MODELO DE GESTÃO NA EFICIÊNCIA DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE ADMINISTRAÇÃO DIRETA E ORGANIZAÇÕES SOCIAIS NO SUDESTE DO BRASIL

##plugins.themes.bootstrap3.article.main##

Elyrouse Cavalcante de Oliveira Bellini
Maurício Assuero Lima de Freitas
Vanessa Costa e Silva
Raquel Moura Lins Acioli
Islândia Maria Carvalho de Sousa

Resumo

A crescente demanda por serviços públicos de saúde requer a implementação de práticas de gestão eficientes para garantir a qualidade e a sustentabilidade do sistema. Desde a década de 2000 governos têm adotado a contratualização com o terceiro setor para a prestação de serviços de saúde com o argumento de que haveria ganhos de eficiência. Este estudo teve como objetivo analisar e comparar a eficiência da atenção primária à saúde prestada diretamente pela administração pública e por organizações sociais de saúde (OSS), entidades privadas do terceiro setor, em municípios do sudeste do Brasil. Para tanto, foi utilizado um modelo de Análise Envoltória de Dados (DEA) BCC de dois estágios, orientado a resultados, juntamente com procedimentos estatísticos como jackstraw e boxplots para identificar outliers e um modelo de regressão Tobit. As análises revelaram que a cobertura da atenção primária e o desenvolvimento municipal em educação e saúde estão positivamente associados à eficiência, em todas os municípios analisados e que as despesas totais com pessoal em relação ao orçamento total da saúde e as despesas com saúde per capita também foram fatores significativos que afetaram a eficiência, nas cidades com mais de cem mil habitantes Os resultados indicaram que as pontuações médias de eficiência foram baixas para ambos os modelos de gestão e nos municípios de pequeno porte a administração direta obteve melhores resultados, ao contrário do discurso oficial de que a delegação da prestação de serviços por OSS seria mais eficiente. Em síntese, e à luz do estudo realizado, podemos sugerir que o modelo de OSS ainda é frágil como alternativa organizacional, no âmbito da APS do SUS, pois não há evidências robustas de ganho de eficiência ou efetividade que justifiquem a transferência de recursos públicos para o setor privado na execução desta política.

##plugins.themes.bootstrap3.article.details##

Como Citar
BELLINI, E. C. de O.; FREITAS, M. A. L. de; SILVA, V. C. e .; ACIOLI, R. M. L. . .; SOUSA, I. M. C. de . MODELO DE GESTÃO NA EFICIÊNCIA DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE ADMINISTRAÇÃO DIRETA E ORGANIZAÇÕES SOCIAIS NO SUDESTE DO BRASIL. Boletim de Conjuntura (BOCA), Boa Vista, v. 19, n. 56, p. 348–377, 2024. DOI: 10.5281/zenodo.13845945. Disponível em: https://revista.ioles.com.br/boca/index.php/revista/article/view/5512. Acesso em: 21 maio. 2025.
Seção
Artigos

Referências

ALHASSAN, R. K. et al. “Efficiency of private and public primary health facilities accredited by the National Health Insurance Authority in Ghana”. Cost Effectiveness and Resource Allocation, vol. 13, n. 1, 2015.

BANKER, R. D.; CHARNES, A.; COOPER, W. W. “Some models for estimating technical and scale inefficiencies in data envelopment analysis”. Management science, vol. 30, n. 9, 1984.

BASU, S. et al. “Comparative performance of private and public healthcare systems in low-and middle-income countries: a systematic review”. PLoS med, vol. 9, n. 6, 2012.

BLAAKMAN, A. P.; SALEHI, A. S.; BOITARD, R. “A cost and technical efficiency analysis of two alternative models for implementing the basic package of health services in Afghanistan”. Global Public Health, vol. 9, 2014.

BOUCKAERT, G. “O estado neoweberiano: Do modelo de tipo ideal à realidade?” Max Weber Studies, vol. 23, n. 1, 2023.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Planalto, 1988. Disponível em:. Acesso em: 08/08/2023.

BRASIL. Lei 9.637, de 15 de maio de 1998. Brasília: Planalto, 1998. Disponível em: . Acesso em: 22/08/2024.

BRASIL. Lei Complementar n. 101, de 04 de maio de 2000. Brasília: Planalto, 2000. Disponível em: . Acesso em: 22/08/2024.

BRASIL. Lei Complementar n. 141, de 13 de janeiro de 2012. Brasília: Planalto, 2012. Disponível em: . Acesso em: 22/08/2024.

BRASIL. Plano diretor da reforma do aparelho do Estado. Brasília: Planalto, 1995. Disponível em: . Acesso em: 22/08/2024.

BRASIL. Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2017. Disponível em: . Acesso em: 22/08/2024.

CAPELETTI, N. M. et al. “Performance assessment of primary health care services using data envelopment analysis and the quality-adjusted malmquist index”. Journal of the Operational Research Society, vol. 75, n. 2, 2024.

CHARNES, A.; COOPER, W. W.; RHODES, E. “Measuring the efficiency of decision making units”. European Journal of Operational Research, vol. 2, n. 6, 1978.

COELLI, T. A Data Envelopment Analysis (Computer) Program. Washington: University of New England, 1996.

