SAÚDE MENTAL DE MULHERES RURAIS NO BRASIL: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA
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Resumo
Este artigo apresenta uma revisão integrativa da literatura acerca da saúde mental de mulheres que residem em comunidades rurais no Brasil. Para a coleta de dados, foi realizada uma busca nas bases de dados LILACS, SciELO, BVS-Psi e PePSIC. Foram analisados artigos publicados no intervalo de 2012 a 2022, resultando em uma amostra de 9 estudos selecionados para a revisão e na construção das seguintes categorias para discussão: Transtornos Mentais Comuns e outras condições em saúde mental; Fatores relacionados ao sofrimento mental entre mulheres rurais; e Estratégias de cuidado e apoio social. No que concerne aos resultados da primeira categoria, os Transtornos Mentais Comuns, ansiedade e depressão foram apresentados como doenças que podem causar discriminação, isolamento social e tentativa de suicídio em mulheres rurais. Na segunda, apresentam-se os fatores imbricados no sofrimento mental dessas mulheres, a saber, sobrecarga e desvalorização do trabalho, pobreza e violência doméstica. Por fim, a terceira expõe as estratégias de cuidado que estão relacionadas à religiosidade, à família, ao trabalho e ao lazer. Aponta, ainda, o apoio governamental através das políticas públicas e de assistência social. Conclui-se que ser mulher rural aponta para modos de sofrimentos e existência singulares, que necessitam de prevenção e promoção em saúde mental, dignas, compreensivas, éticas, que ultrapassem as barreiras impostas pela realidade social e política opressora, e assim, possam construir junto à população possibilidades de resistências. Logo, o estudo mostra a necessidade de mais debates sobre a temática em foco, pois, a partir disso, é possível refletir sobre a práxis em saúde nesses espaços, o que possibilita repensar novas estratégias de políticas públicas em saúde e assistência social para mulheres que residem em comunidades rurais do Brasil.
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