POLÍTICAS LINGUÍSTICAS DE PROTEÇÃO DAS LÍNGUAS NO AMAZONAS, BRASIL

##plugins.themes.bootstrap3.article.main##

Andréia Oliveira Rabelo
Hellen Cristina Picanço Simas
Márcio de Oliveira

Resumo

O presente artigo tem como objetivo refletir sobre política linguística do estado do Amazonas e as políticas públicas educacionais, voltadas para a garantia da proteção das línguas indígenas no Amazonas a partir de uma discussão sobre as implicações e as perspectivas da Lei Estadual nº 6.303/2023, que dispõe sobre o reconhecimento das línguas indígenas faladas no Estado do Amazonas como patrimônio cultural imaterial, estabelece a cooficialização de dezesseis línguas indígenas e institui a Política Estadual de Proteção das Línguas Indígenas do Estado do Amazonas. Do ponto de vista metodológico, trata-se de uma pesquisa de revisão bibliográfica e uma pesquisa documental, com análise de dados qualitativa, de modo que as fontes de dados para este estudo incluíram literatura acadêmica, documentos governamentais e institucionais, que tratam diretamente das políticas linguísticas, educação escolar indígena e da Lei Estadual nº 6.303/2023. Observou-se, que ainda não existe uma plena garantia da proteção das Línguas indígena por meio de um planejamento linguístico para a educação escolar indígena, apesar da criação da Lei Estadual nº 6.303/2023 no Amazonas, que representa ainda o início de um avanço no que tange a políticas públicas. No entanto, conclui-se que, apesar de avanços na política linguística indígena com ações de proteção, a implementação prática dessas políticas enfrenta obstáculos que incluem a burocracia, a falta de recursos financeiros e a necessidade de maior envolvimento das comunidades indígenas.

##plugins.themes.bootstrap3.article.details##

Como Citar
RABELO, A. O. .; SIMAS, H. C. P. .; OLIVEIRA, M. de. POLÍTICAS LINGUÍSTICAS DE PROTEÇÃO DAS LÍNGUAS NO AMAZONAS, BRASIL. Boletim de Conjuntura (BOCA), Boa Vista, v. 20, n. 58, p. 61–83, 2024. DOI: 10.5281/zenodo.14061231. Disponível em: https://revista.ioles.com.br/boca/index.php/revista/article/view/5891. Acesso em: 7 dez. 2024.
Seção
Artigos

Referências

AMAZONAS. Decreto n. 6.303, de 19 de julho de 2023. Manaus: Assembleia Legislativa, 2023. Disponível em: . Acesso em: 27/10/2024.

AVELINO, W. F.; CORREA, A. C.; DEPS MIGUEL, K. C. “A Escola como espaço de aprendizagem: Implicações para as Políticas Educacionais”. Boletim de Conjuntura (BOCA), vol. 9, n. 25, 2022.

BANIWA, G. S. L. “Educação escolar indígena e interculturalidade: um debate a partir do movimento indígena no Brasil”. Revista Brasileira de Educação, vol. 16, n. 47, 2011.

BARKASKAS, P.; GLADWIN, D. “Pedagogical Talking Circles: Decolonizing Education through Relational Indigenous Frameworks”. Journal of Teaching and Learning, vol. 15, n. 1, 2021.

BERGAMASCHI, M. A. “Educação escolar indígena: um modo próprio de recriar a escola nas aldeias guarani”. Cadernos Cedes, vol. 27, n. 72, 2007.

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: Ministério da Educação, 2018. Disponível em: . Acesso em: 02/09/2024.

BRASIL. Constituição da República Federativo do Brasil. Brasília: Planalto, 1988. Disponível em: : Acesso em: 10/07/2024.

BRASIL. Lei n. 11.645, de 10 de março de 2008. Brasília: Planalto, 2008. Disponível em: : Acesso em: 10/07/2024.

BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Brasília: Planalto, 1996. Disponível em: : Acesso em: 10/07/2024.

BRASIL. Referencial Curricular Nacional para as Escolas Indígenas. Brasília: Ministério da Educação, 1998. Disponível em Acesso em: 10/07/2024.

BROSTOLIN, M. R. “Da política linguística à língua indígena na escola”. Tellus, vol. 3, n. 4, 2003.

CALVET, L. J. Pour une écologie des langues du monde. Paris: Plon, 2002.

CNE - Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CEB n. 4, de 13 de julho de 2010. Brasília: Conselho Nacional de Educação, 2010. Disponível em: . Acesso em: 02/09/2024.

CUNHA, R. B. “Políticas de línguas e educação escolar indígena no Brasil”. Educar em Revista, vol. 32, n. 32, 2009.

DURAZZO, L.; COSTA, F. V. F. “Línguas indígenas no Nordeste brasileiro: esboço político-linguístico de seus processos de valorização”. Revista del CESLA - International Latin American Studies Review, vol. 30, 2022.

FISHMAN, J. A. Language and Nationalism: Two Integrative Essays. Rowley: Newbury House, 1972.

FISHMAN, J. A. Reversing Language Shift: Theoretical and Empirical Foundations of Assistance to Threatened Languages. London: Multilingual Matters, 1991.

FITZSIMMONS-DOOLAN, S. “Language policy in the public sphere: a social and interdisciplinary perspective”. In: MAY, S.; HORNBERGER, N. (eds.). Language policy and political issues in education. London: Springer, 2019.

FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa. Petrópolis: Editora Paz e Terra, 1996.

HAMEL, R. E. “Políticas de linguagem na América Latina”. In: HAMEL, R. Linguística Aplicada na América Latina. Campinas: Editora Pontes, 1993.

