DISPONIBILIDADE HÍDRICA SUBTERRÂNEA DA BACIA DO RIO TIBAGI (PR), BRASIL
##plugins.themes.bootstrap3.article.main##
Resumo
A exploração crescente e insustentável das águas subterrâneas, associada aos eventos climáticos extremos, coloca em risco a segurança hídrica em diversas regiões da Terra. Este artigo tem como objetivo geral compreender a interação entre águas superficiais e subterrâneas na bacia do rio Tibagi, analisando a variabilidade espacial e temporal da disponibilidade hídrica, a fim de fornecer subsídios para uma gestão integrada e sustentável da bacia. A pesquisa é de abordagem quantitativa, baseada na análise de dados secundários de precipitação (PCP) e vazão (Q) entre 1986 e 2016. Foram estimadas a restituição hídrica relativa anual (Rh) e a reserva reguladora aquífera (Rr) por meio da análise de recessão, utilizando o método de Maillet. Os resultados revelam uma significativa variação espacial e temporal na disponibilidade hídrica da bacia. Enquanto, no município de Castro, houve uma redução de 30,5 mm, em Cornélio Procópio – município menos chuvoso – observou-se um aumento significativo na PCP de 26,7 mm. No entanto, esse aumento não resultou em maior Rr, Rh ou Q. A análise da Rh e da Rr revelou variações significativas ao longo do tempo e do espaço, porém sem tendências estatísticas significativas. Conclui-se que a interação entre águas superficiais e subterrâneas na bacia é complexa e influenciada por múltiplos fatores, como uso e cobertura da terra, temperatura e evapotranspiração. Para tanto, reforça-se a necessidade da ampliação do monitoramento e acesso a dados públicos atualizados para orientar a gestão integrada dos recursos hídricos da região.
##plugins.themes.bootstrap3.article.details##

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Direitos autorais (c) .
Esta obra está licenciada sob uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.
Referências
ABDIN, E. C. et al. “Reliability of spring recession curve analysis as a function of the temporal resolution of the monitoring dataset”. Environmental Earth Sciences, vol. 80, 2021.
ALVARES, C. A. et al. “Köppen’s climate classification map for Brazil”. Meteorologische Zeitschrift, vol. 22, n. 6, 2013.
ALVES, R. A. et al. “Flood vulnerability mapping in an urban area with high levels of impermeable coverage in southern Brazil”. Regional Environmental Change, vol. 24, 2024.
AMADO, T. J. C.; PROCHNOW, D.; ELTZ, F. L. F. “Perdas de solo e água em períodos de anomalias climáticas: “El Niño” e “La Niña” no sul do Brasil”. Revista Brasileira de Ciência do Solo, vol. 26, n. 3, 2002.
ANA – Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico. Atlas Irrigação: uso da água na agricultura irrigada. Brasília: ANA, 2021. Disponível em: . Acesso em: 23/03/2025.
ANA – Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico. Conjuntura Recursos Hídricos no Brasil 2017. Brasília: ANA, 2017. Disponível em: . Acesso em: 23/03/2025.
ARSEGO, D. A. et al. “Climatic index associated with the interannual variability of rice yield in Rio Grande do Sul”. Revista Brasileira de Meteorologia, vol. 35, n. 2, 2020.
BARBOSA, V. V. et al. “Análise da variabilidade climática do município de Garanhuns, Pernambuco – Brasil”. Revista Brasileira de Geografia Física, vol. 9, n. 2, 2016.
BATISTEL, L.; GRISON, F.; MOTA, A. “Relação entre coeficiente de recessão e índice de precipitação antecedente em bacias embutidas”. Revista de Gestão de Água da América Latina, vol. 15, n. 1, 2018
BLOOMFIELD, J. P.; ALLEN, D. J.; GRIFFITHS, K. J. “Examining geological controls on baseflow index (BFI) using regression analysis: An illustration from the Thames Basin, UK”. Journal of Hydrology, vol. 373, n. 1, 2009.
