AS DEFICIÊNCIAS DA CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS E DESASTRES NO BRASIL E SUAS IMPLICAÇÕES
##plugins.themes.bootstrap3.article.main##
Resumo
O presente artigo objetiva comparar a Codificação Brasileira de Desastres, Ameaças e Riscos (Codar), publicada nos anos 90, com a Codificação Brasileira de Desastres (Cobrade), estabelecida no ano de 2012, em vigor no Brasil. Por meio de uma abordagem metodológica mista do tipo convergente paralelo, integraram-se técnicas qualitativas e quantitativas, capazes de promover a compreensão abrangente da transição entre as codificações de desastres no Brasil. Houve a triangulação de fontes, validação cruzada de dados e análise multiescalar, por meio de três etapas interdependentes: análise documental, análise comparativa entre sistemas de classificação e triangulação de dados para validação. A pesquisa permitiu evidenciar que a Codar, possuía 157 tipologias de desastres naturais, tecnológicos e mistos enquanto a Cobrade contém um total de 65 tipologias, divididas entre desastre naturais e Tecnológicos apresentando uma redução de 92 classificações de desastres. Essa disparidade quantitativa apresenta uma certa compensação qualitativa, mas lacunas importantes estão abertas. Através de levantamento realizados em consultas ao sistema de registros da Defesa Civil, jornais e artigos científicos, verificou-se que tipos de desastres continuam ocorrendo no país, deixando de ser registrados devido a essa ausência de categorização na Cobrade, a qual apresenta erros de definição na conceitualização de determinados eventos desastrosos. O estudo concluiu que a adoção da Cobrade não proporcionou a compatibilização do Brasil com os bancos de dados internacionais uma vez que há discrepância entre a quantidade dos desastres registrados no país e aqueles informados ao exterior. Além disso, a supressão das tipologias impacta a possibilidade de registros e, consequentemente, dos resultados esperados da sua formalização, como as decretações de situação de emergência e estado de calamidade pública. Por fim, sugere-se a adoção do Hazard Information Profiles (HIP), mais amplo até que a Codar (302 tipologias), como alternativa para organização do banco de dados, alinhando-se ao que pretende o Escritório das Nações Unidas para a Redução dos Desastres, que tem influenciado o EM-DAT a rever sua codificação atual.
##plugins.themes.bootstrap3.article.details##

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Direitos autorais (c) . 
Esta obra está licenciada sob uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.
Referências
ALEXANDER D. B. “Victims after a major disaster: reactions of patients and their caregivers”. Burns: Journal of the International Society for Burn Injuries, vol. 19, n. 2, 1993.
ALEXANDER, D. E. “The game changes: “Disaster Prevention and Management” after a quarter of a century”. Disaster Prevention and Management, vol. 25, n. 1, 2016.
ALEXANDER, D. E. “Resilience and disaster risk reduction: an etymological journey”. Natural Hazards and Earth System Sciences, vol. 13, 2013.
ALEXANDER, D. E. Confronting Catastrophe: New Perspectives on Natural. Disasters. New York: Terra Publishing, 2000.
BAILIE, J. et al. “Volunteering as prosocial behaviour by medical students following a flooding disaster and impacts on their mental health: A mixed-methods study”. Medical Education, vol. 58, 2024.
BECK, U. Risk society: Toward a new modernity. Newbury Park: Sage, 1992.
BLOMBERG, K.; MURPHY, J.; HUGELIUS, K. “Self-care strategies used by disaster responders after the 2023 earthquake in Turkey and Syria: a mixed methods study”. BMC Emergency Medicine, n. 195, 2024.
BMZ - Bundesministerium Für Wirtschaftliche Zusammenarbeit Und Entwicklung. “Katastrophenrisikomanagement Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH”. BMZ [2022]. Disponível em: . Acesso em: 10/04/2025.
BRASIL. Decreto n. 8.572, de 13 de novembro de 2015. Brasília: Planalto, 2015. Disponível em: . Acesso em: 12/03/2025.
BRASIL. Decreto-Lei n. 4.624, de 26 de agosto de 1942. Rio de Janeiro: Congresso Nacional, 1942. Disponível em: . Acesso em: 12/03/2025.
BRASIL. Decreto-Lei n. 5.861, de 30 de setembro de 1943. Rio de Janeiro: Congresso Nacional, 1943. Disponível em: . Acesso em: 12/03/2025.
BRASIL. Decreto-Lei n. 83.839, de 13 de agosto de 1979. Brasília: Planalto, 1979. Disponível em: . Acesso em: 12/03/2025.
BRASIL. Instrução Normativa n. 01, de 24 de agosto de 2012. Brasília: Planalto, 2012. Disponível em: . Acesso em: 12/03/2025.
