CRISE CLIMÁTICA E A IMPORTÂNCIA DOS PLANOS DIRETORES E SETORIAIS DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS

##plugins.themes.bootstrap3.article.main##

Marcelo Bruno Bedoni de Sousa
José Irivaldo Alves Oliveira Silva

Resumo

O Direito e a gestão pública têm pela frente o enfrentamento de uma crise que tem afetado a todos proveniente do processo de mudanças climáticas. Esse contexto implica na necessidade inexorável de preparação das cidades em busca da resiliência e da adaptação. Portanto, considerando isso, este artigo tem como objetivo geral analisar como as capitais nordestinas vem se preparando para eventos extremos, considerando-se o arcabouço jurídico dos planos diretores e dos planos setoriais de mudanças climáticas. A questão de pesquisa trazida à baila, desse modo, é a seguinte: como estão preparadas as capitais nordestinas para o enfrentamento da emergência climática? A pesquisa teve natureza qualitativa, sendo baseada na análise documental e na pesquisa bibliográfica, utilizando-se o método indutivo como base analítica. Realizou-se uma consulta nos planos diretores das cidades capitais e nos planos setoriais de mudanças climáticas da região nordeste. Na análise dos planos diretores, foram levados em consideração apenas os dispositivos que apresentam consequências diretas para a política climática, como os temas de política urbana, proteção ambiental, mobilidade urbana e gestão de riscos e desastres climáticos. Dessa forma, verificou-se que as capitais Fortaleza, João Pessoa, Recife, Natal e Salvador, tendo em vista que possuem um plano setorial de mudanças climáticas e um conjunto diverso de previsões climáticas em seus respectivos planos diretores, apresentam um arcabouço jurídico amplo e consistente para iniciar uma política climática no âmbito municipal. 

##plugins.themes.bootstrap3.article.details##

Como Citar
SOUSA, M. B. B. de; SILVA, J. I. A. O. CRISE CLIMÁTICA E A IMPORTÂNCIA DOS PLANOS DIRETORES E SETORIAIS DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS. Boletim de Conjuntura (BOCA), Boa Vista, v. 16, n. 46, p. 118–140, 2023. DOI: 10.5281/zenodo.8408738. Disponível em: https://revista.ioles.com.br/boca/index.php/revista/article/view/2287. Acesso em: 12 maio. 2024.
Seção
Ensaios
Biografia do Autor

Marcelo Bruno Bedoni de Sousa, Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Master in Legal Sciences at the Federal University of Paraíba (UFPB), with research in the area of ​​environmental law, under the guidance of Prof. Dr. Irivaldo Oliveira and co-supervision of Prof. Dr. Talden Farias. Bachelor of Law at the Federal University of Roraima (UFRR), with guidance on the monograph by Prof. Dr. Fernando Xavier. During his undergraduate studies, he was President of the Teresa Cristina Evangelista Academic Law Center (CADTCE), from 2017 to 2019, and studied at the Institución Universitária de Envigado (IUE), in Colombia. Member of the Latin American Climate Lawyers Initiative for Mobilizing Action (LACLIMA). Specialized advisor at the Attorney General's Office of the State of Roraima (PGE/RR). He develops research especially in the discipline of environmental law, focusing on the protection of climate change. Author of the book "Environmental law and climate law: intersections between the environment and the climate system in the Brazilian legal system", published by Editora Lumen Juris.

José Irivaldo Alves Oliveira Silva, Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)

Postdoctoral Internship in the Postgraduate Program in Law, Research Group on Environmental Law and Risk Society, Federal University of Santa Catarina. Post Doctorate in Regional Development. Doctor of Social Sciences. PhD in Law and Development. CNPq Productivity Researcher, level 2. Master in Sociology. Specialist in Management of Public Organizations. Specialist in Business Law. Graduated in Legal Sciences. He held the position of Judiciary Analyst at the Paraíba Court of Justice for eight years. Full Professor of the Public Management Course at the Academic Unit of Public Management of the Federal University of Campina Grande. He is a researcher with emphasis on environmental conflicts, environment, risk society, environmental legislation, sustainable development, public policies related to access to water and sanitation. He is an active member of several research groups. It is a member of the WATERLAT research network, http://www.waterlat.org/Members.html#brazil. Researcher at JUST-Side Network (Ibero-American Science and Technology Program). Member of the Latin American Association of Sociology - ALAS. Member of the Brazilian Society of Intelligent Design. Email: irivaldo.cdsa@gmail.com or prof.irivaldo@ufcg.edu.br

Referências

ABBOTT, K. W. et al. “Orchestration: global governance throught intermediaries”. In: ABBOTT, K. W. et al. (eds.). International organizations as orchestrators. Cambridge: Cambridge University Press, 2015.

ACSELRAD, H. “O ‘social’ nas mudanças climáticas”. Liinc em Revista, vol. 18, n. 1, 2022.