CARLOTTO, T. et al. “Análise de curva mestra de recessão de uma bacia de mata atlântica na Lagoa do Peri, Florianópolis – SC”. Anais do XXIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos. Foz do Iguaçu: UFPR, 2019.
DEWANDEL, B. et al. “Evaluation of aquifer thickness by analysing recession hydrographs. Application to the Oman ophiolite hard-rock aquifer”. Journal of Hydrology, vol. 274, 2003.
DOUGHERTY, E.; MORRISON, R.; RASMUSSEN, K. “High-resolution flood precipitation and streamflow relationships in two US river basins”. Meteorological Applications, vol. 28, n. 2, 2021.
DOYLE, M. E.; BARROS, V. R. “Attribution of the river flow growth in the Plata Basin”. International Journal of Climatology, vol. 31, n. 15, 2011.
DU, J. et al. “Different Flooding Behaviors Due to Varied Urbanization Levels within River Basin: A Case Study from the Xiang River Basin, China”. International Journal of Disaster Risk Science, vol. 10, n. 1, 2019.
ELY, D. F. “Padrões espaciais das tendências das precipitações sazonais e mensais no estado do Paraná – Brasil”. Revista Brasileira de Climatologia, vol. 25, 2019.
GARCEZ, L. N.; ALVAREZ, G. A. Hidrologia. São Paulo: Editora Edgard Blucher, 1988.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Editora Atlas, 2002.
HIRATA, R. C. A.; ZOBY, J. L. G.; OLIVEIRA, F. R. “Água subterrânea: reserva estratégica ou emergencial”. In: BICUDO, T.; TUNDISI, J. G.; SCHEUENSTUHL, M. C. B. (orgs.). Águas do Brasil: análises estratégicas. São Paulo: Instituto de Botânica, 2010.
IAT – Instituto Água e Terra. Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio Tibagi. Curitiba: IAT, 2020. Disponível em: . Acesso em: 23/04/2025.
IAT – Instituto Água e Terra. Sistema de Informações Hidrológicas. Curitiba: IAT, 2025. Disponível em: . Acesso em: 23/04/2025.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. “Primeiros Resultados de População do Censo Demográfico 2022”. IBGE [2022]. Disponível em: . Acesso em: 24/04/2025.
KAN, X.; CHENG, J.; HOU, F. “Response of preferential soil flow to different infiltration rates and vegetation types in the Karst region of Southwest China”. Water, vol. 12, n. 6, 2020.
KUANG, X. et al. “The changing nature of groundwater in the global water cycle”. Science, vol. 383, n. 6686, 2024.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia Científica. São Paulo: Editora Atlas, 2008.
LIU, Y. et al. “The divergence between potential and actual evapotranspiration: An insight from climate, water, and vegetation change”. Science of The Total Environment, vol. 807, 2022.
MAILLET, E. Essais d'hydraulique fluviale. Paris: Herman, 1905.
MAMMADOVA, L.; NEGRI, S. “Understanding the impacts of overexploitation on the Salento aquifer: A Comprehensive review through well data analysis”. Sustainable Futures, vol. 7, 2024.
MANCHUR, J. Elaboração do Storymaps para divulgação de dados da Bacia Hidrográfica do Rio Tibagi (Dissertação de Mestrado em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos). Campo Mourão: UTFPR, 2023.
MAY, W.; VOSS, R.; ROECKNER, E. “Changes in the mean and extremes of the hydrological cycle in Europe under enhanced greenhouse gas conditions in a global time-slice experiment”. In: BENISTON, M. (org.). Climatic change: implications for the hydrological cycle and for water management. Fribourg: Kluwer Academic Publishers, 2003.
MIGUEZ, P. H. G. Desenvolvimento de um sistema para integração e disponibilização de dados de águas subterrâneas (Dissertação de Mestrado em Engenharia Ambiental). Londrina: UTFPR, 2023.