BRASIL. Lei n. 8.036, de 11 de maio de 1990. Brasília: Planalto, 1990. Disponível em: . Acesso em: 12/03/2025.
BRASIL. Lei n. 10.257, de 10 de julho de 2001. Brasília: Planalto, 2001. Disponível em: . Acesso em: 12/03/2025.
BRASIL. Lei n. 10.878, de 8 de junho de 2004. Brasília: Planalto, 2004. Disponível em: . Acesso em: 12/03/2025.
BRASIL. Lei n. 12.608, de 10 de abril de 2012. Brasília: Planalto, 2012. Disponível em: . Acesso em: 12/03/2025.
BRASIL. Política Nacional de Defesa Civil. Brasília: Secretaria Nacional de Defesa Civil, 2004. Disponível em: . Acesso em: 12/03/2025.
BRASIL. Portaria MDR n. 260, de 2 de fevereiro de 2022. Brasília: Planalto, 2022. Disponível em: . Acesso em: 12/03/2025.
CALDERA, H. J.; WIRASINGHE, S. C. “A universal severity classification for natural disasters”. Natural Hazards, vol. 111, 2022.
CASTRO, A. L. C. Glossário de defesa civil, estudos de riscos e medicina de desastres. Brasília: Ministério da Integração Nacional, 1998.
CEDEC - Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de Santa Catarina. Formulário de Avaliação de Danos. Florianópolis: CEDEC, 2004. Disponível em: . Acesso em: 12/03/2025.
CEDEC/PR - Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Paraná. SISDC – Sistema de Informações da Defesa Civil. Curitiba: CEDEC, 2013. Disponível em: . Acesso em: 12/03/2025.
COBRADE - Codificação Brasileira de Desastres. “Informações”. COBRADE [2024]. Disponível em: . Acesso em: 19/12/2024.
CONSOLI, S. “Uncovering the hidden face of narrative analysis: A reflexive perspective through MAXQDA”. System, vol. 102, 2021.
CRESWELL, J. W.; CLARK, V. L. “Revisiting mixed methods research designs twenty years later”. In: POTH, C. N. Handbook of mixed methods research designs. London: Sage Publications, 2023.
CUTTER, S. L. “Societal responses to environmental hazards”. International Social Science Journal, vol. 48, 1996.
DALGLISH, S. L.; KHALID, H.; MCMAHON, S. A. “Document analysis in health policy research: the READ approach”. Health Policy Planning, vol. 35, 2020.
DCS - Disaster Classification System. “Historical and Current Classification System of Disasters”. EM-DAT [2023]. Disponível em: . Acesso em: 18/03/2025.
DELFORGE, D. et al. “EM-DAT: the Emergency Events Database”. International Journal of Disaster Risk Reduction, vol. 124, 2025.
DO, M.; JANZWOOD, A.; PUE, K. “Multilevel governance, climate (in)justice, and settler colonialism—evidence from First Nations disaster evacuations in so-called Canada”. Critical Policy Studies, vol. 18, n. 2, 2023.
EM-DAT - The International Disaster Database. “A Brief History of the EM-DAT Classification System”. EM-DAT [2025a]. Disponível em: . Acesso em: 18/03/2025.
EM-DAT - The International Disaster Database. “Disaster Classification System”. EM-DAT [2024]. Disponível em: . Acesso em: 18/03/2025.
EM-DAT - The International Disaster Database. “A Brief History of the EM-DAT Classification System”. EM-DAT [2025]. Disponível em: . Acesso em: 18/03/2025.
FODEN, G. W.; HENDRIKS, T. “Dis/Counting disasters: The dangers of disaster data”. Preventionweb [2025]. Disponível em: . Acesso em: 18/03/2025.
FONSECA, M. N.; FERENTZ, L.; GARCIAS, C. M. “Disponibilidade de dados abertos para a resiliência às inundações em Curitiba (Paraná)”. Revista de Morfologia Urbana, vol. 8, n. 2, 2020.
FONSECA, M. N.; GARCIAS, C. M. “Comunicação de risco de inundação: instrumento fundamental da gestão de riscos de desastres”. Desenvolvimento Regional em Debate, vol. 10, 2020.
GOMES, M.; RUSSO F. “Meteoritos caem em casa, danificam telhado e assustam morador da zona rural de Portelândia”. G1 [2022]. Disponível em: . Acesso em: 18/03/2025.
GUETTERMAN, T.; CLARK, V.; MOLINA-AZORIN, J. F. “Terminology and Mixed Methods Research: A Persistent Challenge”. Journal of Mixed Methods Research, vol. 18, n. 1, 2023.
HORNES, K. L. (org.). Tornados no Brasil. Ponta Grossa: Editora Toda Palavra, 2022.