ARACAJU. Lei Complementar n. 42, de 04 de outubro de 2000. Aracaju: Prefeitura Municipal, 2000. Disponível em: . Acesso em: 24/08/2023.

BECK, U. “Climate for change, or how to create a green modernity?”. Theory, Culture and Society, vol. 27, 2010.

BECK, U. Sociedade de risco: rumo a uma outra modernidade. São Paulo: Editora 34, 2011.

BEGUM, R. A. et al. “Point of departure and key concepts”. In: IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change. Climate Change 2022: impacts, adaptation and vulnerability. Cambridge: Cambridge University Press, 2022.

BIM, E. F.; FARIAS, T. “Repartição de competência legislativa e administrativa em matéria ambiental”. In: FARIAS, T.; TRENNEPOHL, T. (coords.). Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2021.

BIN, Y. et al. “Research on quantitative assessment of climate change risk at an urban scale: Review of recent progress and outlook of future direction”. Renewable and Sustainable Energy Reviews, vol. 135, 2021.

BORDIM, M. H. S.; LONGO, R. M.; BORDIM, B. S. “Sustentabilidade ambiental urbana: análise da influência da vegetação em parâmetros ambientais”. Revista de Gestão Ambiental e Sustentabilidade, vol. 11, n. 1, 2022.

BORN, R. H. “Mudanças climáticas”. In: FARIAS, T.; TRENNEPOHL, T. (coords.). Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2021.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Planalto, 1988. Disponível em: . Acesso em: 24/08/2023.

BRASIL. Lei n. 10.257, de 10 de julho de 2001. Brasília: Planalto, 2001. Disponível em: . Acesso em: 24/08/2023.

BROBERG, M.; ROMERA, B. M. “Loss and damage after Paris: more bark than bite?” Climate Policy, vol. 20, n. 6, 2020.

CAMBRIDGE DICTIONARY. “The Industrial Revolution”. Cambridge University [2022]. Disponível em: . Acesso em: 30/09/2023.

CARVALHO, D. W. Desastres ambientais e sua regulação jurídica: deveres de prevenção, reposta e compensação ambiental. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2020.

CHAKRABARTY, D. “The climate of history: four theses”. Critical Inquiry, vol. 35, n. 2, 2009.

CHANGCHENG, W. et al. “How and when higher climate change risk perception promotes less climate change inaction”. Journal of Cleaner Production, vol. 321, 2021.

CLIMATE EMERGENCY DECLARATION. “Call to declare a climate emergency”. Climate Emergency Declaration [2022]. Available in: . Access in: 23/09/2023.

CRUTZEN, P. J. “Geology of mankind”. Nature, vol. 415, 2002.

CRUTZEN, P. J. “The ‘Anthropocene’”. In: EHLERS, E.; KRAFFT, T. (eds.). Earth System Science in the Anthropocene. Berlin: Spridger, 2005.

CRUTZEN, P. J. et al. The “Anthropocene”. Global Change Newstetters, n. 41, 2000.

FARBER, D. A. “Climate change, federalismo and the constitution”. Arizona Law Review, vol. 50, 2008.

FARIAS, T.; BEDONI, M.; MAIA, F. J. F. “Cidades brasileiras no contexto da emergência climática e a necessidade de superar a lógica do neoliberalismo pela governança policêntrica”. Veredas do Direito, vol. 20, 2023.

FORTALEZA. Lei Complementar n. 062, de 02 de fevereiro de 2009. Fortaleza: Prefeitura Municipal, 2009. Disponível em: . Acesso em: 24/08/2023.

FORTALEZA. Plano local de ação climática da cidade de Fortaleza. Fortaleza: Prefeitura Municipal, 2020. Disponível em: . Acesso em: 24/08/2023.

GEMENNE, F. “Les scientifiques du Giec demeurent dans une posture de ‘neutralité objective’ qui confine à l’attentisme, entrevista a Mickael Correia”. Mediapart [2022]. Disponível em: . Acesso em: 31/08/2023.

GIBBARD, P. et al. “The Anthropocene as an event, not an epoch”. Journal of Quaternary Science, vol. 37, n. 3, 2022.

GLICKSMAN, R. L.; LEVY, R. E. “Climate change adaptation: a collective action perspective on federalism considerations”. Environmental Law, vol. 40, n. 4, 2010.

HERSBACH, H. et al. “The ERA5 global reanalysis”. Quarterly Journal of the Royal Meteorological Society, vol. 146, 2020.

HERZOG, C.; ROSA, L. “Infraestrutura verde: sustentabilidade e resiliência para a paisagem urbana”. Revista LABVERDE, vol. 1, 2010.

IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change. “Summary for Policymakers”. In: IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change. Climate Change 2022: mitigation of climate change. Cambridge: Cambridge University Press, 2022a.

IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change. Climate Change 2022: impacts, adaptation and vulnerability. Cambridge: Cambridge University Press, 2022.