MILLER, M. P. et al. “The importance of base flow in sustaining surface water flow in the Upper Colorado River Basin”. Water Resources Research, n. 52, 2016.
MUÑOZ-VILLERS, L. E.; MCDONNELL, J. J. “Land use change effects on runoff generation in a humid tropical montane cloud forest region”. Hydrology and Earth System Sciences, vol. 17, 2013.
NASCIMENTO, M. T. et al. “Estudo de hidrogramas do baixo curso do rio paraíba do sul para avaliação da contribuição hídrica subterrânea”. Anais do XX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos. Florianópolis: UFSC, 2017.
ONU. Groundwater: Making the invisible visible. Paris: UNESCO, 2022. Disponível em: . Acesso em: 23/03/2025.
PETERLINI, G.; PINESE, J. P. P.; CELLIGOI, A. “Utilização do método de curvas de recessão na avaliação de reservas reguladoras de aquíferos: uma ferramenta de planejamento urbano ambiental”. Geografia em Atos, vol. 2, n. 9, 2019.
PRĂVĂLIE, R. et al. “Spatio-temporal changes of the climatic water balance in Romania as a response to precipitation and reference evapotranspiration trends during 1961–2013”. Catena, vol. 172, 2019.
RAFEE, S. A. A. et al. “Spatial trends of extreme precipitation events in the Paraná river basin”. Journal of Applied Meteorology and Climatology, vol. 59, n. 3, 2020.
REBOITA, M. S. et al. “Regimes de precipitação na América do Sul: uma revisão bibliográfica”. Revista Brasileira de Meteorologia, vol. 25, n. 2, 2010.
REBOUÇAS, A. C. “Importância da água subterrânea”. In: REBOUÇAS, A. C. et al. (orgs.). Hidrogeologia: conceitos e aplicações. Rio de Janeiro: CPRM, 2008.
RICHARDSON, C. M. et al. “Geologic Controls on Source Water Drive Baseflow Generation and Carbon Geochemistry: Evidence of Nonstationary Baseflow Sources Across Multiple Subwatersheds”. Water Resources Research, vol. 56, n. 7, 2020.
ROCHA, A. K. P.; SANTOS, M. M. “Distribuição pluviométrica do município de Londrina/PR: análise do comportamento, balanço hídrico, probabilidade e tempo de retorno”. Revista Brasileira de Geografia Física, vol. 15, n. 6, 2022.
ROSA FILHO, E. F. et al. As águas subterrâneas no Estado do Paraná. Curitiba: Maxi Gráfica e Editora Ltda, 2010.
ROSA, A. M. R.; GUARDA, V. L. M. “Gestão de recursos hídricos no Brasil: um histórico”. Direito Ambiental e Sociedade, vol. 9, n. 2, 2019.
ROWIECHI, J. et al. “Governança represada: assimetria de poder e resistência no Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Tibagi”. Interações, vol. 24, n. 2, 2023.
RUDKE, A. P. et al. “Landscape changes over 30 years of intense economic activity in the upper Paraná River basin”. Ecological Informatics, vol. 72, 2022.
SAINI, L.; SHARMA, K.; KUMAR, P. “Water efficiency in agriculture as a vital approach toward water management in rural areas”. In: MADHAY, S. et al. Water Resources Management for Rural Development: challenges and mitigation. Cambridge: Elsevier, 2024.
SALTON, F. G.; MORAIS, H.; LOHMANN, M. “Dry periods in the state of Paraná, Brazil”. Revista Brasileira de Meteorologia, vol. 36, n. 2, 2021.
SANTOS, M. M.; CELLIGOI, A. “Utilização da metodologia de análise da curva de recessão para o cálculo das reservas reguladoras do aqüífero Caiuá na sub-bacia do Rio dos Índios-PR”. Anais do XII Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas. Florianópolis: ABRHidro, 2002.