JONES, R. L.; KHARB, A.; TUBEUF, S. “The untold story of missing data in disaster research: a systematic review of the empirical literature utilising the Emergency Events Database (EM-DAT)”. Environmental Research Letters, vol. 18, 2023.
KUTSYURUBA, B. “Document Analysis”. In: OKOKO, J. M., TUNISON, S., WALKER, K. D. (eds.). Varieties of Qualitative Research Methods. Cham: Springer, 2023.
MASSA NEWS. “Barqueiro que filmou tromba d’água em Guaratuba relata alívio ao sair de situação”. Massa News [2024]. Disponível em: . Acesso em: 12/12/2024.
MIN - Ministério da Integração Nacional. Manual de Desastres. Brasília: Secretaria Nacional de Defesa Civil, 2005. Disponível em: . Acesso em: 12/03/2025.
OECD - Organisation for Economic Co-operation and Development. The Polluter Pays Principle: Definition, Analysis, Implementation. Paris: OECD, 2008. Disponível em: . Acesso em: 12/12/2024.
OKUNOLA, O. H. “Exploring multi-level governance arrangements in disaster recovery: A study of Lagos, Nigeria”. International Journal of Disaster Risk Reduction, vol. 118, 2025.
ORRU, K. et al. “Approaches to ‘vulnerability’ in eight European disaster management systems”. Disasters, vol. 46, 2022.
PARANÁ. “Ocorrência registrada no município de Guarapuava/PR, no dia 22 de julho de 2013, sob n.º 526/2013 – SISDC/CEPDEC/PR”. Prefeitura de Guarapuava [2013]. Disponível em: . Acesso em: 12/12/2024.
PINHEIRO, E. G. Gestão Pública para a redução dos desastres: incorporação da variável risco de desastre à gestão das cidades. Curitiba: Editora Appris, 2015.
PORTAL TUCUMÃ. “Tromba d´água no rio Amazonas destrói barcos e causa Pânico”. Portal Tucumã [2022]. Disponível em: . Acesso em: 12/03/2025.
SCHLUNEGGER, M. C.; ZUMSTEIN-SHAHA M.; PALM, R. “Methodologic and Data-Analysis Triangulation in Case Studies: A Scoping Review”. Western Journal of Nursing Research, vol. 46, n. 8, 2024.
SEBA, V. M. P. S.; MATHIAS, R. D. S. B; CORREIA, F. R. “Ciclones Subtropicais”. Revista Marítima Brasileira [2016]. Disponível em: . Acesso em: 12/03/2025.
THOMPSON, M. “Epistemic risk in methodological triangulation: the case of implicit attitudes”. Synthese, vol. 201, n. 1, 2023.
TURNER, B. A. “The Development of Disasters—A Sequence Model for the Analysis of the Origins of Disasters”. The Sociological Review, vol. 24, n. 4, 1976.
UNDRR - United Nations Office for Disaster Risk Reduction. Global Assessment Report on Disaster Risk Reduction - 2022. Geneva: UNISDR, 2022. Disponível em: . Acesso em: 11/03/2025.
UNDRR - United Nations Office for Disaster Risk Reduction. Hazard information profiles. Geneva: UNISDR, 2021. Disponível em: . Acesso em: 11/03/2025.
UNDRR - United Nations Office for Disaster Risk Reduction. Sendai Framework Terminology on Disaster Risk Reduction. Geneva: UNISDR, 2025. Disponível em: . Acesso em: 11/03/2025.
UNISDR - United Nations International Strategy for Disaster Reduction. Sendai framework for disaster risk reduction 2015–2030. Geneva: UNISDR, 2015. Disponível em: . Acesso em: 11/03/2025.
UNITED NATIONS. Natural hazards, unnatural disasters: the economics of effective prevention. Washington: United Nations, 2010. Disponível em: . Acesso em: 12/03/2025.
VU, B. T. et al. “Enablers and Barriers to Implementing Effective Disaster Risk Management According to Good Governance Principles: Lessons from Central Vietnam”. International Journal of Disaster Risk Reduction, vol. 120, 2025.
WISNER, B. et al. At risk Natural hazards, people's vulnerability and disasters. London: Routledge, 2004.
WMO - World Meteorological Organization. “Disasters and inequality are two sides of the same coin”. WMO [2023]. Disponível em: Acesso em: 12/03/2025.
XU, W.; ZAMMIT, K. “Applying thematic analysis to education: A hybrid approach to interpreting data in practitioner research”. International Journal of Qualitative Methods, vol. 19, 2020.
YIN, R. K. Case Study Research and Applications: Design and Methods. Thousand Oaks: Sage, 2018.