HORNBERGER, N. H. Continua of Biliteracy: An Ecological Framework for Educational Policy, Research, and Practice in Multilingual Settings. London: Multilingual Matters, 2008.

HORNBERGER, N. H. “Frameworks and Models in Language Policy and Planning”. In: RICENTO, T. (ed.). An Introduction to Language Policy: Theory and Method. Oxford: Blackwell, 2006.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico de 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2010. Disponível em: . Acesso em: 10/07/2024.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico de 2022. Rio de Janeiro: IBGE, 2022. Disponível em: . Acesso em: 10/07/2024.

JIMÉNEZ-NARANJO, Y.; MENDOZA-ZUANY, R. G. “Indigenous Education in Mexico: an Evaluation of Comprehensive, Qualitative and Participative Public Policy”. LiminaR, vol. 14, n. 1, 2016.

KRENAK, A. “Retomar a História, Atualizar a Memória, Continuar a Luta”. In: DORRICO, J. et al. (orgs.). Literatura Indígena Brasileira Contemporânea: criação, critica e recepção. Porto Alegre: Editora Fi, 2018.

LIBERATO, R. S. B. Comunicação, saberes e sabores: estratégias de sobrevivência e práticas de bem viver na aldeia Cinta Vermelha-Jundiba (Tese de Doutorado em Educação). São Cristovão: UFS, 2018.

LIMA, A. S. L.; MARTINS, S. A. “A situação das línguas indígenas no município de Manaus”. Tellus, vol. 18, n. 35, 2018.

LINHARES, A. C. L. et al. “Cotas na educação para quem? A política de ação afirmativa de reserva de vagas numa Universidade Federal no sul do Brasil”. Boletim de Conjuntura (BOCA), vol. 14, n. 41, 2023.

LUCIANO, G. S. “Língua, educação e interculturalidade na perspectiva indígena”. Revista Educação Pública, vol. 26, n. 62, 2017.

LUCIANO, G.S. O índio brasileiro: o que você precisa saber sobre os povos indígenas no Brasil de hoje. Brasília: SECADI, 2006.

MCCARTY, T.; ERICKSON, F. “Anthropology and Education”. Oxford University [2023]. Disponível em: . Acesso em: 31/09/2024.

MEUNIER, O. “Inter/transculturalidade na Amazônia: educação bilíngue intercultural entre os baniwa-coripaco”. Revista Amazônida, vol. 6, n. 1, 2021.

MUNHÓS, L. V. A.; URQUIZA, A. H. A. “Direitos culturais fundamentais dos povos indígenas: Do multiculturalismo à interculturalidade”. Revista Direitos Culturais, vol. 16, n. 40, 2021.

NEE-BENHAM, M. K. P. Indigenous educational models for contemporary practice: In our mother’s voice. London: Routledge, 2008.

ONU - Organização das Nações Unidas. “State of the world's indigenous peoples. Education”. ONU [2024]. Disponível em: . Acesso em: 31/07/2024.

PAULA, E. D.; TAPIRAPÉ, J. X. “Revitalização de línguas indígenas no Brasil: o caso dos Apyãwa”. Revista Linguística, vol. 13, n. 1, 2017.

PEREIRA, A. S. M. et al. “Educação Indígena: o que se tem pesquisado?” Debates em Educação, vol. 16, n. 38, 2024.

PEREIRA, L. B. et al. “A educação como prática de cultura na Amazônia”. Research, Society and Development, vol. 10, n. 3, 2021.

RODRIGUES, A. D. “Biodiversidade e diversidade etnolinguística na Amazônia”. Ecolinguística: Revista Brasileira de Ecologia e Linguagem, vol. 1, n. 1, 2015.

RODRIGUES, G. C. L. “Quando a escola é uma flexa: Educação Escolar Indígena e Territorialização na Amazônia”. Revista Exitus, vol. 8, n. 3, 2018.

ROUSSEAU, S.; DARGENT, E. “The construction of indigenous language rights in Peru: a language regime approach”. Journal of Politics in Latin America, vol. 11, 2019.

SANTOS, J. N. Políticas Linguísticas e Docência Indígena no estado do Amazonas (Tese de Doutorado em Letras). Belém: UFPA, 2021.

SIMAS, H. C. P. “As línguas indígenas do Brasil uma proposta de planejamento linguístico”. Grial, vol. 2, 2023.

SIMAS, H. C. P. et al. “O Ensino da Língua Nheengatu em Aldeias Urbanas de Manaus”. Revista de Políticas Públicas, vol. 25, n. 1, 2021.

SPOLSKY, B. Language Policy. Cambridge: Cambridge University Press, 2004.

STROBL, T. J.; ARRUDA, D. O. “As políticas de ação afirmativa e a presença de pessoas negras no mercado formal de trabalho da região metropolitana do Rio de Janeiro”. Boletim de Conjuntura (BOCA), vol. 15, n. 44, 2023.

UNESCO. Education in a Multilingual World. New York: UNESCO, 2003.

VIEIRA, A. R. L. Política dos territórios etnoeducacionais no Amazonas: perspectiva para efetivação da Educação Escolar Indígena (Tese de Doutorado em Educação). Manaus: UFAM, 2023.

WOLKMER, A. C. et al. Pluralismo jurídico: os novos caminhos da contemporaneidade. São Paulo: Editora Saraiva, 2013.

ZANIN, N. Z.; SILVA, I. M. M.; CRISTOFOLI, M. S. “Espaços Escolares Indígenas no Brasil: políticas, ações e atores envolvidos”. Educação e Realidade, vol. 43, n. 1, 2018.

ZHANG, C.; ZHAO, R.; HUANG, Y. “The framework and features of language policies in global constitutional texts”. Frontiers in Psychology, vol. 13, 2023.

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)