O PAPEL DAS NARRATIVAS (AUTO)BIOGRÁFICAS NA FORMAÇÃO DA IDENTIDADE DOCENTE: A MEMÓRIA ENTRE VOZES E AFETOS

Resumo

Este ensaio discute sobre as contribuições das narrativas autobiográficas para a formação da identidade docente. Estudos com narrativas autobiográficas têm se destacado nas investigações educacionais, pois ajudam a entender os processos de subjetivação que formam a identidade docente, a qual é influenciada por questões sociais, culturais e históricas. Dessa forma, o objetivo consiste em compreender o papel das narrativas autobiográficas na formação dessa identidade a partir das vozes e dos afetos dos narradores participantes do estudo. O texto resulta de um questionário aplicado a dez professores da rede de educação básica do estado do Ceará. Acerca da metodologia, para a coleta e análise dos dados, contamos com o método qualitativo, ancorado no recurso teórico-metodológico da pesquisa narrativa autobiográfica, em que foram realizadas entrevistas com os sujeitos com o uso de questionários via Google Forms. Também foi utilizada a pesquisa bibliográfica sobre a narrativa autobiográfica, formação e identidade docente a partir da análise de obras que contribuem para o entendimento da questão em estudo, enriquecendo teoricamente a análise dos dados. Esse tipo de investigação permite a formulação de perguntas e a promoção de reflexões embasadas no objeto de estudo, além de apresentar as discussões em curso na literatura, com base nos conteúdos de livros e artigos de autores que versam sobre a temática. Para esse levantamento de dados, foram realizadas buscas de artigos de periódicos brasileiros e estrangeiros nas plataformas SciELO e ScienceDirect. A pesquisa revelou que a autobiografia na docência desempenha um papel fundamental na reflexão sobre formação e prática docente, bem como nos processos de subjetivação que constituem a identidade profissional dos professores, pois articula experiências pessoais com dimensões sociais e culturais. O estudo concluiu que muitos professores ingressam na profissão por falta de alternativas, realidade agravada pela desvalorização social e financeira da carreira docente. Dessa forma, destaca a urgência de políticas de valorização da profissão e reafirma o potencial das narrativas autobiográficas como ferramenta para dar visibilidade às práticas docentes e fortelecer a identidade profissional.