SANTOS, M. M.; ROCHA, D. A.; TISSIANO, G. M. “Estudo sobre a variação histórica das reservas reguladoras aquíferas em zona de afloramento do sistema aquífero guarani (SAG) no estado de São Paulo”. In: ANTONELLO, I. T. et al. (org.). Interfaces socioespaciais e geoambientais. Londrina: Editora da UEL, 2021.
SAYD, D.; YONNANA, E.; MUBI, A. “An Analysis of Rainfall and Discharge Relationship at the River Kilange Catchment, Adamawa State, Nigeria”. Jordan Journal of Earth and Environmental Sciences, vol. 11, n. 4, 2020.
SCHUCH, C. et al. “Overexploitation Assessment in an Urban Karst Aquifer: the case of Sete Lagoas (MG), Brazil”. Social Science Research Network, vol. 88, 2023.
SEAB - Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná. Produção agrícola do estado do Paraná em 2021. Curitiba: SEAB, 2022. Disponível em: . Acesso em: 23/04/2025.
SHUBO, T.; FERNANDES, L.; MONTENEGRO, S. G. “An overview of managed aquifer recharge in Brazil”. Water, vol. 12, n. 4, 2020.
SILVA, H. V. et al. “A competência do município na gestão das águas subterrâneas e a contribuição da hidrogeologia urbana”. Revista UNG – Geociências, vol. 22, n. 2, 2023.
SILVA, R. F. G.; BACELLAR, L. A. P.; FERNANDES, K. N. “Estimativa de parâmetros de aquíferos através do coeficiente de recessão em áreas de embasamento cristalino de Minas Gerais”. Rem: Revista Escola de Minas, vol. 63, n. 3, 2010.
SIMON, F. W. et al. “Estimativa de recarga do sistema aquífero guarani por meio da aplicação do método da variação da superfície livre na bacia do Rio Ibicuí-RS”. Águas Subterrâneas, vol. 31, n. 2, 2017.
SINGH, A. A.; SINGH, A. K. “Climatic controls on water resources and its management: challenges and prospects of sustainable development in Indian perspective”. In: THOKCHOM, B. et al. (org.). Water Conservation in the Era of Global Climate Change. Amsterdam: Elsevier, 2021.
SOOMRO, S. E. et al. “Precipitation changes and their relationships with vegetation responses during 1982-2015 in Kunhar River basin, Pakistan”. Water Supply, vol. 21, n. 7, 2021.
SOUZA, S. A.; REIS, D. S. “Trend Detection in Annual Streamflow Extremes in Brazil”. Water, vol. 14, n. 11, 2022.
TALLAKSEN, L. “A review of baseflow recession analysis”. Journal of Hydrology, vol. 165, 1995.
TAN, X.; LIU, B.; TAN, X. “Global Changes in Baseflow Under the Impacts of Changing Climate and Vegetation”. Water Resources Research, vol. 56, n. 9, 2020.
TUCCI, C. Hidrologia. Porto Alegre: Editora ABRH, 2020.
VILLAR, P. C. “Groundwater and the right to water in a context of crisis”. Ambiente e Sociedade, vol. 19, n. 1, 2016
WILSON, S. et al. “Urbanization of grasslands in the Denver area affects streamflow responses to rainfall events”. Hydrological Processes, vol. 36, n. 10, 2022.
WITTENBERG, H. “Effects of season and man-made changes on baseflow and flow recession: Case studies”. Hydrological Processes, vol. 17, 2003
YANG, H. et al. “Assessment of water level threshold for groundwater restoration and overexploitation remediation the Beijing-Tianjin-Hebei Plain”. Journal of Groundwater Science and Engineering, vol. 10, n. 2, 2022.
ZHAO, M. et al. “Evapotranspiration frequently increases during droughts”. Nature Climate Change, vol. 12, n. 11, 2022.
ZOBY, J. L. G.; MATOS, B. “Águas subterrâneas no Brasil e sua inserção na Política Nacional de Recursos Hídricos”. Águas Subterrâneas, n. 1, 2002.