A CONTABILIDADE NA ESTRUTURA CARCERÁRIA PARA O CONTROLE E REFLEXIVIDADE DO TRABALHO

##plugins.themes.bootstrap3.article.main##

Adriana Rodrigues Silva
Pedro Sérgio Sapucaia Pinheiro
Camila Tavares Ribeiro
Solange Santos

Resumo

Este artigo tem como tema a utilização da contabilidade como instrumento para o controle e reflexividade do trabalho desenvolvido pelas detentas associadas à COOSTAFE, cooperativa inserida no Sistema Penal do Pará. O objetivo da pesquisa é analisar o modo como a contabilidade é utilizada enquanto instrumento para o controle e reflexividade dos agentes e dos atores em relação às práticas de trabalho no sistema prisional. Para alcançar esse objetivo, foi realizado um estudo de caso, utilizando a triangulação dos dados, que envolveu a análise de documentos contábeis, entrevistas e questionários. Os resultados mostram que a contabilidade pode ser uma ferramenta efetiva para medir e controlar o trabalho das detentas. Através dos instrumentos de controle gerenciais e financeiros, bem como dos conceitos contábeis incorporados na rotina carcerária, o trabalho das detentas associadas à COOSTAFE passa a ser medido e controlado de um modo mais efetivo. Os resultados também indicam que a contabilidade é utilizada enquanto instrumento para o controle e reflexividade dos agentes e dos atores em relação às práticas de trabalho desenvolvidas na COOSTAFE. Em conclusão, a pesquisa demonstra que a contabilidade pode ser uma ferramenta efetiva para o monitoramento de ações sociais e físicas levadas a cabo por indivíduos reclusos pelo sistema penal, promovendo um ambiente de maior motivação e justiça. Adicionalmente, esta pesquisa apresenta um novo olhar para os estudos organizacionais, ao contemplar as vozes dos esquecidos. Além disso, fundamenta pesquisadores que estão comprometidos com novas epistemologias, aumentando as potencialidades de análise e teorização do espaço organizacional, de sua dinâmica e da contabilidade.

##plugins.themes.bootstrap3.article.details##

Como Citar
SILVA, A. R.; PINHEIRO, P. S. S.; RIBEIRO, C. T.; SANTOS, S. A CONTABILIDADE NA ESTRUTURA CARCERÁRIA PARA O CONTROLE E REFLEXIVIDADE DO TRABALHO. Boletim de Conjuntura (BOCA), Boa Vista, v. 15, n. 44, p. 283–301, 2023. DOI: 10.5281/zenodo.8242213. Disponível em: https://revista.ioles.com.br/boca/index.php/revista/article/view/1877. Acesso em: 22 dez. 2024.
Seção
Artigos

Referências

ANDREW, J. “Accounting and the construction of the ‘cost effective’ prison”. Journal of Australian Political Economy, vol. 68, 2011.

ARAÚJO, M. A. D. D.; MOREIRA, C. A. D. L. “Gerenciamento das pessoas em uma associação de trabalho: novas formas de participação?”. Organizações e Sociedade, vol. 8, n. 22, 2001.

BILHIM J. A. F.; GONÇALVES, A. O. “Abordagens Epistemológicas e Pluralismo na Pesquisa em Contabilidade: para além do paradigma dominante”. Public Sciences and Policies, vol. 7, n. 1, 2022.

BOEDKER, C. et al. “The counter-performativity of calculative practices: Mobilising rankings of intellectual capital”. Critical Perspectives on Accounting, vol. 72, 2020.

BRYER, R. “Accounting and control of the labor process”. Critical Perspectives on Accounting, vol. 17, n. 5, 2006.

CARMO, S. A. et al. “As fronteiras territoriais das relações de poder do promeiro comando na capital (PCC) no etado de Roraima”. Boletim de Conjuntura (BOCA), vol. 13, n. 38, 2023.

CREWE, B.; LEVINS, A. “The prison as a reinventive institution”. Theoretical criminology, vol. 24, n. 4, 2020.

DELBRIDGE, R. et al. “Pushing back the frontiers: management control and work intensification under JIT/TQM factory regimes”. New Technology, Work and Employment, vol. 7, n. 2, 1992.

DIAB, A. A.; METWALLY, A. B. M. “Institutional ambidexterity and management control: The role of religious, communal and political institutions”. Qualitative Research in Accounting and Management, vol. 16, n. 3, 2019.

