AS FRONTEIRAS ONTOLÓGICAS DA COLONIAL-MODERNIDADE: UM DIÁLOGO ENTRE QUIJANO, SEGATO, GONZALEZ E CUSICANQUI

##plugins.themes.bootstrap3.article.main##

Victória Mello Fernandes
Leonardo da Rocha Bezerra de Souza

Resumo

Este estudo tem como objetivo apresentar um debate teórico acerca da (re)produção de fronteiras ontológicas através de um diálogo entre o pensamento de Aníbal Quijano, Rita Segato, Lélia Gonzalez e Silvia Cusicanqui. Realizamos uma revisão de literatura acerca do trabalho desses sociólogos, para elucidar um conceito de fronteira ontológica, a partir da amarração e das contribuições complementares entre si, dessas quatro linhas de pensamento social. De forma concomitante, nos debruçamos sobre a leitura de seus comentadores e de trabalhos que perpassam o escopo dessa pesquisa, através de busca em repositórios que aglutinam artigos de diferentes periódicos científicos, Scielo, Scholar Google e Sage Journals. Sustentamos o seguinte argumento: a colonial-modernidade é responsável pela consolidação de fronteiras ontológicas que são pilares da estruturação e sedimentação desse padrão global, as quais são centrais na formação e na persistência da colonialidade do poder. Nesse sentido, essas fronteiras passam a ser compreendidas como uma chave de leitura sociológica que sugere uma abordagem onto-hermenêutica, para pensar e analisar, desde uma geo-política do conhecimento ou economia política, o mundo social e o próprio pensamento decolonial.

##plugins.themes.bootstrap3.article.details##

Como Citar
FERNANDES, V. M.; SOUZA, L. da R. B. de. AS FRONTEIRAS ONTOLÓGICAS DA COLONIAL-MODERNIDADE: UM DIÁLOGO ENTRE QUIJANO, SEGATO, GONZALEZ E CUSICANQUI. Boletim de Conjuntura (BOCA), Boa Vista, v. 18, n. 53, p. 525–548, 2024. DOI: 10.5281/zenodo.12144423. Disponível em: https://revista.ioles.com.br/boca/index.php/revista/article/view/1675. Acesso em: 30 jun. 2024.
Seção
Ensaios

Referências

ALFARO RUBBO, D. I. “Aníbal Quijano em seu labirinto: metamorfoses teóricas e utopias políticas”. Sociologias, vol. 21, n. 52, 2019.

ANZALDÚA, G. Borderlands/La Frontera: The new Mestiza. San Francisco: Aunt Lute Books, 1999.

BARBOSA FILHO, F. R. “Não sendo os africanos libertos nascidos no Brasil...: a legislação antiafricana na Bahia do século XIX (1824-1835)”. Cadernos de Estudos Linguísticos, vol. 60, n. 1, 2018.

BHANDAR, B. Colonial Lives of Property: Law, Land, and Racial Regimes of Ownership. Durham: Duke University Press, 2018.

COLLINS, P. H.; BILGE, S. Intersectionality. London: Polity Press, 2021.

COULTHARD, G. Red Skin, White Masks: Rejecting the Colonial Politics of Recognition. Minneapolis: University of Minnesota Press, 2014.

CUSICANQUI, S. Ch’ixinakax Utxiwa: Una Reflexión sobre prácticas y Discursos descolonizadores. Buenos Aires: Tinta Limón, 2010.

DAVIS, A. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Editora Boitempo, 2016.

DIMENSTEIN, M. et al. “Gênero na perspectiva decolonial: revisão integrativa no cenário latino-americano”. Revista Estudos Feministas, vol. 28, n. 3, 2020.

DUSSEL, E. Ética da Libertação na Era da exclusão e da globalização. Petrópolis: Vozes, 2012.

ESCOBAR, A. Más allá del Tercer Mundo: Globalización y diferencia. Bogotá: Universidad del Cauca, 2005.

FERNANDES, F. O significado do protesto do negro. São Paulo: Editora Expressão Popular, 2016.

