE, F.; GOLIOT-LÉTÉ, A. Ensaio sobre a análise fílmica. Campinas: Editora Papirus, 2012.

VIANA, N. “Naturalização e desnaturalização: o dilema da negação prático-crítica”. Revista Espaço Livre, vol. 8, n. 16, 2013.

WEISS, L. “Atoms for peace”. Bulletin of the Atomic Scientists, vol. 59, n. 6, 2003.

WINKLER, A. M. “The “atom” and American life”. The History Teacher, vol. 26, n. 3, 1993.

XAVIER, A. M. et al. “Marcos da história da radioatividade e tendências atuais”. Química Nova, vol. 30, 2007.