COELLI, T. J. et al. An introduction to efficiency and productivity analysis. Washington: Springer Science, 2005.

DEBREU, G. “The coefficient of resource utilization”. Econometrica: Journal of the Econometric Society, vol. 19, 1951.

DEIDDA, M. et al. “Using data envelopment analysis to analyse the efficiency of primary care units”. Journal of Medical Systems, vol. 38, n. 10, 2014.

DI PIETRO, M. S. Z. Parcerias na administração pública: concessão, permissão, franquia, terceirização, parceria público-privada. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2022.

DIAS, R. H. Eficiência da atenção primária à saúde nos municípios brasileiros (Dissertação de Mestrado em Economia). Brasília: UnB, 2010.

FARRELL, M. J. “The measurement of productive efficiency”. Journal of the Royal Statistical Society: Series A, vol. 120, n. 3, 1957.

FIRJAN - Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro. Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal. Rio de Janeiro: Firjan, 2021. Disponível em: . Acesso em: 15/01/2024.

GONZÁLEZ-DE-JULIÁN, S.; VIVAS-CONSUELO, D.; BARRACHINA-MARTÍNEZ, I. “Modelling efficiency in primary healthcare using the DEA methodology: an empirical analysis in a healthcare district”. BMC Health Services Research, vol. 24, n. 1, 2024.

HALDANE, V. et al. “Resiliência dos sistemas de saúde na gestão da pandemia da COVID-19: lições de 28 países”. Nature Medicine, vol. 27, n. 6, 2021.

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. “Estimativas de População”. IBGE [2021]. Disponível em: . Acesso em: 21/06/2024.

JACOBS, R.; SMITH, P. C.; STREET, A. Measuring efficiency in health care: analytic techniques and health policy. Cambridge: Cambridge University Press, 2006.

KOOPMANS, T. C. “An analysis of production as an efficient combination of activities”. In: KOOPMANS, T. C. (ed.). Activity analysis of production and allocation. New York: Wiley, 1951.

LINS, B. W. Organizações sociais e contratos de gestão. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2022.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. DATASUS: Departamento de Informática do SUS. Brasília: Ministério da Saúde, 2023. Disponível em: . Acesso em: 15/01/2024.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. E-GESTOR AB: Sistema de Informação e Gestão da Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2023. Disponível em: . Acesso em: 15/01/2024.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Sistema de Informação de Saúde da Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2021. Disponível em: . Acesso em: 15/01/2024.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Sistema de Informação Sobre Orçamentos Públicos em Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2021. Disponível em: . Acesso em: 15/01/2024.

MORAN, V.; SUHRCKE, M.; NOLTE, E. “Exploring the association between primary care efficiency and health system characteristics across European countries: a two-stage data envelopment analysis”. BMC Health Services Research, vol. 23, n. 1, 2023.

PELONE, F. et al. “Primary care efficiency measurement using data envelopment analysis: a systematic review”. Journal of Medical Systems, vol. 39, n. 1, 2015.

POLLITT, C.; BOUCKAERT, G. Reforma da gestão pública: Uma análise comparativa - na era da austeridade. Oxford: Oxford University Press, 2017.

RAMOS, A. L. P.; SETA, M. H. “Atenção primária à saúde e Organizações Sociais nas capitais da Região Sudeste do Brasil: 2009 e 2014”. Cadernos de Saúde Pública, vol. 35, 2019.

RODRIGUES, A. D. C. et al. “Eficiência do gasto público em atenção primária em saúde nos municípios do Rio de Janeiro, Brasil: escores robustos e seus determinantes”. Ciência e Saúde Coletiva, vol. 26, 2021.

SILVA, C. R. D. et al. “Fatores associados à eficiência na Atenção Básica em saúde, nos municípios brasileiros”. Saúde em Debate, vol. 42, 2018.

SU, W. et al. “Evaluating the efficiency of primary health care institutions in China: an improved three-stage data envelopment analysis approach”. BMC Health Services Research, vol. 23, n. 1, 2023.

TURINO, F. et al. “Seguindo o dinheiro: análise dos repasses financeiros do Município do Rio de Janeiro. Brasil, para as organizações sociais de saúde”. Cadernos de Saúde Pública, vol. 38, n. 2, 2022.

VARELA, P. S. Financiamento e controladoria dos municípios paulistas no setor saúde: uma avaliação de eficiência (Tese de Doutorado em Ciências Contabéis). São Paulo: USP, 2008.

VARELA, P. S.; MARTINS, G. D. A.; FÁVERO, L. P. L. “Desempenho dos municípios paulistas: uma avaliação de eficiência da atenção básica à saúde”. Revista de Administração, vol. 47, 2012.

XAVIER, P. B. et al. “Trabalho na Atenção Básica durante a pandemia da COVID-19: percepções dos profissionais de saúde acerca da atuação da gestão municipal”. Boletim de Conjuntura (BOCA), vol. 15, n. 45, 2023.

ZENG, Z. et al. “Efficiency evaluation and promoter identification of primary health care system in China: an enhanced DEA-Tobit approach”. BMC Health Services Research, vol. 24, n. 1, 2024.

ZHOU, J. et al. “Analyzing the efficiency of Chinese primary healthcare institutions using the Malmquist-DEA approach: Evidence from urban and rural areas”. Frontiers in Public Health, vol. 11, 2023.