FERNANDES, V. M. A colonialidade na educação de jovens e adultos: caminhos marcados e traçados até a redemocratização brasileira. Campina Grande: Realize Editora, 2022.

FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1987.

FREITAS, G. L. T.; SANTOS, J. C.; JACINTO, P. M. S. “Inserção da Mulher Negra no mundo do trabalho: uma revisão de literatura”. Boletim de Conjuntura (BOCA), vol. 9, n. 26, 2022.

FÚNEZ-FLORES, J. “Decolonial and Ontological Challenges in Social and Anthropological Theory”. Theory, Culture and Society, vol. 39, n. 1, 2022.

GONZALEZ, L. “A categoria político-cultural da Amefricanidade”. In: RIOS, F.; LIMA, M. (orgs.). Por um feminismo afrolatinoamericano. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2020a.

GONZALEZ, L. “Nanny: pilar da amefricanidade”. In: RIOS, F.; LIMA, M. (orgs.). Por um feminismo afrolatinoamericano. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2020b.

GONZALEZ, L. “Por um feminismo afro-latino-americano”. In: RIOS, F.; LIMA, M. (orgs.). Por um feminismo afrolatinoamericano. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2020d.

GONZALEZ, L. “Racismo e sexismo na cultura brasileira”. In: RIOS, F.; LIMA, M. (orgs.). Por um feminismo afrolatinoamericano. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2020c.

GREEN, J.; LANGLAND, V; SCHWARCZ, L. “The Brazil Reader: History, Culture, Politics”. In: KIRK R.; STARN, O. The Latin America Readers. Durham: Duke University Press, 2019.

LOWE, L.; MANJAPRA, K. “Comparative Global Humanities After Man: Alternatives to the Coloniality of Knowledge”. Theory, Culture and Society, vol. 36, n. 5, 2020.

MALDONADO-TORRES, N. “Sobre la colonialidad del ser: contribuciones al desarrollo de un concepto”. In: CASTRO-GÓMEZ, S.; GROSFOGUEL, R. (orgs.). El giro Decolonial: Reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Pontificia Universidad Javeriana, 2007.

MARQUESE, R. “A dinâmica da escravidão no Brasil: resistência, tráfico negreiro e alforrias, séculos XVII a XIX”. Novos Estudos, n. 74, 2006.

MICHEL, O.; ACKERLY, B. “Feminism and Decolonizing Decoloniality: Decolonizing the Coloniality of Power in Aymara Cosmology”. Millennium, vol. 51. n. 1. 2022.

MOTEN, F. “A Resistência do Objeto: O Grito de Tia Hester”. Revista Eco-Pós, vol. 23, n. 1, 2020.

NOGUEIRA, I. B. A cor do inconsciente. São Paulo: Editora Perspectiva, 2021.

QUIJANO, A. Cuestiones y horizontes: de la dependencia histórico-estrutural a la colonialidad/descolonialidad del poder. Buenos Aires: CLACSO, 2014.

QUIJANO, A.; WALLERSTEIN, I. “La Americanidad como Concepto, o América en el Moderno Sistema Mundial”. Revista Internacional de Ciencias Sociales, vol. 44, n. 4, 1992.

RESTREPO, E.; ROJAS, A. Inflexión decolonial: fuentes, conceptos y cuestionamientos. Popayán: Jorge Salazar. 2010.

SANTOS SOUZA, N. Tornar-se negro. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2016.

SEGATO, R. Crítica da colonialidade em oito ensaios e uma antropologia por demanda. Rio de Janeiro: Editora Bazar do Tempo, 2021.

WALLERSTEIN, I. “Conflito de classes na economia-mundo capitalista”. In: BALIBAR, É.; WALLERSTEIN, I. (orgs.). Raça, Nação, Classe: as identidades ambíguas. São Paulo: Editora Boitempo, 2021.

WEST, C. Questão de raça. São Paulo: Editora Cia de Bolso, 2021.