MEDICALIZAÇÃO DO PARTO: REFLEXÃO ACERCA DO (BIO)PODER SOBRE O CORPO FEMININO

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Kayo Elmano Costa da Ponte Galvão
Conceição de Maria Belfort de Carvalho
Ilza do Socorro Galvão do Socorro Galvão Cutrim
Luciano da Silva Façanha
Flávio Luiz de Castro Freitas

Resumo

Por muitos anos, as mulheres foram assistidas em seu parto por outras mulheres, que as acompanhavam no pós-parto e nos cuidados com o recém-nascido. Com o nascimento da medicina moderna, o cenário parturitivo, antes realizado de forma domiciliar por parteiras, passou a ser controlado pelo Estado e a ser realizado por médicos em instituições com alto nível de intervenção. O médico passa a ser o centro da atenção, e a mulher torna-se sujeito passivo, sem voz, e sem poder de decisão sobre seu corpo. Este ensaio tem como objetivo refletir sobre a medicalização do parto a partir da concepção de biopoder proposta por Michel Foucault (2010), para quem o biopoder se constitui em um governo da vida para criar corpos dóceis e economicamente ativos. Para tanto, foram utilizadas estratégias de pesquisas nas seguintes bases de dados voltadas à medicalização do parto: LILACS, Web of Science, Bdenf, SCOPUS e PubMed/MedLine. Outros autores como Costa (2012), Tempesta et al (2021), Rohden (2000), Mauadie (2018), Velho (2019) também nos auxiliam em nossa reflexão. Como resultado, observa-se que a ação do biopoder sobre o corpo da mulher converte-se na medicalização do parto, que visa a controlar as taxas de morbimortalidade materna e neonatal.

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Como Citar
GALVÃO, K. E. C. da P.; CARVALHO, C. de M. B. de; DO SOCORRO GALVÃO CUTRIM, I. do S. G. .; FAÇANHA , L. da S.; FREITAS, F. L. de C. MEDICALIZAÇÃO DO PARTO: REFLEXÃO ACERCA DO (BIO)PODER SOBRE O CORPO FEMININO. Boletim de Conjuntura (BOCA), Boa Vista, v. 14, n. 41, p. 339–353, 2023. DOI: 10.5281/zenodo.7955052. Disponível em: https://revista.ioles.com.br/boca/index.php/revista/article/view/1299. Acesso em: 8 maio. 2024.
Seção
Ensaios

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