JACOBI, P. R.; ROTONDARO, T. G.; TORRES, P. H. C. “Hibrismo, conhecimento e ética socioambiental”. In: PHILIPPI JR., A. (coord.). Ética socioambiental. Barueri: Editora Manole, 2019.

JANET, K. S. et al. “OK Boomer: A decade of generational differences in feelings about climate change”. Global Environmental Change, vol. 73, 2022,

JOÃO PESSOA. Decreto n. 6.499, de 20 de março de 2009. João Pessoa: Prefeitura Municipal, 2009. Disponível em: . Acesso em: 24/08/2023.

JOÃO PESSOA. Plano de Ação Climática de João Pessoa. João Pessoa: Prefeitura Municipal, 2023. Disponível em: . Acesso em: 24/08/2023.

JOHNSON, C. A. The power of cities in global climate politics: saviors, supplicants or agents of change? London: City Leadership Laboratory, 2018.

LIBÓRIO, D. C. “Meio ambiente urbano”. In: FARIAS, T.; TRENNEPOHL, T. (coords.). Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2021.

MACEDO, L. S. V.; JACOBI, P. R. “Subnational politics of the urban age: evidence from Brazil on integrating global climate goals in the municipal agenda”. Palgrave Communications, vol. 5, n. 18, 2019.

MACEIÓ. Lei Municipal n. 5.486, de 30 de dezembro de 2005. Maceió: Prefeitura Municipal, 2005. Disponível em: . Acesso em: 24/08/2023.

MORAES, F. C. D. et al. “Mudanças climáticas e ciências sociais: uma análise bibliométrica”. V!RUS, n. 20, 2020.

NATAL. Lei Complementar n. 208, de 07 de março de 2022. Natal: Prefeitura, 2022. Disponível em: . Acesso em: 24/08/2023.

NUSDEO, A. M. O. “Mudanças climáticas e os instrumentos jurídicos adotados pela legislação brasileira para o seu combate”. In: NUSDEO, A. M. O.; THENNEPOHL, T. (coords.). Temas de direito ambiental econômico. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2019.

ONU - Organização das Nações Unidas. “Nova Agenda Urbana”. ONU [2017]. Disponível em: . Acesso em: 24/08/2023.

PAEZ, L. G. “A reestruturação espacial no debate da escala a partir dos processos decisórios sobre mudanças climáticas: do global ao local”. Boletim de Conjuntura (BOCA), vol. 14, n. 41, 2023.

RECIFE. Lei Complementar n. 2, de 23 de abril de 2021. Recife: Prefeitura Municipal, 2021. Disponível em: . Acesso em: 24/08/2023.

RECIFE. Plano local de ação climática da cidade do Recife. Recife: Prefeitura Municipal, 2020. Disponível em: . Acesso em: 24/08/2023.

RIPPLE, W. J. et al. “World scientist’s warning of a climate emergency 2021”. Bioscience, vol. 71, 2021.

SALVADOR. Lei n. 9.069, de 30 de junho de 2016. Salvador: Secretaria de Desenvolvimento Urbano, 2016. Disponível em: . Acesso em: 24/08/2023.

SALVADOR. Plano de Ação Climática de Salvador. Salvador: Prefeitura Municipal, 2020. Disponível em: . Acesso em: 24/08/2023.

SÃO LUÍS. Lei n. 7.122, de 12 de abril de 2023. São Luís: Prefeitura Municipal, 2023, Disponível em: . Acesso em: 24/08/2023.

SHI, L. et al. “Roadmap towards justice in urban climate adaptation research”. Nature Climate Change, vol. 6, 2016.

SILVA, A. C. et al. “Belo Horizonte: vulnerabilidades e desafios no enfrentamento dos efeitos das mudanças climáticas”. Boletim de Conjuntura (BOCA), vol. 15, n. 43, 2023.

SOTTO, D. et al. “Sustentabilidade urbana: dimensões conceituais e instrumentos legais de implementação”. Estudos Avançados, vol. 33, n. 97, 2019.

STEARNS, P. N. The industrial revolution in world history. Philadelphia: Westview Press, 2013.

TERESINA. Lei Complementar n. 5.481, de 20 de dezembro de 2019. Teresina: Prefeitura Municipal, 2019. Disponível em: . Acesso em: 24/08/2023

UN - United Nations. “Resolution adopted by the General Assembly on 25 September 2015”. United Nations [2015]. Disponível em: . Acesso em: 24/08/2023.

WEBER, M. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Editora Martin Claret, 2013.

WEDY, G.; MOREIRA, R. M. C. “Competência federativa e combate às mudanças climáticas”. In: FARIAS, T. (org.). 10 anos da Lei Complementar n. 140: desafios e perspectivas. São Paulo: Editora Meraki, 2022.

ZSCHEISCHLER, J. et al. “Future climate risk from compund events”. Nature Climate Change, vol. 8, 2018.