ÉTICA HUMANA UNIVERSAL E ALTERIDADE: DIÁLOGOS COM FREIRE, BUBER, MARCEL E MOUNIER

Resumo

O estudo tem por objetivo problematizar questões emergentes nestes tempos de pandemia e pós-pandemia, ancorada na seguinte indagação: o que a pandemia nos exorta a aprender e a restaurar no sentido ético-humano? Utilizamos como temas geradores as categorias Ética Humana Universal e Alteridade, na acepção de Paulo Freire, atualizando-as na interlocução dialógica com os autores Emanuel Mounier, Martin Buber e Gabriel Marcel, cujos referenciais constituíram no campo teórico. Por meio da pesquisa bibliográfica, realizamos a leitura interpretativa analítica, com a finalidade de compreender nas obras de Freire aspectos nos quais a ética humana universal se expressa na relação do eu com o outro, evidenciando a interlocução com os autores referenciados. No exercício de extrair princípios e sentidos das referidas categorias, que possibilitam a atualização do pensamento e visão do autor, realçamos sua contribuição teórica e metodológica para dimensionar a humanidade e a alteridade configuradas nas circunstâncias atuais, a fim de repensar o humano no mundo e nas relações. Enquanto resultados, realçamos a necessidade de restaurar os sentidos do humano e da alteridade, refletindo sobre os efeitos do cerceamento das liberdades, do recrudescimento de trincheiras que negam a humanidade e rompem com os princípios da Ética. Evidenciamos que as disposições do discurso único, assim como as visões binárias (polarizadas) inviabilizam as possibilidades de diálogo. Dialeticamente, percebidos nas contradições, mas também nos processos de superação, a interlocução propiciada pelos autores, aponta para uma possibilidade de restauração do humano e da alteridade nesse tempo denominado pós-pandemia, fundada na perspectiva da emancipação, da liberdade e da autonomia, geradas da e na reflexão-ação-reflexão oriundas da experiência, assim como das práxis de percursos dos que atravessaram e sobreviveram ao deserto da pandemia.