DILLARD, J. F. et al. “The making and remaking of organization context. Duality and the institutionalization process”. Accounting, Auditing and Accountability Journal, vol. 17, n. 4, 2004.

DOWLING, J.; PFEFFER, J. “Organizational legitimacy: Social Values and Organizational Behaviour”. Pacific Sociological Review, vol. 18, n. 1, 1975.

EZZAMEL, M. et al. “Accounting and management–labour relations: the politics of production in the ‘factory with a problem’”. Accounting, organizations and Society, vol. 29, n. 3, 2004.

FOUCAULT, M. Vigiar e punir. Petrópolis: Editora Vozes, 2000.

GIDDENS. A. The constitution of society: Outline of the theory of structuration. California: Univiversity of California Press, 1984.

GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Editora Atlas, 2008.

GUERREIRO, R. et al. “O entendimento da contabilidade gerencial sob a ótica da teoria institucional”. Organizações and Sociedade, vol. 12, n. 35, 2005.

HASSEN, M. D. N. A. O trabalho e os dias: ensaio antropológico sobre trabalho, crime e prisão. Porto Alegre: Tomo Editorial, 1999.

HOPWOOD, A. G. “Accounting and organisation change”. Accounting, Auditing and Accountability Journal, vol. 3, n. 1, 1990.

JULIÃO, E. F. “O impacto da educação e do trabalho como programas de reinserção social na política de execução penal do Rio de Janeiro”. Revista Brasileira de Educação, vol. 15, 2010.

LAGUECIR, A.; LECA, B. “Strategies of visibility in contemporary surveillance settings: Insights from misconduct concealment in financial markets”. Critical Perspectives on Accounting, vol. 62, 2019.

LECLERCQ-VANDELANNOITTE, A. “‘Seeing to be seen’: The manager’s political economy of visibility in new ways of working”. European Management Journal, vol. 39, n. 5, 2021.

LEHMAN, C. R. “Unshackling accounting in prisons: Race, gender, and class”. In: LEHMAN, C. R. Accounting in Conflict: Globalization, Gender, Race and Class. London: Emerald Group Publishing Limited, 2016.

LIEBERMAN, M. B.; MONTGOMERY, D. B. “First-mover (dis)advantages: retrospective and link with the resource-based view”. Strategic Management Journal, n. 19, 1998.

LOURENÇO, R. L.; SAUERBRONN, F. F. “Revistando possibilidades epistemológicas em contabilidade gerencial: em busca de contribuições de abordagens interpretativas e críticas no Brasil”. Revista Contemporânea de Contabilidade, vol. 13, n. 28, 2016.

MACOHON, E. R.; LAVARDA, C. E. F. A. “Tríade de Giddens na Pesquisa em Contabilidade”. Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade, vol. 9, n. 3, 2015.

MEYER, J. W.; ROWAN, B. “Institutionalized organizations: formal structure as myth and ceremony”. The American Journal of Sociology, vol. 83, n. 2, 1977.

O'DWYER, G.; MATTOS, R. A. D. “Teoria da Estruturação de Giddens e os estudos de práticas avaliativas”. Physis: Revista de Saúde Coletiva, vol. 20, 2010.

RAO, H. et al. “Power plays: how social movements and collective action create new organizational forms”. Research in Organizational Behaviour, vol. 22, 2000.

SILVA, A. R. et al. Accounting as a tool of state ideology to control captive workers from a House of Correction. Accounting, Auditing and Accountability Journal, vol. 33, n. 2, 2020.

STROPARO, T. R.; KOHUT, F. A. “Utilização de ferramentas gerenciais da contabilidade nas entidades do terceiro setor: um estudo em Fundações do estado do Paraná”. Boletim de Conjuntura (BOCA), vol. 12, n. 35, 2022.

THOMPSON, A. F. A questão penitenciária. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2002.

TYSON, T. N. et al. “Accounting, coercion and social control during apprenticeship: Converting slave workers to wage workers in the British West Indies, C. 1834–1838”. Accounting Historians Journal, vol. 32, n. 2, 2005.

TYSON, T. N.; FLEISCHMAN, R. K. “Accounting for interned japanese-american civilians during world war II: creating incentives and establishing controls for captive workers”. Accounting Historians Journal, vol. 33, n. 1, 2006.

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)